epílogo.
Encarei a caneca por alguns segundos. O vapor subia até a janela, escorando-se feito uma cola, subindo até que o vidro estivesse quase inteiramente embaçado. Percebi que a solidão poderia ser inicialmente descrita por um momento como aquele, mas a sensação de dever cumprido também.
Abri um sorriso e direcionei os olhos para meu celular – finalmente havia comprado um novo – e observei as mensagens chegando. Uma foto enviada por Lorenzo, diversas mensagens de Francine chegando uma atrás da outra e um coração de nona que estava aprendendo a mexer no WhatsApp. Eu os responderia em breve.
Virei o celular, deixando a capinha estampando um baby Yoda segurando seu sabre de luz. Fechei os olhos por um segundo e bebi um longo gole do café, que desceu quente o suficiente para aquecer um pouco mais meu coração.
Eu sabia o que estava esperando. Mas ainda estava quinze minutos adiantada.
Decidi que poderia mandar uma foto um pouco vergonhosa para Lorenzo, enviar vários corações para minha avó e parar para responder Francine. Ela estava quase se formando em moda em uma universidade de Paris e toda semana tinha uma postagem nova no Instagram. E estava fazendo sucesso! Francine me contara que, inclusive, estava quase arrumando um emprego em uma grife extremamente reconhecida no mundo da moda. Ironicamente, em Brighton. Mas ela estava feliz e, sendo assim, eu também estava.
Nona decidiu se aposentar. Vez ou outra, fazia uma visita à padaria apenas para saber como as coisas estavam indo e ganhar um doce como mimo. Agora, Lorenzo cuidava da gerência e tinha Ângela ao seu lado administrando as finanças. Juntos, os dois estavam levando a padaria a um novo nível e transformando tudo em uma grande franquia. Era incrível.
Curti um post de Nick no Instagram. Uma foto dele com Brandon em Londres, em frente ao relógio Big Ben. Os dois foram aceitos na Universidade de Londres com bolsas esportivas e faziam parte do time oficial da universidade. Enquanto Nicholas cursava relações internacionais, Brandon fazia economia, mas pretendia seguir uma carreira no esporte.
Quem sabe minha próxima parada seria no casamento deles. Até lá, eu continuaria viajando para os lançamentos de Até breve, Romeu em cada cidade de cada país.
Suspirei quando meu celular tocou. Levei o aparelho até o ouvido e mordi o lábio inferior.
— Você não vai acreditar! — Francine disparou.
— Sabe que vou. Qual foi seu novo feito em Paris?
— Acho que estou namorando.
— Um garoto ou uma garota?
Francine ficou em silêncio.
— Sou sua amiga, Fran. — Fiz questão de lembra-la. — Sabe que pode falar qualquer coisa.
— É um menino trans. — ela disse, devagar. — Vou ser honesta com você, sou uma pateta. Mas estou disposta a aprender um pouco mais a cada dia. Eu o amo, Julieta.
Sorri para mim mesma. Apertei o celular, sentindo um grande urso carinhoso e quentinho abraçar meu coração. Me senti uma adolescente obcecada por contos de fada ao ver Francine encontrando o amor de verdade.
— Fico muito feliz por você. Como ele se chama? — eu quis saber.
— Vincent. Ele é francês. O sotaque é tão sexy, você não tem ideia! — Francine disparou, animada.
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Até breve, Romeu
RomanceJulieta De Angelis é uma jovem escritora italiana que teve um ano difícil. Após vencer a adaptação à um novo país, atolou-se com o trabalho e reprovou no ano da formatura. Seu livro Até breve, Romeu rodou o mundo das plataformas online com tamanho...