XVIII

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       A escada era estreita, inclinada e escorregadia. Jimin estava equilibrando uma tigela pesada de vidro que havia lavado no andar de cima e estava carregando para o cativeiro. Não conseguia ver seus pés e se equilibrava pelo caminho. Então aconteceu: Jimin escorregou e caiu. Ele bateu a cabeça nos degraus e ouviu a tigela se partir em pedaços, fazendo um barulho alto. Jimin apagou por um instante e quando voltou a erguer a cabeça, se sentiu mal. O sangue escorria de sua cabeça para os degraus. Namjoon estava bem atrás dele - como sempre - ele desceu e carregou Jimin para o banheiro.

     — Como pode ser tão desastrado?! – Namjoon reclamava dos problemas que Jimin lhe arrumava. — Você é burro demais até pra andar!

      De modo desajeitado, Namjoon pôs um curativo para estancar o sangue e trancou Jimin no cativeiro.

     — Agora vou ter que pintar os degraus de novo por sua culpa! – Gritou antes de pôr os diversos cadeados na porta.

       No dia seguinte, já estava tudo pintado sem deixar vestígios de que havia um ser humano preso ali. Por mais que ninguém fosse passar por aquela escada - até porque teria de passar por todas aquelas portas minúsculas para chegar no subterrâneo da casa-. Namjoon não queria deixar nada que pudesse ser provado com DNA. Tinha dias que ele chegava a limpar tudo que Jimin havia tocado.

       A cabeça do mesmo doía quando tentava erguê-la, uma dor aguda e pungente atravessava seu corpo e tudo ficava escurecido. Em algumas noites sem dormir direito por causa da dor, Jimin temia ter quebrado o crânio, não ousaria pedir para ir ao médico, até porque Namjoon é um renomado cirurgião e poderia salvar sua vida. Jimin odiava ser salvo pelo Kim, mas não havia outra escolha.

      Nas semanas seguintes, Namjoon bateu repentinamente no machucado de Jimin. Depois da queda, ele percebeu que o mais velho não fazia questão em lhe ajudar tão rápido. A única coisa de que Jimin estava a salvo, era de germes. Namjoon preocupava-se de modo histérico em evitar germes, Jimin estava a salvo das doenças, apesar do contado com o maior.

      Mas um acidente poderia ter acontecido a qualquer momento durante o trabalho duro. Era um milagre que Jimin saísse das surras com grandes hematomas, contusões e lesões, e não ter quebrado um único osso.

                    ~ Dias Depois ~

       Era noite e Jimin estava no andar de cima, com certeza, Namjoon queria que o menor dormisse com ele. O garoto estava sentado na beirada da cama pensando no que podia fazer para fugir, as oportunidades para escapar quase não existiam. Jimin sempre estava com poucas roupas, quase nú como sempre. Namjoon não o deixava completamente vestido, isso era mais uma de suas técnicas para manter Jimin preso a ele. O Kim sabia que o garoto não iria fugir pela estrada sem as peças de baixo, e o deixava magro para lhe dar uma aparência triste de ver. Na mente de Namjoon: quem iria ajudar um louco correndo assim na rua com uma conversa de que foi sequestrado há mais de 1 ano? Pálido, cadavérico e mal vestido.

       Eram estes os pensamentos que Namjoon tinha na cabeça, poderia estar certo? Sim. Mas havia outra vantagem para ele, Jimin não tinha medo só da casa, e sim do mundo exterior também, qualquer pessoa poderia ser uma ameaça para o garoto cheio de traumas. Jimin tinha medo de escapar e pedir ajuda, por sua situação, iriam pensar que ele era um daqueles loucos que saíam pelas ruas dizendo que o fim do mundo está próximo e não iriam lhe ajudar, outro fato que lhe dava desvantagem, era saber que Namjoon mora no meio de uma rodovia mal movimentada. E se ele conseguir escapar mas não encontrar ajuda? Por estar desnutrido e fraco, Namjoon lhe alcançaria fácil, iria arrastá-lo de volta ao cativeiro e talvez matá-lo por ser tão desobediente. As lágrimas escorriam do rosto de Jimin enquanto pensava nisso.

      O mesmo levantou e parou no meio da sala, secou suas lágrimas com as costas das mãos e cruzou os braços, ele sentia fome, medo, desconforto... Só queria ir para casa. Pensava todos os dias nos seus pais e ficava imaginando se eles e Hoseok ainda o procuravam. A vontade enorme que Jimin tinha de gritar: “estou aqui! Estou vivo! Me salvem!”. Mas quem poderia lhe ouvir?

       Namjoon entrou no quarto e viu Jimin de pé em sua frente. O mesmo estava morrendo de medo, o mesmo medo de sempre. O Kim trancou a porta e guardou a chave no lugar de sempre, ele parou por um segundo e encarou Jimin.

     — Por que está chorando? – Perguntou frio.

     — Nada... – O menor murmurou em voz baixa e virou de costas. — Me deixa ir... Por favor... – Sussurrou em meio a soluços e levou as mãos aos olhos. Mas Namjoon não sentia nenhum pouco de pena.

     — Não precisa chorar... – Namjoon se aproximou e parou à dois centímetros de distância do menor. O mesmo pôde sentir a respiração tocar sua nuca. — Você vai ter tudo aqui comigo. Sua família não lhe ama. – Ele falava convicto de suas próprias palavras. Jimin não dava atenção, apenas sentia raiva. — Vou fazer você sentir prazer nesta noite. – Disse calmo fazendo com que o menor arregalasse os olhos. O mesmo foi empurrado de maneira bruta e caiu em cima da cama. Namjoon se aproximou rápido e deu-lhe um tapa na bunda.

     O pesadelo estava acontecendo de novo. Sem demorar, Namjoon rasga as poucas vestes que o menor vestia, doía enquanto ele fazia isso, o Kim rasgava suas roupas de maneira bruta e isso machucava seu corpo dolorido coberto de hematomas. O menor chorava e rezava em mente. Após tirar toda sua roupa, Namjoon encarou o garoto como se ele fosse sua presa. O Kim dizia coisas obscenas que davam vontade de vomitar no menor. Jimin levou as mãos a cabeça e se encolheu em posição fetal, continuou chorando, dessa vez com mais intensidade. O garoto estava imóvel, não sabia o que dizer ou fazer, só conseguia chorar de desespero, o medo consumia sua alma e ele não fora capaz de reagir, e mesmo se fosse, não iria aguentar por muito tempo. O som de zíper sendo aberto arrancou o resto de força que Jimin possuía. Mais uma vez ele estava paralisado de medo.

       Namjoon se pôs em cima do menor e se encaixou entre suas pernas.

— Não... Por favor. De novo não. – Jimin pediu mas o Kim não deu importância.

       Ele penetrou o menor arrancando-lhe um grito de dor. O maior tapou a boca de Jimin e começou a investi-lo sem dó. O garoto não sentia um pingo de prazer com aquilo, apenas dor, seu subconsciente ajudava nisso.

       Jimin estava com os olhos fechados, as lágrimas molhavam seu rosto enquanto sentia Namjoon lhe invadir cada vez mais rápido. Seus gritos estavam abafados devido a mão do maior que lhe impedia de dar algum sinal.

     — Abre o olho... Eu sei que você está gostando. – Ele fala ofegante e Jimin sente vontade de vomitar.

       Os minutos pareciam anos, aquela sessão de coisas ruins pareciam não querer terminar. Namjoon continuou até chegar em seu limite. Ele sai de cima do menor e lhe dá um beijo no pescoço, Jimin sentia nojo disso. Ao mesmo tempo sentia-se errado, sujo... Namjoon sabia como humilhar sua vítima.

     — Bom garoto... – Ele diz tentando controlar sua respiração. — Vou tomar banho agora.

       Ele se retira e tranca Jimin no quarto. O choro do menor é um choro mudo, seu rosto está vermelho e inchado de tanto chorar, ele já não tinha mais forças para tentar reagir, estava coberto de hematomas e seu corpo doía, não havia o que fazer. Mesmo assim, ele tentava ser forte psicologicamente e dava o seu melhor para não deixar a fraqueza mental lhe destruir. Pois fisicamente, Jimin já estava destruído.

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