Aquele dia não foi fácil, e não havia dúvidas que terminaria exatamente assim, complexo. Carlos não percebeu o nervosismo de Marina que disfarçou muito bem, jantou mesmo sem vontade para que Carlos não notasse o desespero que tinha dentro de si. Aquela madrugada foi longa, era 2h e Marina não conseguia sequer fechar os olhos, sua mente vagava naquele beijo, naquelas mãos que percorreram seu corpo, mas principalmente na traição. Tudo bem que Marina não beijou Rebeca, mas correspondeu. Correspondeu ao ponto de perder a noção do que fazia, ao ponto de esquecer Carlos e os votos que fizeram no dia em que se casaram.
Marina se levantou e fechou a porta do quarto para não acordar Carlos, pegou o notebook e ligou na mesa da cozinha. Pegou um pouco de vinho e tomou. Após a metade da garrafa estar vazia Marina descontrolou-se, abriu a porta do apartamento e saiu para área social do prédio evitando que Carlos acordasse e tivesse que dar satisfações.
E ali estava, no gramado molhado pela neblina da madrugada, ouvindo apenas sua respiração, com os olhos inchados de tanto chorar e uma dor cortante por não conseguir ser imune ao contato com Rebeca. Em um momento de desespero ligou para a única pessoa que poderia desabafar naquele momento.
Nicole acordou atordoada e se sentou na cama ligando o abajur, olhou a ligação de Marina e rapidamente atendeu.
— Mary?
— Nicky... desculpa ligar nesse horário mas é que...
Nicole percebeu que Marina chorava e sentiu uma grande angústia apertar seu peito e respirou devagar com a mão livre nos olhos como se estivesse imaginando o que aconteceu.
— O que aconteceu Marina?
— A Rebeca... droga, nos beijamos.
Nicole sentiu a respiração falhar e o coração bater tão rápido que parecia possível escapar do peito. Olhou para o relógio e continuou em silêncio.
— Desculpa te acordar, eu prometi que não esconderia, eu estou me sentindo péssima.
— Onde você está? Quer que eu vá até aí?
— Está tarde, é perigoso.
— Não me importo, você está muito alterada. Estou indo aí, não demoro.
— Nicky.
A ligação foi encerrada e Marina olhou fixamente para o celular em mãos, se sentia um lixo de pessoa por ter acordado Nicole tirando-a de sua casa em plena madrugada.
Marina correu para os braços de Nicky em um abraço apertado, chorou profundamente e sentaram-se na grama.
— Desculpa. — Disse Marina com a cabeça no ombro de Nicole que estava pensativa.
— Você precisa se acalmar, eu sei que o que aconteceu não é fácil de digerir, mas também não é o fim do mundo.
— Por favor, Nicky. Eu não quero mais vê-la.
— Bom, Rebeca não está mais falando comigo desde que eu acabei impondo minha presença nas reuniões.
— Sério?
— Sim.
— Nicole, eu não queria causar esse mal estar entre vocês. Você deveria me odiar, e não estar ao meu lado em plena 3h da madrugada.
— Eu não odeio, e você sabe bem o que sinto. — Nicky fez uma pausa e continuou. — Eu me preocupei ao sentir que precisava de mim, eu faria isso por qualquer amiga, e por você principalmente.
Nicole e Marina ficaram ali tempo suficiente para se acalmarem, até porque, Nicky também estava nervosa com toda a situação. Ambas estavam abraçadas curtindo a calmaria e o frio que começava a surgir.

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Luxúria
RomanceRebeca é uma mulher casada a 7 anos com Isabelly e apaixonada por sua esposa, além de ser dona de uma construtora conceituada e de uma fortuna razoável. Marina é uma engenheira bem sucedida em sua carreira e recém casada com Carlos. Mas será que o...