Esse capítulo contém uma cena de linguagem sexual. Se você não se sente confortável, por favor, não leia.
Estes corações adoram
Toda a pulsação acelerada
Sweater Weather, The Neighbourhood.Apertei os olhos antes de pisar no próximo degrau que parecia nunca chegar. Ergui a cabeça, encarando a movimentação intensa no saguão do hotel, o tráfego de alunos e turistas que desfilavam para todos os lados. A gargalhada e os gritos ecoaram em minha cabeça.
Ainda me sentia nas nuvens, pisando em flocos brancos e macios. Era como estar muito acima do chão, assistindo o mundo rodar lá embaixo, pessoas do tamanho aproximado de minúsculas formigas.
Eu havia acabado de esquiar. A adrenalina ainda percorria cada centímetro de meu corpo, arrepiando toda a minha espinha dorsal. O som do pátio livre ainda parecia alto demais, meu coração batia forte contra o peito e a cada passo que eu dava, parecia prestes a despencar de um desfiladeiro.
Caí cinco vezes seguidas antes de conseguir pelo menos ficar de pé. Assim que consegui deslizar montanha abaixo, acabei derrubando Francine que acabara de conseguir se manter em pé.
Céus, eu voltaria mais vezes naquele pátio antes de ir embora. Muitas vezes.
Entreabri os lábios ao me aproximar da máquina de café e, por culpa do frio intenso, um vapor condensado escapou. Silenciosamente, estendi a mão para pegar o maior copo e pensei por alguns minutos antes de apertar o botão de café expresso. Coloquei duas colheres extras de caramelo e fui generosa no chantilly com canela.
Aquilo provavelmente me mataria. Mas eu não me importava.
— Você deve ser a pessoa mais sortuda que eu conheço. — uma voz familiar comentou, às minhas costas.
— Você acha? — perguntei, indiferente.
James Flynn assumiu a minha frente. Permaneci com a mão firme em meu copo de veneno doce, os olhos para um ponto acima da cabeça do garoto. Nada em especial, apenas as escadas.
— Se é que pode chamar uma vida suja de sorte. — ele discorreu, ácido como um limão, mantendo o sorriso no rosto.
Aquilo conseguiu chamar minha atenção. Voltei os olhos para Flynn, que cruzou os braços. A situação parecia diverti-lo como nenhuma outra coisa no mundo. Sua vida seria mesmo tão desinteressante?
— Seu irmão está preso. — James lembrou.
— Me contaram. — comentei.
O canto dos lábios de James subiu um pouco. Eu conhecia aquele jogo. Ele me provocaria o máximo que pudesse.
— E vocês não tem tanto dinheiro assim, certo? A padaria não é tão movimentada. — ele continuou. Arqueei as sobrancelhas de tal maneira que achei que sairiam voando feito corvos. — Como teve dinheiro para a viagem?
Me imaginei socando a cara de James Flynn. Com força. Meu punho acertando seu nariz em cheio e o som do osso quebrando pareceu música para meus ouvidos.
Sorri, concordando.
Se eu não socasse com tanta força, talvez não quebrasse. Poderia apenas incomoda-lo. Talvez apenas escorresse um fiapo de sangue.
—... motivo para ele estar lá. — concluiu o capitão do time de lacrosse. Eu não fazia ideia do que ele estava falando.
Ainda mantendo os olhos em sua figura incômoda, dei um longo gole em meu café que revigorou minha alma.
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Até breve, Romeu
RomanceJulieta De Angelis é uma jovem escritora italiana que teve um ano difícil. Após vencer a adaptação à um novo país, atolou-se com o trabalho e reprovou no ano da formatura. Seu livro Até breve, Romeu rodou o mundo das plataformas online com tamanho...