Jogo da Verdade

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Quem disse que não ia ter capítulo na segunda feira errou!

Ah, como eu estava com saudade desse personagem no capítulo.

Não esqueçam de ler as considerações finais ;)



-Isso é uma piada. – Continuo a encarar a rua. Os carros parecem mais lentos no fim da tarde, e isso aumenta minha irritação. Será que a vida gostava de me atrasar?

Sinto seus olhos me fuzilando e solto uma pequena risada. Isso era tão irônico.

Jack é um dos meus maiores rivais na indústria, deu em cima da mulher que amo e agora teve uma filha com a minha ex. Foda-se, Anne ainda pertence a mim.

-Você não está brincando. – Ele volta a encarar a rua comigo e o silêncio é absoluto.

Acho que estava tão urgente desde que sai de seu escritório, que ele simplesmente me seguiu, surpreso por ter eu em sua sala pedindo ajuda. Um ego foi ferido hoje, mas que se dane ele. Eu faria tudo por ela.

Comecei a contar cada detalhe enquanto dirigia. Não tinha o prestígio de sentar e tomar um café enquanto falava sobre a paternidade da minha princesa. Eu não tinha muito tempo.

-Tudo que você precisa fazer, é doar seu sangue. Veremos se ele é compatível, e pelo o que imagino, logo em seg...

-Uma filha. – Ele sussurra e um medo se instala no fundo do meu estômago.

-Minha filha... – Digo a primeira palavra com ênfase. – Ela precisa do seu sangue. Nada mais.

Parece que consigo escutar sua mente. Sua cabeça dá voltas e pensamentos que eu não queria que chegassem, permanecem constantes.

Não pense nisso agora Grey.

Estaciono de qualquer jeito o carro e saio dele correndo. Ele me segue, um pouco assustado, porém parecendo mais calma. Dou meu nome na recepção e ganho a permissão de ir até a enfermeira responsável pelo exame.

-Ele fará o exame para os glóbulos branco.

Uma enfermeira loira e com muita maquiagem observa-nos de cima em baixo, e por um momento fico pensando se ela realmente é enfermeira.

-Venha comigo. – Ela sorri e pega Jack pelo braço, que para no meio do caminho e me olha.

-Quero ver a minha filha, e isso não é um pedido.

Minha língua trava. Sinto meu sistema nervoso central se encolher com a enxurrada de emoções que sinto ao escutar, ou vê-lo falando isso. Ele se vai pelo corredor, achando que ganhou uma batalha, uma aposta.

Mas a minha filha não é uma aposta. Ela é a minha vida, e com a minha vida, eu não brinco.

Quando consigo mexer minhas pernas, volto a ver Anne. Ela está brincando com algumas bonecas e carrinhos que meus pais haviam trazido. Ambos estão sentados no pequeno sofá creme, porém minha mãe está adormecida. Seus olhos estão inchados. Isso me lembra do passado.

Meu pai se levanta calmamente aproveitando que Anne não havia percebido a minha entrada e aponta para a porta. Sigo a direção que ele indicou, e quando a porta se fecha atrás dele, seus olhos demonstram aquilo que eu não pude perceber por anos.

Ele sabe.

-Ele está fazendo o exame? – Sua voz é terna, mas não sinto vontade de falar, então apenas balanço a cabeça enquanto encosto o ombro na lateral da porta. Por um momento, acho que ele não sabe quem é a pessoa em questão.

Just one more nightOnde histórias criam vida. Descubra agora