Presente de Natal

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Ho Ho Ho

Vocês devem estar pensando "O que sua maluca? O natal já passou". Mas vocês acharam mesmo que eu ia esquecer o presentinho de vocês. Papai noel venho de ônibus, e atrasar é mais do que perdoável, principalmente no Brasil...

Olha, eu não quero falar mais nada. Já demorei demais para dar o presente de vocês, então...

Vamos ler?



Limpo uma migalha de bolacha da minha boca. Ela acaba caindo no meu vestido vermelho de arrasar.

-Droga. – Não era rosa, mas faria de Mia uma mulher muito feliz. Almoçaríamos naquela véspera de natal. Pela janela, podia ver a neve caindo rigorosamente e minhas pernas tremiam apenas de me imaginar com os pés afundados na massa branca gelada.

O prédio não está muito cheio. Muitos estavam liberados no dia para passar com as suas famílias, assim como outros, que estavam liberados depois do almoço. Mas eu não estrava nessa equação.

Havia reuniões via internet com nossas extensões da Alemanha e Inglaterra. Meu alemão era péssimo, mas o que me deixava feliz era saber que teria alguém como tradutor durante a conferência.

Olho novamente para o relógio e internamente me culpo por isso. Sabia que assim que pisasse no hall, eu o veria.

Parecia algo sádico, ver o cara de joelhos limpando cada canto do espaço luminoso, enquanto outras pessoas passam pelos mesmos lugares que ele já havia estado a cinco minutos atrás. Isso não era uma vingança, dizia a mim mesma, mas quando repetia mentalmente, lembrava de Gia em sua cama, do meu sangramento no táxi. Do que poderíamos ter sido.

E é nesse instante que uma raiva que eu nunca imaginei que pudesse existir em mim, me inunda, e eu chego pisando duro no piso. Percebo seus olhares, e não posso mentir que sinto minha calcinha pesada e o ar carregado sempre que sinto sua presença. Não poderia mentir que minha pele não se arrepiava e que de vez em quanto, eu não o espiava pelas câmeras da entrada.

Ele vivia com um dos empregados, Derek. Havia visto ele uma vez. Estava direcionado ao meu andar, e normalmente ele trocava de lugar pelas semanas. Não, com Christian era diferente. Eu o queria no mesmo lugar, do mesmo jeito que um dia eu estive.

Ele abriu muitas portas para mim, me deu oportunidades, mas o estrago que ele fez na minha alma foi muito maior. Ele destruiu um sonho que eu nunca havia pensado em ter, e que quando soube que o mesmo existia, também recebi seu atestado de óbito.

Fecho os olhos por um instante. Minhas mãos pousam automaticamente pela barriga como se algo existisse ali, mas tudo que há, é um vazio. Desligo o computador, pego minha bolsa, e quando estou quase saindo, colocando o casado, fito novamente o lado branco de fora. Lembro-me do dia que achei que seria promovida. Eu prometi dar minha alma naquela empresa, ser tudo que meu chefe precisasse, mas ainda assim, eu não merecia aquele lugar.

Grey havia me contado o porque de tudo isso, mas como poderia acreditar? Quem demite alguém já acreditando na sua queda eminente?

-Christian Grey. – Digo tristemente para a sala vazia.

O toc toc do meu salto agulha parafusa o chão até o elevador que se fecha com apenas eu na cabine. Olho uma ultima vez para meu vestido. O casaco escuro esconde o vermelho berrante, e o cachecol abraça meu pescoço como um abraço singelo em suas cores preta e vermelha. Toco minha franja ajeitando-a, e grito em pensamento. Não é para ele.

Just one more nightOnde histórias criam vida. Descubra agora