15. Nós sentimos sua falta

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Não sei muito bem o que aconteceu em seguida, só me lembro do meu corpo formigar, do sangue manchar o meu pijama e de eu me desesperar e começar a chorar.

Como um dia tão feliz pode se tornar tão horrível e medonho? Assim que souberam todos da minha família quiseram se envolver e isso inclui, obviamente meus pais.

Meu pai só queria saber da Liz, e vamos concordar que não é pra menos, já minha mãe tentou falar comigo, mas eu perdi minha voz a partir do momento em que atirei em outra pessoa, em que vi minha irmã sendo rendida por dois marginais.

O que me separa desses marginais agora? Eu matei duas pessoas, talvez seja até pior do que eles. Depois de algum tempo ouvi o médico dizer para minha mãe e para a minha tia que se eu não reagisse eu precisaria de ajuda.

Minha prima Eloá me disse que até a Liz e o Murilo já estavam saindo dessa e eu não, como se isso fosse me motivar a querer encarar a realidade e não a fugir da minha vidinha miserável.

Estava encolhida no quarto quando Zoe entrou acompanhada de Felipe, então ela me disse:

- Amiga, já é quase véspera de Natal e não tem um dia que eu sinta sua falta.

Eu queria poder me levantar e abraçá-la, mas nem força pra isso eu tinha mais. Felipe se ajoelhou do meu lado e disse:

- A gente sente sua falta, queremos te ajudar a melhorar e tentar deixar esse episódio para trás.

Eu queria poder levantar e berrar que não tem como ele sentir falta de alguém que nunca conheceu, mas eu não conseguia nem me mover, era como se eu tivesse morrido por dentro e meu corpo estivesse apenas exercendo funções mecânicas.

No ano novo minha irmã veio me ver e ela realmente parecia melhor e ela repetiu cerca de 500 mil vezes que eu salvei a vida dela e que isso me torna qualquer coisa, menos uma assassina.

Ainda assim eu tinha matado duas pessoas que deveriam ter mãe, pai, irmãos e talvez até filhos e tinham se desviado do caminho certo e se eu não tivesse os matado talvez eles tivessem alguma chance de reconhecer seus erros e melhorar.

Eu não queria fazer mais nada, eu só queria ficar deitada, não me importando mais com o dia da semana, com os feriados anuais, com a faculdade de medicina e com o fato de que eu poderia ser declarada incapaz em breve.

Eu só queria morrer e deixar para trás todas as mágoas e traumas que faziam meu peito pesar, eu só queria poder recomeçar do zero.

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Proibido para mim - Livro 06 (Série Família Cavallero) [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora