Capítulo 6: Bruxas

90 24 133
                                    


Flash Back On

Kyoto, Japão. Século XXI. A cidade, uma das maiores do país, estava movimentada às seis da manhã. As pessoas andavam apressadas pela rua e mal tinham tempo de falar umas com as outras. Uma menininha de cinco anos, longos cabelos rosas e olhos azuis. Ela corria de um lado para outro muito inquieta, havia tantas pessoas e esse contato a agradava.

- Acalme-se, Houka. – Uma voz mais madura ecoava pela rua. Logo, aproximava-se uma garota de dez anos, cabelo azul-esverdeado preso nas laterais e olhos azuis. Seus passos eram lentos, demonstrando a maturidade e a calma que tinha.

- Mas, irmã... – A rosada fazia biquinho querendo contradizer a mais velha.

- Shiu! Se você se perder, a mamãe vai ficar furiosa comigo. – Diz séria ajeitando a cesta em seu braço.

- Humpf, chata... – Cruzava os braços sobre o peito. A maior apenas revirava os olhos segurando uma risada, acha a irmã muito fofa e teimosa ao mesmo tempo.

As duas foram a uma loja de ervas, onde a azulada comprou uma variedade delas. Ela tinha um grande conhecimento nessa área e sabia quais as melhores escolhas. Seu nome é Kaori Kikuchi e a sua irmã, Houka Kikuchi, era parte da sua pequena família.

Houka continuava inquieta, mesmo no caminho de volta para casa. Kaori ignorou as reclamações dela por sorvete enquanto saíam da cidade. Elas moravam em uma casa simples numa colina longe dali. A sua mãe, Maeka Kikuchi, não gostava do contato excessivo com a sociedade pois acreditava que isso atrapalha em seus ensinamentos.

Quando chegaram em casa, uma mulher de longos cabelos rosas e olhos azuis as esperavam na porta. Ela abriu um sorriso gentil ao ver as filhas voltando. Maeka sempre foi doce e amável com todos, podia ser considerada a mulher mais gentil do mundo.

- Conseguiram as ervas? – Ela questiona um pouco apreensiva.

- Sim, mãe. – Kaori responde sorrindo. – E elas estão frescas, isso significa que será mais eficiente.

- Claro.

- Mamãe... – A rosada ia até a mulher e abraçava a sua cintura. – Eu queria sorvete.

- Amanhã iremos à cidade juntas e você pode comprar quantos sorvetes aguentar comer. – Diz fazendo cafuné em Houka.

A pequena abria um largo sorriso animada, esquecendo da raiva passageira que tinha com a irmã. Abraçou Kaori, logo em seguida, e ficou falando o quanto gostava dela. A azulada riu alto e retribuiu o abraço. As duas irmãs se amavam demais.

O interior da casa delas tinha o estilo bem rústico, símbolos diferentes na parede e alguns enfeites macabros pendurados no teto. As três desceram até o porão onde havia um enorme pentagrama no chão, um caldeirão e uma estante cheia de potes estranhos.

Houka admirava tudo com um brilho no olhar, caminhando pelo porão em passos lentos. Sempre adorou esse lugar e a paz que ele trazia. A sua irmã deu um peteleco na testa da menor.

- Ai!

- Fique atenta, a mamãe deixou você acompanhar o preparo das poções. Não bagunce nada.

- T-Tudo bem...

Maeka pegou as ervas que as filhas trouxeram e colocou algumas dentro do caldeirão. Ela explicava como funcionava o preparo das poções, as duas menores apenas ouviam com atenção. Kaori anotava tudo em uma pequena folha de papel, mal piscava os olhos e concentrava-se ao máximo para entender tudo que ouvia. Já Houka, olhava mais para as prateleiras do que para sua mãe. A rosada pegou um pote contendo olhos e chamou atenção da mãe.

- O que é isso, mamãe? – Pergunta curiosa.

- São olhos de gavião. – Maeka responde se aproximando e pegando o pote. – Podemos fazer uma ótima poção que serve como cura para a cegueira. Só precisa misturar com aquelas ervas e fazer o ritual. – Apontava para a parte da estante contendo as ervas.

- Como fazemos esse ritual?

- Pois bem... Somos bruxas, certo?

- Uhum...

- As bruxas absorvem energia do ambiente ou outras fontes e a liberam em forma de feitiço. Muitas bruxas, como eu, absorvem a energia da natureza e a usam para criar poções baseadas nos elementos que encontram no meio ambiente.

- Woah! – Exclama Houka surpresa.

- Porém, nem toda energia precisa ser convertida em poções. A sua irmã libera a energia em forma de feitiço arcaicos, usando varinhas ou outros objetos mágicos.

- É um pouco complicado de explicar. Você vai entender quando descobrir qual a melhor forma de liberar seu poder. – Kaori responde sorrindo para a irmã.

- Então, só preciso absorver qualquer tipo de energia? – Questiona a menor.

- Não, existe energias obscuras que nunca devem ser utilizadas. – Maeka diz com um semblante sério. – Nós a chamamos de magia negra. Bruxas que usam magia negra estão destinas ao eterno sofrimento.

- Como assim?

- Elas vendem as suas almas à Satã e usam a energia dele para executar feitiços de alto grau. É muito perigoso pois consome aos poucos a bruxa. – Kaori fala suspirando baixo. – É degradante ver o estado delas depois de anos usando magia negra.

- Por isso, tome cuidado com o tipo de energia que usa.

- Tá bem, mamãe. Eu nunca irei usar magia negra. – Houka diz abrindo um largo sorriso.

- Ótimo!

Maeka ensinou como fazer uma poção com as ervas, essa poção serviria como um calmante para qualquer situação. Usava em grandes quantidades tinha a função de sonífero. Ela ensinou para Kaori enquanto Houka observa a irmã repetir os passos da mãe, admirando a azulada por ser tão inteligente. A rosada ficava apoiada na mesa na ponta dos pés, Kaori a fitava de canto e fazia cafuné em sua cabeça. A menor fechava os olhos com um sorriso bobo, apreciando o cafuné.

(...)

- Ei, irmã... – Houka murmura saindo da sua cama e indo até a cama da maior, cutucando-a com a ponta do seu dedo indicador. – Posso dormir com você?

- Hum... – Kaori resmunga olhando a irmã por cima dos ombros. – Pode...

Houka sorri alegre e se encolhe na cama junto com a irmã, fechando os olhos lentamente. Ela abraçava bem forte a azulada, esfregando o seu rosto nas costas dela.

- Será que um dia eu vou me tornar uma bruxa forte...?

- Vai sim, eu acredito em você. – Kaori responde caindo no sono aos poucos.

- Obrigada, irmã...

E logo em seguida, também caía no sono. Os longos cabelos rosados espalhados pela cama enquanto a pequena dormia com uma expressão serena no rosto. Ela sonhava com várias cartas flutuando ao seu redor, essas cartas eram douradas e com símbolos que não soube identificar. Houka esticou a mão para pegar uma carta mas logo acordou.

Flash Back Off

Renegade Of HeavenOnde histórias criam vida. Descubra agora