Capítulo 14

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JOÃO PAULO

Estava dormindo de boa quando de repente acordo assustado, eu senti como se algo estivesse errado, mas não sabia ao certo o que era. Depois de uns minutinhos que eu me liguei: VICTOR. Será que o irmão dele está bem? Como eu fui esquecer do detalhe mais importante que era saber como ele estava? Quando lembrei de que ainda não havia falado com Victor, eu sinto uma dupla de tristezas ao mesmo tempo: Seu irmão estava no hospital e não tivemos nosso jantar.

Pego meu celular e como já tinha o número dele, apenas ligo. Liguei três vezes e nada, ele deve estar dormindo e eu aqui o atrapalhando. Ligo mais duas vezes e na segunda, quando já estava quase desligando, ele atende com uma voz de sono que foi a coisa mais fofa que eu já escutei em toda a minha vida.

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- Alô, para me acordar essa hora espero que seja uma emergência ou amanhã eu vou cortar tuas bolas. – Engoli em seco, pois sei que é bem capaz de ele fazer mesmo isso.

- Para cortar vai ter que pegar nelas, então eu acho que vai ser um bom negócio. Se acrescentar um carinho eu deixo cortar tudo. – Falo tirando onda com ele e o mesmo dá um rosnado, que para mim pareceu mais um miado.

- Idiota! O que você quer? Eu estava dormindo no melhor sono e você não para de ligar, então fala logo que eu estou quase morto de tanto sono e preguiça. – Respirei fundo.

- Eu queria saber como seu irmão está, digo, eu não liguei antes porque eu sou muito esquecido, só não deixo a cabeça nos lugares porque ela é grudada, aí já imagina que eu não tive a mínima lembrança de nada. Mas e aí, como ele está? – Me enrolei todo na hora de me explicar ele deu um sorriso.

- Ele está bem! O médico falou que é apenas uma gripe, aí passou uns remédios e pronto, foi a hora que o mesmo o liberou e nós fomos liberados a voltar para casa. – Disse e deu um bocejo antes de voltar a falar. – Eu pensei que era mais grave, porque quando eu peguei nele ele estava quente, mas os médicos sabem melhor do que, eu porque estudaram para aquilo, não é?

- É verdade, mas e você... Está bem? – Já se recuperou da minha outra mancada, não é?

- Estou e sim, me recuperei, mas estou bem cansado. E você? – Deu outro bocejo.

- Também, só liguei agora porque eu esqueci de ligar para você algumas horas atrás. – Deitei na cama e repousei a minha cabeça no meu travesseiro.

- Tudo bem. Agora tenho que ir dormir, tchau! – Quase soltei um gemido sôfrego, mas pareceria que eu estava muito na dele e que ele já me tinha sob controle, então não o fiz e recuperei a minha pose de machão, porque machões não ficam pensando em gatinhos.

- Tchau! – Escutei os barulhinhos finais de quando a ligação é desligada, aquele incomodo "tu, tu, tu" e joguei o meu celular em alguma parte da cama.

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De manhã eu acordei um pouco atrasado, mas nada que pudesse me complicar, mas teria que tomar banho mais depressa do que já estava habituado a fazer todos os dias. Levantei-me da cama e fui rumo ao banheiro, não precisei tirar nada porque havia dormido pelado na noite passada por conta de todo o calor infernal que havia feito. Tomei meu banho que eu preferia ter sido demorado, para que eu pudesse acordar direito; fui até meu closet e vesti minha roupa de ir para a escola: uma calça jeans, um tênis e a blusa de farda, mas como o clima mudou completamente de madrugada para de manhã, estava uma manhã relativamente fria, então coloquei, também, uma jaqueta também jeans.

Desci até a cozinha para procurar algo que servisse para comer, fui até a fruteira e encontrei uma banana e uma maçã. Comi e voltei até meu quarto para que pudesse escovar meus dentes. Quando terminei, fui em direção onde o motorista esperava para me levar até a escola. Já não vejo a hora de completar meus 18 anos para tirar minha carteira de motorista e poder dirigir meu carro.

Bom, mas por enquanto eu tenho coisas mais importantes para pensar, como, por exemplo: o que eu poderia fazer para conseguir um encontro com Victor? Digo, ele já concordou em sair comigo, mas aí nosso encontro foi ralo a baixo. Eu também andei atento nele e já descobri algumas coisas que poderiam me ajudar e muito: ele não gosta de nada caro demais, porque tem medo do que os outros irão achar e dizer dele; não gosta de pouca comida, então um restaurante cinco estrelas não será um local adequado, porque eu também odeio comer pouco e, por último, mas não menos importante, ele tem alergia a carne de porco.

Quando chego em frente ao portão da escola e vejo João Carlos e o Doug me esperando. Os dois sabiam que o jantar ia ser ontem, mas não contei, por esquecimento, que fique bem claro, que isso tinha sido um fracasso e não havia acontecido. Desci do carro, agradeci ao motorista e saí quase sorrindo da expressão perplexa que ele fez quando eu o agradeci. Qual é? Eu sou adolescente, não gosto de conversar com quase ninguém.

- E aí, como foi lá? Deu umas beijocas nele? – Olhei para ele com uma expressão parecida com a do meu motorista, a diferença é que eles nãos esperaram que eu sentasse para começar a jogar suas perguntas sobre mim.

- Não teve jantar e nem beijocas, infelizmente. – Eles me olharam confusos. – Porque o irmão dele ficou doente e ele teve que ir com ele até o hospital.

- Poxa, cara! Mó triste isso, mas e aí, você não foi até o hospital ver se ele precisava de alguma coisa? Nem para servir de companhia para ele? – João, o outro, me perguntou e eu neguei com a cabeça.

- Não, cara! Ele me falou e eu fiquei chateado porque já tinha comprado até flores, acredita? Eu nunca dei flores para ninguém e quando ia dar, acontece que nem o encontro aconteceu.

- É, mas você tem que entender que ele não foi porque não queria ir, ele não foi porque o irmão dele estava doente. – Ele me disse como se eu fosse um idiota e eu, mesmo não querendo, tenho de concordar. – Aliás, eu nem sabia que ele tinha um irmão. Você sabia, Douglas?

- Eu também não sabia. Por que você não contou para a gente?

- Como eu ia contar se eu também não sabia? – Falei como se fosse óbvio. – Mas quando ele passou mal a gente teve que buscar o irmão dele para levar para casa também, já que quem cuida dele durante a tarde é o Victor.

- E como é esse irmão dele? Tem quantos anos? É um bebê ou já é grande? – Puxei em minha memória o que eu vi do irmão dele no dia em que fomos buscar, coisa que eu não lembro bem como ele era, mas lembro mais ou menos. Confuso, porém eu!

- Ele é um bebê ainda, deve ter uns 3 a 4 anos, ele é muito fofo! Deu vontade de apertar ele, mas não podia né. Ele é pequenininho, mas não é um bebê, magrinho, ainda não sabe falar direito, tem cabelos pretos... e, bom, não lembro mais de nada.

- Como assim não sabe falar direito? Ele tem alguma deficiência, é isso?

- Ô cabeça oca, você não o escutou dizendo que o menino ainda é um bebê? Alguns bebês têm dificuldade em falar as palavras de um modo certo, não lembra aquele meu primo que já tem 7 anos e ainda não consegue parar de trocar o 'R' pelo 'L'?

- O Douglas tem razão, mas vamos logo indo para a sala, porque senão a gente vai se atrasar e o que eu menos quero é ter meu pai na minha cola logo agora. – Meu pai está na minha cola e já disse que se eu me atrasar ou acontecer algo assim que eu perca nota ou tire notas vermelhas, eu ficarei de castigo. Imagina eu, com 17 anos e ainda de castigo!

Fomos em direção a sala e no caminho encontramos com Victor e seus amigos, eu claro que fiz questão de passar o encarando. Não vou mentir dizendo que não esperava que ele ficasse corado, mas ele me surpreendeu mais uma vez quando ao invés de corar, ele sustentou meu olhar e não ficou nem um pouco vermelhinho, ainda dando um sorrisinho em minha direção e eu foi quem ficou vermelho.

Merda!

Entramos dentro da sala e eles entraram depois de 1 minuto, e ele dessa vez nem na minha cara olhou, talvez porque seus amigos comentaram alguma coisa. A professora de história chegou e começou a passar um conteúdo e eu aproveitei para enviar uma mensagem para aquela coisa fofinha mais a frente.

- Ei, quer dar uma saída depois da aula? Você pode levar seu irmão.

- Claro, te espero na saída.

Eu estou como? Todo nervoso! Caramba, ele aceitou muito rápido! O que está acontecendo com ele?

Me Perdoe (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora