Chapther Twenty Two

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                                    Capitulo 22

- Eu sou uma completa idiota por achar que tudo ainda pode ser só uma brincadeira de mau gosto do meu organismo? – indaguei, olhando minhas mãos, repousadas em meu colo.

- Não é. – Zayn continuou depois de uma pausa. - Eu vou ser sincero com você: ter um filho aos 28 não é algo que eu queria. Assim, como você, aos 18, também não queria. Mas se é algo que nos foi imposto, só o que nos resta é fazer o melhor pra tudo acabar bem, certo? – ele desviou o olhar do trânsito e me lançou um olhar enriquecido com confiança.

Concordei com um aceno de cabeça e olhei pela janela, soltando um suspiro cansado.

Eu tinha ciência de que estava a meia-hora de saber a noticia que mudaria minha vida dali pra frente. Sim, eu já tinha pensado em várias atitudes como as "decisivas" antes, mas nada era certo como seria agora.

Também pensei nas possibilidades de tudo ir pelo ralo, de Zayn se mostrar um completo egocêntrico e me deixar na mão. Olhei pro lado e lá estava ele, mordendo o indicador da mão esquerda, cujo braço estava apoiado na porta. Sorri e voltei a olhar pela janela, ficando ligeiramente enjoada com a velocidade com a qual os carros, as ruas, as pessoas e as árvores passavam por mim.

Reparei que as melhores coisas na minha vida vieram de forma inusitada, como as meninas e Zayn. Assim como as piores também vieram.

Mas do que valeria minha vida se tudo fosse milimetricamente planejado, não é mesmo? Do que adiantaria levantar toda manhã sem a incerteza do amanhã e do agora? O que me motivaria a fazer as coisas se não fosse a tentativa de progredir porque queria tentar fazer um rumo para o meu futuro? Se eu soubesse que tudo daria certo, talvez achasse que as minhas ações não fossem surtir efeito e ficaria parada, vendo minha vida passar.

Seria bom saber o que aconteceria dali pra frente, mas, por mais louco que isso pareça, talvez fosse melhor desconhecer o futuro, pra não acabar adiando demais as coisas, e fazê-las desandar.

Sim, ainda estamos falando de um filho inesperado e indesejado, mas como Malik disse: o que nos resta é fazer o melhor pra tudo acabar bem.

Chegamos ao laboratório, indo ao balcão pegar o resultado. Olhei para o envelope. Lá estava o meu destino.

- Não quero abrir aqui. – falei em um fio de voz, sentindo meu coração começar a bater de forma acelerada.

- Como quiser... – Zayn murmurou, tomando o envelope das mãos da recepcionista e me guiando até o carro pela mão, que estava fria e trêmula.

Sentei no estofado de couro do banco do passageiro e vi Z fazer o mesmo no banco do motorista. Sentia nossas respirações aceleradas ora se contrastarem ora ficarem sincronizadas.

- Vamos para o meu apartamento? – ele me perguntou depois de alguns minutos em silêncio. Concordei com a cabeça.

Tentei fechar os olhos, mas estava difícil me concentrar em qualquer coisa que não fosse o envelope no colo de Z.

Avistei a garagem do prédio se aproximar e câmera lenta. Era impressionante como quando você está à espera de algo, leva-se 5 vezes mais tempo para acontecer.

Em um movimento ligeiro e incerto, estendi meu braço, peguei o envelope branco com letras vermelhas garrafais e o trouxe ao meu colo. Rasguei em um movimento rápido a lateral do envelope, parando subitamente meus movimentos.

- Você tem certeza? – ele me perguntou com uma voz serena enquanto tentava entrar numa vaga. Mordi meu lábio inferior e respirei fundo.

- Sim. – respondi de forma confiante. Abri o envelope, fazendo toda a minha confiança se esvair.
Apertei o papel na palma da minha mão, trazendo meus joelhos a altura dos meus olhos e abraçando minhas pernas, como uma criança desconsolada que se achava madura demais para chorar.

Não gritei, não berrei e nem urrei, como pretendia algumas horas atrás. Eu simplesmente fiquei encolhida até o carro parar num vaga e eu sentir um par de braços me envolver.

Movi minha cabeça lentamente até conseguir olhar em seus olhos, que me confortavam.

- Eu quero subir. – falei serenamente, deslizando para fora do carro.

Observei algumas gotas de chuva competirem na janela imensa da sala, enquanto preenchia o espaço entre o sofá e o corpo relaxado de Zayn. Estávamos calados desde que chegamos ao apartamento.

Na realidade, eu estava absorta em pensamentos, quase que em estado Alfa, o que deixava Z sem muitas opções que não fossem pensar ou ficar em silêncio.

O silêncio não era uma coisa assustadora pra mim, que não era muito fã de falar sobre coisas que não importassem, como a vida dos outros e etc. De fato, o silêncio me reconfortava porque ele não exclamava a realidade.

Mas também não me impedia de pensar na mesma.
Pensando bem, o que me reconfortava mesmo era a paz dos carinhos de Zayn; O jeito meigo com o qual ele alisava meus cabelos e respirava de forma serena até nas piores situações.

- Você quer que seja menino ou menina? – Malik indagou do nada. Parei com minhas teorias pessimistas e deixei um sorrisinho enviesado se formar em meus lábios. Levantei a cabeça, apoiando-a em minha mão. Senti parte do meu cabelo cair sobre meu rosto, como uma franja formada por acaso.

- Menina. Na verdade, qualquer um dos dois tá ótimo. – respondi. – E você? – notei que ele possuía um certo brilho no olhar.

- Menino. Aquele velho sonho de poder levar ao primeiro jogo de futebol, de ensinar a ganhar as garotinhas, e etc. – ri, sendo acompanhada por ele.

- Então terei dois garanhões em casa? – não contive o "em casa". Quer dizer, eu nem sabia se nós iríamos casar ou morar sob o mesmo teto.

- Dois homens suados entrando pela porta dos fundos com os tênis cheios de terra e grama, reclamando que estão com fome. Como numa propaganda de sabão em pó. – gargalhei, reproduzindo a cena em minha cabeça.

- Só não podemos deixar que ele esqueça dos estudos, porque jogador de futebol ou é milionário ou é um fracassado. - observei.

- Dinheiro não é tudo. Do que adianta ele trabalhar numa empresa, ganhando 10.000 por mês se não gosta do que faz? - Zayn rebateu, mudando o tom de voz ligeiramente.

- Garanto que se esse mesmo cara tivesse seguido o sonho de ser astronauta e não tivesse capacidade pra ter conseguido, ele estaria debaixo da ponte pedindo dinheiro. – arqueei as sobrancelhas, deixando para trás minha expressão maravilhada.

- Certo, a gente vê isso no futuro. – Z contornou a situação. – E se a gente se mudasse pra um lugar menos tumultuado o bebê crescer? Dizem que bebês criados em cidades pequenas são mais espertos e calmos. – torci os lábios em uma careta.

- A gente vê isso no futuro. – repeti a frase dele, soltando uma risadinha depois. – E se forem gêmeos? – pensei na possibilidade do desastre ser maior ainda. Ok, desastre não é palavra muito legal para se referir a um bebê, mas encarando os fatos...

- Nós podemos colocá-los numa aula de canto, e se eles forem bons a gente faz uma dupla. Eu produzo o disco, e ensino os dois a tocarem algum instrumento de base, como o violão. Então paramos de trabalhar, lucramos em cima deles e tudo fica bem. – Zayn acrescentou um sorriso ao fim da sentença, me fazendo rir mais uma vez.

- Acho que deve ser muito bom ser pais de famosos, porque você não lida com a fama diretamente, mas de uma forma ou de outra sempre acaba aparecendo em algum programa ou entrevista. E também não ganha o dinheiro diretamente, mas tá sempre ganhando agrados. – imaginei-me aos 40 num resort em Bora-Bora. – Deve ser bom...

- Ele, ela, eles ou elas serão artistas. Está decidido. – após um tempo pensando, Z afirmou de forma brincalhona, repousando a cabeça sobre as palmas das mãos. – A propósito, feliz 8 meses. – roubei-lhe um selinho, desmanchando nossos sorrisos por um momento. Voltei a aninhar-me em seu peito e respirei fundo, com um sorriso suavemente posto em meus lábios.
Tudo iria dar certo.
















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