Capítulo 8

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JOÃO PAULO

Eu ferrei com tudo. Porra! Ele já estava fragilizado e o que eu fiz? Fui um completo imbecil! Eu merecia levar uma boa de uma surra para aprender a deixar de ser tão merda.

Nesse momento em que parei e comecei a pensar – e me xingar – vejo o quanto fui irresponsável. Como em sã consciência eu faço uma burrice dessas? Eu sou um tolo, um merda, um bosta, um cuzão. Mas já foi feito não, é? Não tem como ter impedido agora, não tem como voltar no tempo, tem como ele me perdoar? Espero que sim, porque o plano que eu tinha de conquista-lo está ainda mais na minha cabeça depois desse beijo. E digamos que além do beijo em minha cabeça, tem a marca de cinco dedos na minha cara. Puta que pariu, ele tem uma mão pesada pra cacete.

Desci para tomar meu café da manhã, e lá estava meu pai. Ele está vestido com uma bermuda jeans, camisa preta com a imagem e o logotipo de uma banda de rock e chinelo. Oi? Ele em casa uma hora dessas, com essas roupas? O que será que aconteceu? Nem nos domingos ele deixa de ir trabalhar. Sento devagar e olhando a todo o momento para onde o mesmo está, apenas esperando o esporro que eu vou tomar, porque sempre é assim... quando ele está muito calmo desse jeito, é porque eu fiz merda e vou ficar de castigo.

- Pai, o que aconteceu que você está em casa, com essas roupas e em pleno domingo? – Pergunto depois que terminei de me servir, recebendo um olhar atento do mesmo.

- Descansando, não posso? – Pergunta com um olhar inquisitivo.

- Nada, é que você está sempre trabalhando mesmo sendo domingo e é difícil até mesmo eu vê-lo que estranhei. Mas não está mais aqui quem falou. –Falei levantando minhas mãos para o alto, recebendo um sorriso do mesmo, o que me deixou mais perplexo ainda.

- É que eu estou muito cansado, venho trabalhando demais desde que sua mãe partiu, então decidi que vou tirar uma semana de folga. – Assinto devagar com a cabeça ainda o olhando torto, pois essa não era uma atitude que eu considero normal, vinda do meu pai. - Falando nisso, e como vai suas notas? Já fez alguma prova? – Arregalei meus olhos e ele parou de comer, colocando suas duas mãos perto da boca e me olhando.

- Não, eu ainda não fiz nenhuma prova. Porém minhas notas provavelmente irão ser horríveis, pois começou o ano agora e eu já não entendo nada de matemática, nada mesmo. Biologia e química estou pior ainda. Se não tomar cuidado provavelmente eu reprove. – Falo me sentindo um pouco mal, porque eu não entendo, eu tento me concentrar na aula, eu assisto videoaulas no YouTube, mas não consigo aprender porra nenhuma.

- E você não presta atenção nas aulas? O que está acontecendo para você ter essa dificuldade? – Pergunta, mas eu não posso dizer que me desconcentro sempre que olho para Victor Hugo, não é? Porque é provável que ele me dê umas boas bifas na cara por não prestar atenção na aula por conta de alguma pessoa.

- Não sei, pai! – Minto, é óbvio.

- Tudo bem, vamos ver como você vai nas primeiras provas e dependendo dessas notas, a gente vai contratar um professor particular para você. – Assinto com a cabeça, agradecendo a todos deuses existentes por ele não me fazer mais nenhuma pergunta sobre este assunto.

Me mantive em silêncio, pois uma parte por que eu concordava com tudo o que meu pai falou e outra porque já sei quem irá ser, o meu professor particular. Termino de tomar meu café e subo para meu quarto. Não tenho nada para fazer então resolvo estudar, porque eu meio que não quero ficar reprovado. Fico estudando até que uma das minhas empregadas vem me chamar para almoçar. Desço, almoço e volto de novo para meu quarto. Hoje meu dia está um saco, eu sempre pensava em foder com todas as mulheres que tinham uma boceta no meio das pernas, mas agora eu só penso em Victor Hugo e em quão idiota eu venho sendo com ele. E o pior é que ele é legal comigo, tipo no cinema e na classe ele nunca falou comigo, mas o que esperar né? Eu sempre fiz piadas com seu peso. Como eu sou asno. Asno. Asno do caralho. Passei o dia basicamente dentro do meu quarto, só saindo para fazer as refeições.

[...] Quebra de tempo [...]

Acordo me sentindo como se não tivesse dormido à noite, e o pior de tudo é que encontrarei Victor hoje na escola. Por que pior? Bom, eu fiz merda, vou ter que me desculpar e eu meio que não gosto de me desculpar. Só me desculpo com meu pai, pois com os outros da escola eu não preciso disso, eu sou popular e eles aceitam, menos o Victor! Já estou na escola, na sala, nervoso. Hoje eu cheguei muito cedo, só tem mais 5 pessoas dentro da sala, entre elas os dois amigos do Victor, meus dois amigos e uma menina que eu não conheço. Baixo minha cabeça, meus amigos estão falando sobre alguma bobagem que não me interessa e que não finjo ter o mínimo de interesse no que os mesmos falam.

Pego meu celular e olho a hora, já eram 07:10 e ele ainda não chegou, o que é muito estranho para seus padrões, pois ele nunca chega atrasado. O que será que aconteceu? Será se ele está bem? Será se ele desistiu de vir na escola hoje por minha causa? Eu não acho que ele faltaria só por minha causa, ou faltaria? Enquanto estou na minha briga interna, com perguntas sem respostas, ele chega.

- Fecha a boca, todo mundo está olhado de ti para ele. – Eu rapidamente fechei minha boca, que estava literalmente aberta, só falta ter escorrido baba. Passo minha mão por meus lábios buscando algo que comprove que eu, literalmente, babei.

Douglas e João Carlos começam a sorrir e eu fico sem graça, mas me concentro em escutar a conversa da mesa deles, mesmo que daqui eu ainda não consiga ouvir muito bem o pouco do que eles falam, porém, pelo que consegui entender, eles estão falando sobre o atraso dele. Pena eu não ter conseguido nenhuma informação, pois a professora entrou pela porta acabando com todos os burburinhos.

Essa mulher só chega nos momentos mais inconvenientes para minha pessoa.

As aulas hoje estão passando em uma velocidade surpreendentemente rápida. Intervalo, essa é a melhor palavra que existe em uma escola. Antes de ir ao refeitório eu vou ao banheiro e chegando lá, entro em uma cabine e faço minhas necessidades. Vou à pia e lavo minhas mãos, quando entra Victor Hugo, que quando me vê fica pálido como se tivesse visto um fantasma.

- Victor? – Seguro no seu braço quando ele vira para sair – A gente precisa conversar.

Me Perdoe (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora