Chapther twenty-eight

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                                   Capítulo 28

Um pássaro solitário voava em direção ao bando. Era apenas 5 da manhã e o céu, mais acinzentado do que nunca, era o meu entretenimento. Z acordaria em 2 horas para uma reunião importante e eu tinha perdido o sono no lugar dele. Na verdade, eu vinha perdendo o sono há um tempo, principalmente porque eu não conseguia achar uma posição pra dormir e vivia levantando para ir ao banheiro.

As luzes que restavam acesas piscavam ao fundo, fazendo com que meus olhos constantemente se perdessem nelas. Entediada, levantei da poltrona extremamente grande e confortável que Zayn tinha comprado para minhas dores nas costas. Ela era preta, reclinável e fazia uma ótima massagem. No dia que ele chegou em casa com ela, eu até brinquei e falei que estava o trocando pela poltrona.

Desliguei a TV, na qual só passavam propagandas de espremedores de fruta disfarçados de máquinas caras, e resolvi encher a banheira para passar o tempo.

Enchi a esponja com o sabonete líquido mais cheiroso que tinha, esfregando cada parte do meu corpo alcançável. Um aroma doce foi preenchendo o ambiente, deixando-o quente, cheiroso e confortável.
Encostei minha cabeça na almofadinha da banheira e deixei o tempo passar enquanto meus
pensamentos fluíam lentamente. Sentia meus dedos, pouco a pouco, adquirirem uma aparência enrugada, mas não me importei em sair da banheira.

Acordei com um barulho estridente ao fundo. Abri os olhos e contei até 10 para ver se Z não levantaria primeiro.
1.
2.
3.
4.
5. Porra, homem, levanta.
6.
7.
8.
9.
10.

Bufei e peguei a toalha, me levantando e saindo o mais rápido que minha barriga me permitia. Alcancei o telefone e o atendi:

- Alô? – falei um pouco áspera. Meu humor oscilava todos os dias entre o deprimida, o ansiosa, o alegre, o calma e o irritada.

- Srta. Leibovitch , estou ligando do consultório da Doutora Marshall para confirmar a consulta de nove e meia. – a voz anasalada da secretária demonstrou uma ligeira impaciência na voz dela. Não a culpo, eu ficaria puta se trabalhasse ligando pros outros pra perguntar se eles vão a algum lugar.

Olhei para o relógio e vi que ainda era 8 horas. Eu teria xingado-a até a morte se ela tivesse me acordado.

- Vou sim. – "só eu, sem o Sr. Malik, como de costume". Pensei em completar, mas ela não tinha culpa se meu namorado preferia trabalhar a ir comigo em UMA consulta.

- Ok. Bom dia. – pude imaginar seus olhos revirando em impaciência e me pus no lugar dela. Certamente, eu já estaria com um lugar no céu por ligar para os outros de manhã, sendo xingada eventualmente.

Pensei em acordá-lo com uma surpresinha, no sentido mais pervertido da palavra. Verdade seja dita, sexo na gravidez é igual a orgasmos múltiplos.

Nos primeiros 5 meses, claro, porque depois a barriga vai incomodar e você vai se sentir gorda.
Joguei minha toalha no chão da sala e fui até o quarto para encontrar uma cama parcialmente arrumada e nenhum Z. Fiz uma careta e voltei até a sala para pegar minha toalha.

Ele podia ter me acordado pra me tirar da banheira e me pôr na cama ou simplesmente ter deixado um bilhetinho na mesa de cabeceira. Mas não, ele tinha que descontar o estresse do trabalho na nossa relação.

Retornei ao banheiro para esvaziar a banheira e fazer a minha rotina de hidratação da pele antes de me arrumar.

A fila de espera estava imensa. A secretária podia ter me avisado do atraso, não? Imprestável. Olhei no meu celular as horas de novo e constatei que eu estava mais impaciente do que há quatro minutos, quando eu olhei e tinha tido um intervalo de 23 minutos desde a última olhada. Levantei para pegar um café e reparei que havia três mulheres sozinhas – excluindo a mim -, o resto estava com seus respectivos maridos.

Quando voltei para o meu lugar, uma mulher grávida entrou com uma criança de colo e se sentou ao meu lado. Abaixei o volume da minha música e fiquei escutando os barulhinhos que o bebê fazia ao meu lado. Sorri involuntariamente com isso e virei meu rosto para vê-lo. Seus imensos olhos azuis passaram a me fitar e eu tirei meus fones de ouvido para brincar com ele, que estendia suas mãozinhas para mexer no meu cabelo.

A mãe pediu para que eu o segurasse justamente quando fui chamada para entrar na sala. Pedi desculpas e entrei na sala da obstetra.

Fechei a porta de vidro da clínica, respirando fundo enquanto pensava para onde ir. Pensei em passar na casa das meninas, mas provavelmente elas estariam na faculdade. Então tive a idéia de ir para a casa da minha mãe.

"Bitch", da Meredith Brooks, ecoava nos meus ouvidos e eu cantarolava de acordo com a cantora. Meu celular começou a tocar e vi uma mensagem de Zayn:

"Como foi na consulta?"

"Não é como se você fosse poder fazer algo...Mas foi tudo bem." Respondi, mau-humorada.

"Que bom."

"Tá vendo... Você nem liga mais." Resmunguei. Logo

o telefone começou a tocar e eu atendi:

- Que é? - rispidamente, perguntei.

- Não quero brigar com você. – Malik falou serenamente do outro lado da linha.

- Por que não? Só porque eu tô grávida? Eu não sou deficiente não, Zayn. – esbravejei, ouvindo-o bufar do outro lado.

- Não quero brigar porque eu te amo demais pra ficar discutindo por telefone. – expirei, sorrindo suavemente. Escutei sua respiração bater no fone e causar um ruído.

– Você atrapalhou o melhor verso da música. – falei depois de um tempo.

- I'm a bitch, I'm a lover, I'm a child, I'm a mother? – Z tentou imitar a cantora e eu escutei algumas risadas ao fundo. Provavelmente algum colega de trabalho.

- Seus amigos vão pensar que você tá trocando de time. – ri, sem tempo de escutar a resposta dele porque a última coisa que eu pude escutar e sentir foi o gelado e molhado asfalto beijar meu corpo enquanto buzinas soavam ao fundo.

Insanity | zmOnde histórias criam vida. Descubra agora