Namjoon aplicou uma anestesia local em Jimin, o mesmo estava deitado já com menos dor. Doía pouco, mas mesmo assim, Jimin sentiu-se frustrado. Era difícil de aceitar que o bebê viesse ao mundo através da mesma dor que Namjoon lhe fez sentir um dia. Havia uma pequena mesa ao lado com todas as coisas que fossem preciso para realizar a cesariana do garoto. Namjoon já usavam as roupas adequadas.
Jimin deixava algumas lágrimas escaparem, chorava em silêncio. Ele não sabia o porquê de estar chorando já que não sentia mais dor. Talvez o que lhe incomodasse tanto, fosse o fato de simplesmente estar ali, eram tantas coisas passando por sua cabeça, qualquer um já teria enlouquecido com isso.
— Por que chora, meu amor? – Namjoon perguntou enquanto escolhia um dos objetos para iniciar o corte na barriga do menor.
— Nada... – Jimin respondeu em voz baixa enquanto tentava controlar suas emoções.
Cada minuto que se passava, era uma tortura. Jimin estava agoniado para sair dali. Não sentia mais dor, porém, ficou meio sonolento. Ele tentou se manter acordado enquanto encarava o teto branco. Ele não via, mas sentia Namjoon se mover para lá para cá, pegava as coisas que seriam úteis e voltava a mexer em sua barriga.
Passaram-se cinquenta minutos e Jimin ainda estava ali, ele pegou no sono enquanto Namjoon fazia o procedimento.
Finalmente chegou ao mundo! Jimin acordou ao ouvir o choro do bebê. Isso lhe fez entrar em desespero por dentro. Ele nasceu chorando alto e aquele som atormentou Jimin. O pequeno gritava num choro e isso fez com que o garoto lembrasse do estupro, do quanto ele gritou e chorou. A gravidez realmente foi uma maldição que caiu sob ele, o bebê já nasceu lhe trazendo más recordações. Não havia amor ali, aquilo era fruto do diabo.
Namjoon se aproximou um pouco e Jimin pôde ver o bebê em seus braços. Ele parecia bem, mesmo por ter nascido tão pequenino. Jimin não foi capaz de sentir qualquer tipo de sentimento pela criança. O garoto viu o homem sorrir feito bobo enquanto segurava o ser que acabara de chegar ao mesmo mundo. Jimin encarava o bebê com uma expressão vazia. Procurava todos os detalhes negativos como um pé ou formato da cabeça que lembrasse Namjoon.
O pequeno ser estava em seus braços completamente sujo com sangue. O choro do bebê era alto e Jimin daria de tudo para que o mine ser calasse a boca. Namjoon olhou para Jimin com um sorriso no rosto, em seguida se afastou para limpar o bebê. O menor tentou ignorar tudo aquilo e voltou a encarar o teto.
Mais uma vez, Jimin sentiu aquela sensação ruim, aquele sentimento vazio como se o mundo fosse em preto e branco, como se não houvesse saída ou solução para os problemas. Jimin continuou viajando em seus pensamentos até pegar no sono mais uma vez
~ 6 Horas Depois ~
Jimin acordou com uma pequena dor de cabeça. Sua visão embaçada e uma tontura que lhe atrapalhava ainda mais para enxergar bem. Ele estava deitado na cama completamente coberto, Ele estava nu por de baixo das cobertas. Ele tentou se mover de maneira brusca mas logo parou ao sentir pontadas em sua barriga. Jimin levou vários pontos então teria de ficar na sala das cirurgias por alguns dias. Ele levou as mãos à cabeça e segurou o choro, não queria permanecer ali, apenas queria ter sua liberdade de volta.
Tempo depois, Namjoon entrou na sala segurando uma bandeja com suco e sanduíche. Por um momento Jimin se animou ao ver a comida, ele estava com muita fome. O maior pôs a bandeja em suas pernas para que Jimin pudesse comer na cama tranquilo. Namjoon sentou numa poltrona ao seu lado e deu um suspiro cansado.
— Nosso bebê nasceu de sete meses. – Disse Namjoon quebrando o silêncio. Jimin não deu tanta importância e continuou comendo, ele só queria saborear levemente a comida antes que passasse fome de novo. — Ele é tão lindo Jimin...
Aquelas palavras incomodavam o mesmo. Jimin não queria aceitar o fato de conviver com isso, não teria como apagar o que aconteceu, o bebê foi um fruto que cresceu dentro de si e veio ao mundo com o mesmo tipo sanguíneo. Jimin ainda tinha medo de olhar para a criança e encontrar traços que lembrassem Namjoon. Medo de olhar para um bebê e lembrar de tudo que passou. Tirando a comida e a água, Jimin não queria absolutamente NADA que viesse de Namjoon ou lembrasse dele, começando pelo bebê.Quando Jimin terminou de comer, Namjoon levantou e se retirou do quarto. Minutos depois, ele voltou com o menino nos braços. O pequeno estava com uma roupinha azul, usava meias brancas e pequenas luvas da mesma cor. Ele dormia calmo nos braços de Namjoon.
— Quer segurá-lo? – O mesmo perguntou e Jimin recusou. Ele não queria vê-lo, não queria ouvi-lo, não queria nada com esse bebê. — Por que está assim? Ele é seu filho.
— Ele não é meu filho. – Jimin se pronunciou seco com uma voz rouca. Ele olhava a criança com ódio no coração. Sentia revolta com tudo que estava acontencendo. Nesse momento, o bebê acordou e começou a chorar, parecia que o pequeno podia sentir a rejeição de quem lhe deu a luz. Namjoon então negou com a cabeça e se retirou do quarto.
(...)Dias depois, Jimin retirou os pontos e já estava bem. Ele voltou a ficar preso no cativeiro e se recusou a segurar o bebê, em nenhum momento, Jimin foi capaz de tocá-lo ou até mesmo olhá-lo, ele simplesmente rejeitou o filho como se não significasse nada. Namjoon estava cuidando do bebê, por incrível que pareça, ele o amou desde o primeiro momento que o viu, e nada mais justo do que ele tomar conta do pequeno. Por muito mais incrível que pareça, a criança foi tudo que Namjoon desejou na vida. Alguém para cuidar e amar de uma maneira que sua própria mãe não fez. Jimin sabia que não seria uma boa "mãe" Namjoon não só tirou sua dignidade, ele arrancou seus sentimentos também.
Jimin já não era capaz de amar. Ele não podia amar nem mesmo o pequeno ser que nasceu de dentro de si. Foi aí que Jimin percebeu que ele também era um monstro, um monstro talvez pior que Kim Namjoon.
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The Desire
HorrorPark Jimin é um universitário que decidiu passar suas férias em Gwangju ao lado de seu namorado Jung Hoseok. O jovem teve que viajar de volta ao receber a triste notícia de que sua avó havia falecido. Mas antes mesmo de chegar em sua terra natal, el...