XXXVII - Quando um conselho parte um coração

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O baile de outono seria no dia seguinte.

Eu ainda não recebera nenhuma notícia da carta, muito menos outra mensagem. De certa forma, era como se toda aquela situação tivesse sido esquecida. Minha sincera opinião: exatamente o contrário. Algo muito maior estava por vir e estava cada vez mais perto.

Estava de pé sobre o tapete de meu quarto, encarando o vestido esticado sobre a cama. A peça verde era a mais linda que eu já havia visto, feita cuidadosamente a mão, cada detalhe inspirado em mim e os últimos retoques escolhidos unicamente para que eu os representasse. Céus, era só um vestido e despertava tantas memórias e sentimentos.

Pensei em Romeu. Conhecia ele melhor do que qualquer um, por razões óbvias. Sabia que era o cara que compraria flores, levaria chocolate quente nos dias mais tensos e cruéis, perguntaria sobre sonhos e medos e faria surpresas. Mas viver aquilo tudo era completamente diferente.

Eu tinha uma certeza: estava em busca da carta que escrevera para minha mãe. Estava perseguindo aqueles papéis com tanta veemência e anseio que não havia parado para pensar no depois. Tendo a carta em mãos, o que faria com ela? E como?

Como poderia devolver Romeu ao livro? Não costumava ser indecisa, mas agora estava assustada. Tinha muitas dúvidas e a principal delas é se seria capaz de deixar Romeu ir embora. Ou melhor dizendo, de fazer com que ele fosse embora. Por escolha minha.

Enquanto não tinha ideia de como solucionar aquilo, o desejo de fazer Romeu voltar para o livro parecia fácil até demais. Não me importava em renegar qualquer sentimento por ele, nem em negar até a morte que queria beija-lo, até o momento em que precisava me despedir de tudo isso.

De volta a realidade, soltei um longo suspiro e saí de meu quarto, deixando a porta encostada. Caminhei pelo corredor, curtindo o silêncio da casa, até encontrar Lorenzo estirado no sofá, as pernas para cima e os olhos acinzentados correndo por um livro de culinária.

— Buscando inspiração? — eu quis saber.

— Vou criar um doce novo para a padaria. — Lorenzo revelou, erguendo os olhos para mim. — Só preciso de uma ideia

— Chocolate está manjado. — lembrei meu irmão, afagando seu cabelo. — Use limão. Ou laranja.

— Uva! — ele arregalou os olhos.

Dei de ombros e beijei sua testa.

— Estou saindo.

— Onde você vai? — Lorenzo franziu a testa.

— Resolver umas coisas. É bem rápido.

— Quer companhia?

Neguei com a cabeça.

— Preciso fazer isso sozinha.

Lorenzo segurou minha mão e a afagou com o polegar, beijando a palma. Acenou com a cabeça e fez um gesto que indicasse a porta.

— Vá com cuidado.

Desci para os fundos do quintal e peguei minha bicicleta.

Fazia uma tarde amena em Brighton. O sol estava baixo, servindo apenas para iluminar a cidade e fazer sombra sobre os prédios. A brisa do vento fazia as árvores balançarem e as folhas laranjas do outono se espalharem pelas ruas da cidade, cobrindo até mesmo boa parte da avenida.

Até breve, Romeu Onde histórias criam vida. Descubra agora