Capítulo 29: O reencontro

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- N-Nicolas...

Os olhos da garota acompanhavam o ônibus atravessar a sua. Ela ficou de pé e começou a correr em sua direção, ignorando o vento que erguia sua saia. Não conseguia desviar a atenção da cabeleira negra do outro lado da janela, o jovem parecia apreciar a paisagem enquanto colocava a mochila em seu colo.

A denker corria o mais rápido que podia, porém caiu de joelhos. A poeira subiu e cobriu seu corpo, a visão ficou turva e viu o ônibus escolar sair de seu campo de vista. Levantou-se com dificuldade, apoiando a mão sobre o peito com um semblante esperançoso. Será que esse era o Nicolas de anos atrás? Impossível mas podia ser sua reencarnação. Ela estava confusa, voltando a se sentar no banco e colocando a cabeça entre as pernas.

O que eu faço?

Então, correu de volta para a mansão e invadiu a sala de estar onde todos estavam. Megumi bebia um pouco de chá enquanto conversava com Lucio Jackson, o dono daquele lugar. Ririchiyo estava encostada na parede, observando a paisagem e Houka comia alguns biscoitos que estavam em um bote de vidro.

- Eu vi o Nicolas! – Emily exclama ao entrar no local.

- Viu quem? – A rosada franze o cenho confusa.

- Nicolas Bryer. Ele é o garoto que prometi me casar séculos atrás.

- Isso é impossível, Emily. – Comenta Megumi balançando a cabeça em sinal de negação.

- Mas eu o vi...

- Bryer? – Lucio dizia erguendo a sobrancelha. – A família Bryer morra perto daqui, o filho deles vem com frequência nos ajudar com nosso jardim. Eles tiveram um passado triste, começaram pobres mas conseguiram uma doação da família Boorman.

- A família Boorman doou dinheiro para eles? – Emily arregala os olhos surpreso. – Por que?

- O antepassado da família foi acusado injustamente de assassinato. – Lucio tomava um longo gole do chá, cruzando as pernas logo em seguida. – E o coitado não lembra de ter matado ninguém, disse que nem conhecia a garota. Deve ser por isso que algumas pessoas viam o espírito dela perto dele.

- Hã? Espírito? – Megumi engasga com o chá e a bruxa dá leves tapas nas suas costas. – Ele era assombrado por um fantasma?

- Se era, eu não sei. – O homem dava nos ombros. – Sei que o chefe da família Boorman, em seus poucos momentos de lucidez, doou toda a fortuna para o antepassado dos Bryer. Até hoje eles vivem uma boa vida por causa disso.

- Meu pai doou dinheiro para o Nicolas... Eu não entendo... – Emily murmurava para si mesma, sentando no sofá de cabeça baixa. – Ele também ficou louco? Que confuso...

- Se quiser, posso mostrar os pertences pessoais da família Boorman. – Lucio ficava de pé. – Minha esposa decidiu guardá-los, caso alguém da família viesse buscar.

- Eu adoraria.

Emily desceu as escadas em direção ao porão enquanto o homem segurava uma vela, guiando-as até o local. Houka segurava firme o braço de Megumi, tremendo de medo e olhando ao redor desconfiada. Ririchiyo seguiu em silêncio.

Ao chegar no porão, a denker correu em direção ao quadro da mãe. Passou a ponta fina de seus dedos pela tela, descendo por cada detalhe e sentindo a nostalgia apertar seu peito. Daria tudo naquele momento para chorar mas não derramava nenhuma lágrima por estar morta. Depois, desviou a atenção para o quadro onde sua família estava completa: Benedito em pé, usando um terno marrom e apoiando a mão no ombro de sua esposa que estava sentada. O longo vestido prata dela foi pintado detalhadamente. A mulher segurava uma criança no colo, uma garotinha de belos olhos verdes como uma esmeralda. Ela sorria com as bochechas rosadas.

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