XXVIII

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      "Você depende de mim para viver" e "Ninguém te achará".

       Tais palavras eram ditas diversas vezes, sendo usadas para enfraquecer a mentalidade de Jimin que estava disposto a fugir dali. "Hoje eu vou deixar este lugar! Não vou desistir!" o Park tinha a necessidade de repetir essas palavras para si mesmo.

     Ainda escondido detrás da prateleira, o jovem conseguia ouvir os passos de Namjoon, ele estava entrando dentro do cômodo procurando pelo menor. Isso assustava Jimin... O Kim agora estava no quarto. Provavelmente, ele deu de cara com a câmera que agia sozinha e agora tentava enxergar o Park nos rápidos momentos de iluminação que a câmera proporcionava.

     Jimin suava sem controle, seu corpo já não obedecia mais seus comandos. Segurando ainda mais firme suas únicas armas de proteção, o jovem se atreveu a levantar.

       Era difícil não fazer barulho ao caminhar, pois estava tremendo muito, tremendo o suficiente para fazê-lo se irritar por não conseguir comandar seu corpo.

     Jimin só tinha uma chance e essa ele não poderia deixar escapar.

     Com a rápida visão que o flash da câmera lhe dava, Jimin pôde ver que Namjoon já estava no meio do cômodo.

    O homem moveu a cabeça de lado por encontrar a câmera fotografando diversas fotos com flash na imensa escuridão sem motivo —pelo menos não havia motivos para ele—. Namjoon não era fácil de cair em coisas do tipo, sabia que aquilo poderia ser uma estratégia de Jimin, pois o mesmo já estava aparentando ser uma ameaça. O Kim acreditava que a força psicológica seria o suficiente. Acreditava que se deixasse Jimin pra baixo com palavras, ele se tornaria submisso de novo. E ele não estava errado, o psicológico de alguém pode ser facilmente controlado pelas emoções, era preciso enfraquecer Jimin mentalmente com fatos negativos que poderiam acontecer em sua vida, e foi isso que Namjoon fez. Voltou a dizer coisas como "Sua família está morta, eu matei todos eles", "Desista Jimin... Você não vai sair daqui".

      Por alguma razão, o Park começou a passar mal por ouvir aquilo. Achou que fosse vomitar. Jimin começou a amolecer o corpo e pensou em pôr seu plano em ação atacando Namjoon com o martelo, mas ele não tinha nem forças para erguer o objeto. Ele estava perdendo o controle, os pensamentos negativos apareceram fazendo o jovem perder toda a coragem que tinha de enfrentar o Kim. O medo foi tanto que o Park começou a ficar pálido e a cambalear como se fosse desmaiar a qualquer momento, porém, Jimin mandou um rápido pensamento para si mesmo, "Se você desmaiar, Namjoon vai lhe encontrar e vai te levar de volta para o cativeiro. Vai sofrer novamente e talvez nunca mais tenha a sorte de ver a janela aberta mais uma vez" Jimin se apoiou nas únicas forças que tinha para se manter de pé. Além disso, o jovem estava suando frio e começando a ter febre de tanto medo.

      Por um momento, Jimin pôde relembrar tudo o que viveu naquela casa, naquele inferno! Passou a usar isso à seu favor, mesmo que a tensão do momento fosse a mais forte de sua vida, ele botou na cabeça que jamais poderia desistir, porque se ele desistisse, poderia morrer lá mesmo e se tivesse de morrer... Que fosse lutando.

     O Park estava por trás de Namjoon. O medo estava lhe tomando cada vez mais. Ver o homem que lhe aprisionara de perto e de costas para ele depois de ter o "agredido" lhe causava fraqueza nos músculos. Sabia que se algo desse errado, haveria punição, se Namjoon o pegasse, morreria de tanto apanhar. "JIMIN! Coragem! Não perca o controle, você está quase lá" seu cérebro passou a ter a obrigação de relembrar isso a cada segundo.

      Jimin se proximou um pouco mais de Namjoon que estava parado apenas observando a câmera registrar diversas fotos. O leve segundo de escuro após cada flash deixava Jimin com o coração disparado. O jovem então segurou com mais força o seu martelo e o ergueu se preparando para atacar o Kim.

      Um flash surgiu rapidamente e logo após escureceu a sala inteira. O próximo flash fez Jimin arregalar os olhos. Namjoon já não estava mais lá. Como ele desapareceu em fração de segundos? Num impulso rápido, Jimin olhou para trás e o próximo flash revelou Namjoon em sua frente com um sorriso macabro.

       Por efeito do susto, Jimin tentou martelar o rosto de Namjoon no rápido segundo em que a sala tornou-se escura mais uma vez. O Park acabou errando seu golpe e foi acertado com um soco no nariz lhe fazendo cambalear e tombar contra a mesa que derrubou a câmera fotográfica no chão. Em meio a queda, a faca e o martelo caíram de suas mãos em algum lugar na sala. Jimin desesperadamente engatinhou pelo cômodo a procura de suas duas únicas armas de defesa. Num rápido flash da câmera, Jimin viu Namjoon pegar sua faca do chão. Não havia mais o que fazer, sua faca já estava nas mãos de Namjoon e o martelo jamais encontraria no meio de tanto desespero na escuridão do laboratório. Os rápidos flash's que a câmera lhe oferecia não seria o suficiente para encontrar o martelo. Nunca encontraria nada em meio à tanta pressão.

      A única coisa que veio na mente de Jimin naquele exato momento foi correr. Correr o mais rápido que pudesse e ficar o mais longe possível do Kim que agora estava armado e lhe machucaria sem hestiar. Realmente, o universo parecia estar ao lado do cirurgião lunático. O jovem então se apoiou na prateleira para se levantar até que sentiu algo pontudo penetrar suas costas.

     — AAAAAAAAAAH!!!! – Gritou quase chorando.

      Namjoon deu-lhe uma facada profunda nas costas. Em seguida, retirou a arma branca de dentro do menor com uma certa violência lhe provocando mais dor e o fazendo cair enquanto choramingava. O desespero mais uma vez tomou conta de seu corpo, Jimin chorava de medo e de dor fazendo Namjoon sorrir por ver o menor fraco e tão abatido daquele jeito. O Park então olhou para o mais velho e ele negou levemente com a cabeça.

     — Eu disse Jimin... Você não vai me deixar. Eu nunca vou desistir de você. – Namjoon dizia com uma voz que revelava sua tranquilidade. — Olha só o que você me obrigou a fazer pequeno... Eu não queria te machucar, mas você não me deu escolhas. Agora... Vamos voltar para a nossa vidinha de sempre. – Este sorriu maliciosamente e jogou a faca de lado.

      O homem se aproximou e Jimin chutou seu joelho o fazendo cair e se irritar ainda mais. O mais novo então tentou rastejar até a porta. Dor e medo, era tudo que Jimin fora capaz de sentir naquele momento. Seu corpo tremia e ele estava suando frio. O sangue escorria rápido de suas costas deixando um rastro vermelho pelo chão. As lágrimas não paravam de rolar por achar que realmente fosse morrer naquele momento. "Namjoon vai me pegar... Eu sei que vou morrer." O coração de Jimin pulsou mais forte ao sentir Namjoon segurar seu tornozelo e lhe arrastar para mais perto de seu corpo. Por efeito do medo, automaticamente veio um alto grito do Park que pressionou suas unhas contra a cerâmica na esperança de se manter onde estava. A escuridão do local lhe causava pânico.

       Namjoon virou Jimin com violência o fazendo ficar cara à cara com ele. O mais velho então se pôs em cima do menor sentando-se em sua barriga. Levou suas grandes mãos ao pescoço do mais novo e o apertou com força impossibilitando Jimin de gritar.

       Namjoon agora estava lá, pressionando todo o seu peso no pescoço do menor para que ele por fim desmaiasse e voltasse ao cativeiro. Jimin agora precisava pensar rápido e agir com golpes simultâneos. O Kim estava lhe estrangulando com toda sua força e não iria demorar para que ele desmaiasse. O mais novo precisava golpeá-lo para que Namjoon perdesse a pressão em sua traqueia.

       A força que Namjoon usava também pressionava as costas de Jimin causando mais dor onde havia levado a facada. O mesmo tentou desferir um soco no queixo de Namjoon mas não o alcançou. Em seguida, levou suas mãos no pulso do maior tentando em vão fazê-lo parar.

      Jimin olhou de lado e o rápido flash da câmera que ainda tirava fotos, fez o jovem encontrar o martelo que estava ao seu lado um pouco distante. O Park então fechou forte os olhos e esticou seu braço direito na esperança de alcançar o martelo.

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