XV - Mentir não é a solução

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Obrigada pelas 600 leituras, vocês são foda! Tenham uma boa leitura e aguentem os corações.

O refeitório da Sant Marie estava lotado, como de costume

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O refeitório da Sant Marie estava lotado, como de costume. Os assuntos recorrentes percorriam os grupos: o baile de outono se aproximando, campeonatos de seus respectivos esportes e novas coreografias para animar os jogos. Por milagre da natureza, nada parecia o pretexto para dar início ao caos.

Romeu estava sentado ao meu lado, devorando alegremente o que trouxera em um pequeno potinho de isopor. Encarei por vários minutos, tentando decifrar a origem do cheiro.

Quando falhei pela décima vez em adivinhar, Romeu virou-se e apontou para o pote com o garfo. Ele explicou que se chamava arabetto e que era libanês, feito com carne um pouco mais salgada acompanhada de temperos específicos do Oriente Médio, esmagados e misturados, que resultavam em um sabor único.

– Agora me deixou curiosa. – confessei. – Onde você comprou?

– Na verdade eu fiz. – ele corrigiu, balançando o potinho.

– Agora estou duplamente curiosa.

Romeu sorriu e encheu o garfo com um pedaço de arabetto e entregou-me. Quando trouxe para perto dos lábios, o cheiro invadiu meu nariz e quis bancar a detetive de novo. O cheiro era familiar, mas fugia de minha memória sem pretensão de voltar.

Tomei coragem e acabei com a garfada em uma única vez.

Romeu me encarava com os olhos brilhando de expectativa.

Fiquei em silêncio enquanto mastigava, encarando o chão do refeitório lotado. O sabor se desmanchava aos poucos em minha boca, como se a cada segundo que se passasse, um novo tempero se desprendesse para se permitir ser saboreado, superando o anterior.

– Acho que nunca provei nada tão gostoso. – confessei.

– Porque ainda não me provou. – Romeu subiu e desceu os ombros.

Arqueei uma das sobrancelhas para Romeu. Ele me direcionou, como minúscula resposta, um sorriso malicioso que se formou apenas no canto dos lábios.

Devolvi o sorriso, igualmente pequeno e discreto. Despertei a curiosidade de Romeu, que inclinou o corpo para frente, tendo a testa franzida enquanto me analisava em silêncio.

Empurrei o corpo para frente. Acompanha pelos olhos de Romeu, que mostravam a atenção intensa de um gato arisco, segurei-o pelo casaco na intenção de traze-lo para mais perto. Para mim.

E lambi sua bochecha.

– Julieta! – Romeu grunhiu.

– Isso é para você lembrar – toquei a ponta de seu nariz com o indicador – que nunca, nunquinha, nem nos nossos sonhos mais loucos, vamos nos beijar.

Até breve, Romeu Onde histórias criam vida. Descubra agora