Obrigada pelas 600 leituras, vocês são foda! Tenham uma boa leitura e aguentem os corações.
O refeitório da Sant Marie estava lotado, como de costume. Os assuntos recorrentes percorriam os grupos: o baile de outono se aproximando, campeonatos de seus respectivos esportes e novas coreografias para animar os jogos. Por milagre da natureza, nada parecia o pretexto para dar início ao caos.Romeu estava sentado ao meu lado, devorando alegremente o que trouxera em um pequeno potinho de isopor. Encarei por vários minutos, tentando decifrar a origem do cheiro.
Quando falhei pela décima vez em adivinhar, Romeu virou-se e apontou para o pote com o garfo. Ele explicou que se chamava arabetto e que era libanês, feito com carne um pouco mais salgada acompanhada de temperos específicos do Oriente Médio, esmagados e misturados, que resultavam em um sabor único.
– Agora me deixou curiosa. – confessei. – Onde você comprou?
– Na verdade eu fiz. – ele corrigiu, balançando o potinho.
– Agora estou duplamente curiosa.
Romeu sorriu e encheu o garfo com um pedaço de arabetto e entregou-me. Quando trouxe para perto dos lábios, o cheiro invadiu meu nariz e quis bancar a detetive de novo. O cheiro era familiar, mas fugia de minha memória sem pretensão de voltar.
Tomei coragem e acabei com a garfada em uma única vez.
Romeu me encarava com os olhos brilhando de expectativa.
Fiquei em silêncio enquanto mastigava, encarando o chão do refeitório lotado. O sabor se desmanchava aos poucos em minha boca, como se a cada segundo que se passasse, um novo tempero se desprendesse para se permitir ser saboreado, superando o anterior.
– Acho que nunca provei nada tão gostoso. – confessei.
– Porque ainda não me provou. – Romeu subiu e desceu os ombros.
Arqueei uma das sobrancelhas para Romeu. Ele me direcionou, como minúscula resposta, um sorriso malicioso que se formou apenas no canto dos lábios.
Devolvi o sorriso, igualmente pequeno e discreto. Despertei a curiosidade de Romeu, que inclinou o corpo para frente, tendo a testa franzida enquanto me analisava em silêncio.
Empurrei o corpo para frente. Acompanha pelos olhos de Romeu, que mostravam a atenção intensa de um gato arisco, segurei-o pelo casaco na intenção de traze-lo para mais perto. Para mim.
E lambi sua bochecha.
– Julieta! – Romeu grunhiu.
– Isso é para você lembrar – toquei a ponta de seu nariz com o indicador – que nunca, nunquinha, nem nos nossos sonhos mais loucos, vamos nos beijar.
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Até breve, Romeu
RomanceJulieta De Angelis é uma jovem escritora italiana que teve um ano difícil. Após vencer a adaptação à um novo país, atolou-se com o trabalho e reprovou no ano da formatura. Seu livro Até breve, Romeu rodou o mundo das plataformas online com tamanho...