VIII

1.2K 123 20
                                    

      Quinze dias se passou e Namjoon finalmente pôde retirar os pontos que haviam em Jimin, deixando ali pequenas cicatrizes. Todos aqueles dias parecera um inferno. O menor já estava atordoado, pois sabia que já estava na hora de voltar para o cativeiro. O homem segurou forte o pulso do mais novo e o levou as pressas até a cozinha. Ele abriu o armário e pediu para que Jimin entrasse primeiro, ele obedece e Namjoon entra logo em seguida. Depois de fazer todo aquele trajeto, eles finalmente chegaram no cativeiro. O cirurgião abriu todos os cadeados e por fim, abriu a porta.

     — Entre. – Mandou e o menor suspirou frustado. O mesmo entrou no quarto e dessa vez, encontrou uma cama de casal nova. A cama era a única coisa inédita ali, apenas foi substituída pelo colchão velho. A tinta na parede úmida era a mesma, o cheiro estranho também, a pia, e a privada permanera no mesmo lugar. Namjoon entrou em seguida e parou ao lado do garoto que o encara sem entender. — Se for bonzinho... Eu te dou mais objetos. – Jimin tentou dá um passo a mais, porém, o maior segurou seu braço. — Não vai me agradecer? – O repreendeu com um olhar medonho.

     — Obrigado... – Jimin agradece e o homem lhe solta logo saindo do cômodo.

       O garoto foi capaz de ouvir atrás de si os cadeados serem fechados lhe trancando lá dentro. Veio então um sentimento de profunda solidão, Jimin estava isolado naquele cubículo minúsculo. Ele caminha até a cama e senta na mesma fazendo com que o ar da mesma subisse. Em seguida ele deita e deixa algumas lágrimas escaparem.

                 ~ Cinco Meses Depois ~

     — Se você colaborar, nada vai lhe acontecer.

     Namjoon fazia Jimin acreditar nisso desde o início. Com o passar dos dias, ele mudou totalmente, lhe ameaçou com castigos crueis – incluindo a morte – caso não fosse bonzinho. Jimin não encontrou outra saída para isso, obedecia Namjoon ou poderia morrer.

       Jimin pediu para o mais velho lhe dar um calendário e um relógio para não ficar completamente desorientado. Para o jovem, não havia dia ou noite e, embora já fosse imverno do lado de fora, no cativeiro continuava fazendo um frio congelante.

      Era 16 de Dezembro. Jimin não tinha o menor contato com o mundo exterior. E em dois dias, seria o aniversário de sua irmã. Para o garoto, aquilo era uma data simbólica, ele queria poder encontrar sua irmã por pelo menos dois minutos, só para parabenizá-la.

      Jimin havia riscado boa parte do calendário, os dias se passavam e sua tristeza aumentava. O Natal se aproximava e era insuportável saber que passaria as festas de Natal e Ano Novo sozinho no cativeiro. Ele queria ter a oportunidade de passar esses dias com sua família, mas isso não deixava de ser apenas uma vontade.

     Durante esse tempo, Namjoon mostrou novamente seu lado gentil. Talvez fosse apenas por conciência pesada qualquer que fosse o motivo. Ele percebeu que o cativeiro de Jimin deveria parecer de alguma maneira algo mais habitável.

     — Acorde, Jimin. – Ele cutuca o menor que abre os olhos sonolentos em seguida. Namjoon revela uma caixa de presente verde com um lacinho vermelho que escondia em suas costas. — Feliz Natal. – Jimin não respondeu, apenas sentou-se de pernas cruzadas e pôs o presente em cima. Ao abrir ele encontra um livro, "A Revolução Dos Bichos" era o nome.

     — Obrigado... – Jimin respondeu sem forçar um sorriso, ele realmente estava triste. Nem mesmo se Namjoon lhe desse uma caixa de bombons, isso não seria capaz de reanimá-lo.

     — Me responda uma coisa, qual é a sua cor favorita? – Perguntou o mais velho fingindo não perceber sua depressão.

     — Azul. – O mais novo responde confuso e o maior balança a cabeça como quem entendeu. Sem dizer uma palavra, ele sai rápido do cômodo e deixa Jimin sozinho muito confuso.

                            (...)

        Era Natal e Namjoon queria organizar melhor o cativeiro como presente para Jimin. Ele comprou um latão de tinha céu azul e outro latão da cor branco neve. Ele pintou as paredes de azul e deixou o teto branquinho. O cativeiro agora tinha outra visão, aquele conjunto habitacional de 8 metros quadrados, agora parecia um quarto normal. Namjoon disse que Jimin deveria ficar quieto e sentado em sua cama enquanto ele trabalhava com a reforma. Alguns objetos como uma estante só poderiam ser montados dentro do cativeiro.

        Quando ele estava fixando as prateleiras, Jimin protestou, pela primeira vez, um lado de Namjoon lhe assustou profundamente. Até aquele momento, o homem gritara com Jimin algumas vezes, o xingava, humilhava e ameaçava com todos os tipos de castigo para lhe obrigar a colaborar. O garoto nunca vira o cirurgião perder o controle. Não daquele jeito.

     Tempo depois, o garoto levanta da cama para observar os novos detalhes. Namjoon estava parado em sua frente segurando uma furadeira e fixando uma das tábuas na parede.

     — Por que você está parafusando a prateleira aí?

      Por um instante, Jimin esqueceu que poderia falar somente quando Namjoon desse permissão. Em uma fração de segundo, o maior ficou furioso, começou a gritar com o mais novo e então jogou a pesada furadeira em sua direção. Jimin conseguiu abaixar antes que ela batesse na parede atrás de si. O jovem estava tão espantado que mal conseguia respirar, fitando-o com os olhos arregalados.

      A súbita explosão de raiva não lhe atingiu fisicamente. A furadeira não lhe tocou por sorte, mas o incidente lhe deixou muito assustado, porque o mostrava uma nova dimensão na convivência com Namjoon – agora ele realmente o machucaria se não lhe obedecesse –. E isso deixou Jimin ainda mais aterrorizado e submisso.

     Na primeira noite depois da explosão de raiva de Namjoon, o garoto deita na cama e pega seu livro para tentar se distrair. O zumbido do ventilador parecia direcionado para os seus ouvidos, abrindo caminho até o cérebro, e sua vontade de gritar de desespero.

      O cativeiro realmente tinha outra visão, as paredes estavam pintadas, novos objetos como estante, prateleira, bancos e abajur estavam lá. O relógio pregado na parede marca exatamente 19H30 da noite de Natal. Um sentimento de isolamento volta a atormentar o garoto que ficou imaginando se sua família sentia sua falta, tanto quanto ele sentia a deles. Jimin guardou o livro e apagou a luz do abajur. Ele se enrolou no lençol e começou a chorar baixinho, quando ele poderia se sentir livre?

     Nessa época, Namjoon passou a lhe dominar cada vez mais, com efeito desde o começo ele o tinha sob total controle – trancado no cativeiro –, não havia outra saída a não ser lhe obedecer. Mas, quanto mais o cativeiro durava, mais essa óbvia indicação de poder o satisfazia.

      Namjoon chegou a instalar um interfone no quarto para se comunicar com Jimin e lhe obrigava a tomar seus medicamentos, caso não lhe obedecesse, ele seria punido de uma forma violenta. O garoto sofria diversas ameaças todos os dias, caso se recusasse a tomar os remédios anti-rejeição para que não ouvesse problemas com o útero. O cirurgião descia todos os dias no cativeiro para certificar-se de que Jimin estara colaborando. O jovem passou a tomar também, hormônios femininos para causar alguns efeitos que Namjoon desejava.

      Jimin sentia-se como se estivesse sendo mantido vivo em uma caixa subterrânea. A sensação de desesperança lhe oprimia cada vez mais. Ao mesmo tempo, ele sabia que não poderia se deixar levar pelo medo. O jovem sentia-se como um animal enjaulado, ninguém por perto. Ele tentava derrubar sua frustação com boas lembraças, vezes em que ele e Hoseok se divertiam juntos.

The DesireOnde histórias criam vida. Descubra agora