XII

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        Jimin não conseguiu dormir o resto do dia. A dor era imensa, tanto por dentro quanto por fora. Chorou como nunca antes, sentia-se humilhado, um lixo humano, se culpou por ter aceitado a ajuda de Namjoon quando o conheceu, se chamou de burro por não ter deixado Hoseok viajar com ele. A todo momento ele se perguntava, o que fez pra merecer tanta monstruosidade, lhe causando uma depressão.
 
                    ~ 1 Mês Depois ~

       Durante esse período no cativeiro, Jimin passou por uma série de enjôos e vômitos. Ainda assim, era perturbado com as lembraças daquele abuso. Ele passava a maior parte do tempo dormindo, não conseguia mais ler seus livros. Não sentia mais ânimo para fazer as "atividades" dentro do cativeiro, ele passou a desabar todas as noites, sentia uma profunda onda de tristeza. Perdeu todas suas esperanças, não conseguia mais pensar que um dia, poderia ser livre novamente. Jimin simplesmente não tinha mais motivos para viver.

        O garoto estava deitado em sua cama meio sonolento. Estava quase dormindo, mas perdeu essa vontade ao ouvir passos, virou-se e encontrou a silhueta de alguém abaixo da porta - com certeza já sabia quem era -. Namjoon entrou no quarto com uma expressão séria. Jimin ignorou sua presença e deu-lhe as costas para tentar dormir.

     — Jimin, tem alguma coisa errada com você. – Namjoon se pronunciou de maneira sarcástica. Tem alguma coisa errada com o menor, Jura? Como você não percebeu? — Você está atrasado.

        Depois de alguns segundos, Jimin compreendeu o que ele queria dizer, virou-se para lhe encarar e sentou-se. Namjoon se aproximou e sentou na beirada da cama.

     — Eu sei que seu sangramento não está regulado ainda. Mas o que me intriga, é ver você vomitar constantemente.

     — Como sabe que estou vomitando? – Questionou confuso.

     — Eu instalei uma câmara no cativeiro para lhe observar.

         Jimin sentiu raiva, não conseguia um pingo de privacidade. Namjoon parecia o olho que tude ver, não estava perto, mas poderia observar todos os seus movimentos.

     — Preciso examinar você. – Disse e se levantou. Em seguida, se aproximou do garoto que se afastou um pouco.

     — Fique longe de mim! – Jimin protestou.

     — Vamos logo! – O maior esbravejou e lhe puxou pelo braço com violência.

       Namjoon arrastou Jimin para fora do cativeiro, em seguida, passaram por todos aqueles obstáculos. Ele levou o mais novo até a sala onde fazia suas cirurgias.

                           (...)

      Jimin não queria acreditar... Não podia ser verdade. Depois dos exames, veio a confirmação: Jimin realmente estava esperando um bebê. Namjoon estava parado no canto da sala, suas mãos estavam juntas abaixo do queixo, seus olhos não acreditavam no resultado, esbanjava um sorriso no rosto. Muitos diziam que não era possível e que ele não teria sucesso em seu plano mirabolante, mas depois de várias tentativas, ele finalmente conseguiu realizar seu maior desejo.

        Jimin estava sentado no canto da cama, abraçando suas pernas enquanto soluçava baixinho. As lágrimas caíam repentinas vezes. "Não, isso não é verdade!" pensava ele. Aquilo era demais para sua mente, ele tentava protestar em pensamento e dizer que um homem não poderia engravidar, mas ele não encontrava nenhum argumento que provasse que isso não era possível, pois a prova estava dentro de sua barriga. Ele estava vivendo uma gestação que não era mentira.

        Depois de tudo que viveu, Jimin não conseguia pensar em outra coisa: essa gravidez é uma maldição. Namjoon arranjou um jeito com que Jimin lembrasse dele pro resto da vida, fazendo um fruto de sua monstruosidade crescer dentro dele. O menor já havia pensado em ter filhos - porém adotivos - que pudesse dar amor e carinho, mas aquilo era um fruto da dor que lhe fazia lembrar daquela noite terrível. Jimin não queria esse filho. Essa gravidez era surreal para ele.

     — Jimin... Nós conseguimos. – O maior sorriu satisfeito e se aproximou.

     — NÓS?! VOCÊ TÁ COMPLETAMENTE DOENTE!!! POR QUE TÁ FAZENDO ISSO COMIGO?! – Jimin perguntou aos gritos enquanto as lágrimas escapavam. — Apenas me mate de uma vez! Por favor! Mate-me!!! Seu lunático de merda!

       Aquele pedido deixou Namjoon surpreso. Ele não demonstrou nenhum arrependimento com o sentimento de desespero do rapaz. Ele apenas encarou Jimin gritando de desespero implorando pela morte, implorando para que todo o seu sofrimento chegasse ao fim.

     — Ainda não é sua hora... – Respondeu com frieza e tentou segurar a mão de Jimin.

     — NÃO! – O menor tentou correr, mas Namjoon lhe agarrou pela cintura o forçando a ficar. — MATE-ME POR FAVOR!!!

     — Eu não posso fazer isso! – Respondeu enquanto tentava contê-lo em seus braços - o que não era tão difícil, pois Namjoon era mais forte -.

     — Acabe com isso!!! O que mais você pode fazer comigo?! ME MAAATE!!! – O mais novo estava completamente desequilibrado, gritava pela morte o tempo inteiro. Nunca desejou tanto morrer.

        Namjoon carregou Jimin a força para fora da sala. O menor não parava de lutar, queria morrer de todo o jeito, mas, o maior não iria deixar ele partir, ainda mais agora que um ser que no momento estava do tamanho de uma semente de uva crescia dentro dele. Quando Namjoom sentiu seu corpo cansar, ele prensou Jimin contra a parede.

     — EU NÃO VOU MATAR VOCÊ!!! – Deixou bem claro enquanto lhe encarava com raiva.

     —EU QUERO MORRER! Só pra ter a certeza de que estarei livre de você! – Respondeu com toda sinceridade do mundo. Jimin não escondia sua revolta e tristeza. Ele não estava com medo de desafiar Namjoon, queria que o mesmo o matasse assim como matou Yoo-Jun.

     — Eu não posso matar você!!!

     — POR QUE?!!!

     — POR QUE EU AMO VOCÊ!!!

         Jimin não respondeu, continuou encarando o mais velho com ódio e conseguiu encontrar uma sinceridade duvidosa em seu olhar. Se Namjoon realmente o amasse, lhe deixaria partir. Ele tinha uma maneira muito estranha de demonstrar este sentimento que devia ser maravilhoso, devia ser de puro amor e carinho. O garoto respirava com pressa, seus olhos encheram de lágrimas e seus lábios começaram a tremer de tanta raiva.

     — Podemos viver bem. Podemos ter esse filho juntos. – Namjoon tentou convencê-lo dando um sorriso forçado logo depois.

     — Eu prefiro morrer... – Jimin respondeu sucinto com ódio evidente.

     Namjoon não respondeu e apenas deu um suspiro frustrante, em seguida, voltou a lhe carregar. Jimin não lutava tanto, pois já não tinha forças para vencê-lo. Ele foi levado de volta ao seu conjunto quarto subterrâneo.

     Ao ficar sozinho, Jimin gritou como nunca antes, desabafando toda sua revolta num grito sincero. Chegou ao seu limite. O garoto demonstrava várias emoções, tristeza, revolta e arrependimento. Ele começou a quebrar tudo dentro de seu cativeiro. Num ataque de fúria, ele destruiu tudo, rasgou alguns livros, derrubou sua estante, desforrou a cama e jogo os travesseiros longe. Em seguida, jogou-se na cama e se entregou as lágrimas. O que mais lhe causava revolta, era o fato de ter uma suposta criança dentro de si. Ele já não aceitava mais tanta ousadia, quem Namjoon pensa que é para fazer isso? Ele não queria carregar o pedaço de um homem que lhe fez tanto mal. Jimin tinha medo de olhar no rosto do bebê que deveria lhe trazer alegria, e encontrar traços de um homem que lhe desvirtuou, humilhou e feriu. Alguém que lhe fez ter um terrível pesadelo sem fim. Jimin não parava de desejar uma tragédia, torcia para que algum momento tivesse um ataque fulminante ou uma forte convulsão que lhe matasse, torcia para que houvesse complicações na gravidez e que ele não resistisse. Tudo de ruim ele desejava para si mesmo. Jimin já não se amava como antes, pelo contrário, se odiava e não parava de desejar o pior. Jimin realmente estava morto por dentro...

The DesireOnde histórias criam vida. Descubra agora