Chapther thirty

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Voltar ao meu apartamento foi como ser transportada pras memórias mais doces do relacionamento que eu tinha. Por mais que os móveis tivessem sido mudados de lugar na casa inteira, meu quarto permanecia o mesmo. Os mesmos pertences – até aqueles que Zayn não tinha ido buscar sabe-se lá Deus por quê -, a mesma luz que entra pela janela toda vez que o sol começa a nascer. Igual nas aparências, mas as essências nunca mais seriam as mesmas.

Mesmo depois de uma semana, minha mãe, cuidadosa como sempre, me ajeitou na cama e ficou no pé da mesma por minutos a fio, sem entender que, na verdade, eu só queria ficar sozinha e chorar o que tinha que chorar. Não aguentava mais aquela agonia de ter de chorar escondida, de ter que negar qualquer sentimento pra não levar outro sermão no estilo "Deus foi maravilhoso com você, relacionamentos vêm e vão, blábláblá".

- Mãe, eu tô cansada. Você pode ir pra casa descansar também. Eu vou ficar bem. Qualquer coisa, o telefone tá aqui do lado. – sorri cordialmente, e ela concordou com a cabeça, repetindo que era pra eu ligar se sentisse qualquer coisa diferente.

Não demorou muito pra que eu visse Bella adentrar meu quarto e ocupar a posição de minha mãe.

- Você quer ficar sozinha, eu entendo. Só tô aqui pra te avisar que eu vou sair pra ir ao salão e depois ao mercado. Hoje eu vou cozinhar macarrão com queijo, nós vamos ver filmes românticos e chorar juntas, ok? – eu ri pela empolgação com a qual ela proferiu a frase e concordei com a cabeça.

Observei suas costas sumirem pela porta do meu quarto e aí levantei, puxando a cadeira da escrivaninha pra perto da janela. Sentei com um pé apoiado ao chão e a outra perna curvada perto do meu tronco. Apoiei meu queixo no meu joelho e respirei fundo. Como era bom observar a batalha de táxis e ônibus na rua, eventualmente escutando algumas buzinas...

Entretanto, no momento tudo o que eu podia escutar era as gotas de chuva caírem do céu em massa, batucando contra na janela de acordo com a direção vento, querendo entrar. Mas eu não estava para ninguém, nem pra mim mesma.

xx

Acordei de ressaca de tanto doce e tanta fofoca. Tanta coisa tinha acontecido com Bella nesse tempo, tantos relacionamentos. Pelo menos ela teve Emy pra fofocar. Por falar nela, tinha ido viajar com Liam pra Austrália, mas estaria de volta na semana seguinte.

Fui até a cozinha e ela estava uma zona. Voltei para a sala, onde eu e Bel dormimos, e constatei que ela não acordaria tão cedo, já que meu cutucão com o pé não a fez nem ressonar um "hã?".

Botei uma roupa, escovei os dentes e passei uma água no rosto, determinada a tomar um café decente na padaria aqui embaixo. O café de lá não era tão bom quanto o da Starbucks, mas serviria, já que a própria era longe pra quem tinha acabado de acordar. Escrevi um bilhetinho avisando aonde ia e peguei as chaves de casa, descendo para comer.

O outono estava me castigando com falsos dias ensolarados. Tinha esquecido como as brisas geladas me pegavam de surpresa. Por sorte, não precisei andar mais que 20 passos para entrar na padaria.

Fui até o balcão e pedi um café completo, indo me sentar à mesa ao lado da janela. Enquanto esperava pelo meu pedido, perdi meu olhar na rua. Tinha se tornado um hábito ficar observando as pessoas que passavam, os carros etc. Uma sequela do acidente, talvez.

Reconheci a pessoa que atravessava, apressada, a rua. Meu coração palpitou e minhas mãos tremeram. Era ele. A voz de Bella me acordou do transe, e quando voltei a olhar pela janela, Zayn já tinha ido. Era ele, eu tinha certeza.

- Você tá bem? – Bel tinha franzido a testa e parecia muito preocupada.

- E-eu o vi. – falei, ainda encarando a janela no mesmo ângulo que fazia quando o vi.

Insanity | zmOnde histórias criam vida. Descubra agora