A Nossa História (Romance Cristão)

Capítulo 27

Melanie Klein White; Narrando

Fechei a porta atrás de mim para poder deslizar até o chão com as costas colada na mesma. Assentada no chão frio do meu quarto lágrimas quentes voltaram a brotar no meu rosto... E mais uma vez eu chorei.

Chorei por Dave não ter crescido com a verdadeira família, chorei imaginando as inúmeras vezes que ele quis estar conosco, chorei por sua vida ter sido uma mentira e então chorei por mim, chorei por todos saberem menos eu, chorei por pensar que meus pais e irmãos esperavam o pior de mim, chorei me sentindo excluída, traída. Chorei por um erro que não era meu.

Ao olhar para todo o meu quarto podia ver o mural de fotos que a Katie me ajudará a confeccionar quando criança, não precisei ir até lá para me certificar de que não havia uma, sequer uma única foto do Dave comigo quando criança. Mas agora a ficha caia porque minha mãe tinha uma foto dele ainda bebê, tinha prêmios escolares dele e ela até colecionava os jornais da escola onde ele ganhará alguma competição ou se destacara de alguma forma. O que sempre me impressionara já que de mim da Katie e do Ben ela não tinha quase nada.

Já percebeu que quando estamos passando por um momento difícil, nós sempre nos arrependemos de algo e até mesmo de coisas não fizemos e nos culpamos mais ainda?

Pois era exatamente assim que eu estava e me sentia naquele momento e os “SES” me cercavam; SE eu tivesse esperado em Deus meus pais confiariam em mim?
SE eu tivesse sido mais próxima da mamãe ou da Katie elas me contariam?
Talvez SE eu tivesse sido mais gentil com o Dave ele se abrisse comigo... Se... Se... Esse “Ses”, nos destroem pouco a pouco.

Eu não sabia como definir o que eu estava sentindo... Era uma mistura confusa de várias emoções juntas. Mas se tinha algo que eu tinha plena certeza era de que aquilo quebrava meu coração em mil pedaços e quando eu imaginava que não podia ficar pior um “SE” surgia em minha mente trazendo uma nova onda de lágrimas e mais uma vez a sensação de ter o coração quebrado.

Reprimi um soluço que lutava para sair de mim, eu quis quebrar tudo ao meu redor, eu quis me debater, quis ter coragem para fazer minhas malas e sumir sem dar adeus. Mas a única coisa que eu fiz foi me arrastar até a minha cama e falar para mim mesma que não valia a pena perder o controle, que não valia a pena entristecer o Espírito Santo com atitudes que só me destruiriam mais.

Olhei para o teto o fitando e Fechei os olhos: “Céus, será que essa dor não irá diminuir? Porque comigo? Porque a minha família tem que ser tão inconsequente e louca? Não poderíamos sermos normais?” questionei inerte ao tempo então meu celular começou a vibrar o peguei e ao olhar a tela dei de cara com a foto e o nome de Will no visor, meu coração deu cambalhota e eu desejei o abraçar naquele momento.

— Alô. – Atendi antes que desistisse.

— Hey, Mel! – A voz de Will soou calorosamente animada o que me fez desejar mais ainda que ele estivesse alí comigo.— Paz e graça,  como você estar? – Ele continuou.

— Amém, Will. Eu estou... — Refleti tentando encontrar as palavras corretas. Soltei um suspiro pesado enquanto tentava reprimir a vontade de chorar.

— Mel, o que houve? – Will perguntou com a voz baixa.

— O tio Dave é meu irmão. – Falei de uma só vez com os olhos fechados e o telefone grudado ao ouvido direito.
Como era estranho falar isso em voz alta, como soava quase que inacreditável dizer que Dave era meu irmão.

— Oi? Mel... Eu não entendi. O Dave, o professor substituto o Thomas David? – Will questionou embaraçado, até ele se confundiu imagina quando eu dividir isso com a Mari, ou o Kevin ou a Emie.