ᴄᴏɴsᴇϙᴜᴇɴᴄᴇs 彡 ᵇᵘᵍʰᵉᵃᵈ

What I am supposed to do?

O rosto dela denunciava que ela lembrava daquela noite tanto quanto eu, mas ela manteve a postura rígida e estreitou os olhos enquanto me observava.

Depois de um longo suspiro, ela finalmente cedeu, cumprimentando-me com um aperto de mão.

- Betty Cooper.

Disse simples, e saiu, arrumando sua mochila nas costas.

O que havia com as mulheres daquela cidade, que insistiam em me dar as costas e me deixar falando sozinho?

Reviro os olhos e deixo que um suspiro de frustração escape de minha boca.

- Quer companhia pra ir embora? - a voz de Toni me faz dar um pulo, fazendo-a rir. - Sweet Pea e Fangs me deixaram na mão. - explica-se, quando viro em sua direção.

- Vamos. - rio nasalado e indico o caminho com um movimento de cabeça. - Estou mesmo precisando conversar. Precisa ir direto pra casa? - ela nega com a cabeça.

Até que nossas atividades extracurriculares fossem definidas, nós tínhamos as tardes livres depois das aulas, e graças a isso, pude dirigir minha moto até o Pop's pra conversar com Toni, que naquele momento, era a única pessoa com quem eu poderia desabafar.

- Desembucha, Jones. - Toni ordena, levando o canudo de seu milkshake aos lábios. - O que foi toda aquela cena com Veronica?

- É até difícil saber por onde começar, Toni. - resmungo, terminando de engolir minha batata. - Você melhor que ninguém sabe o quão devastado eu fiquei com a injustiça que foi feita com meu pai, não quero que isso se repita. - confesso.

- Mas o que isso tem a ver com sua ex, aliás, com a sua namorada?

A confusão fica clara em seu rosto, quando a garota de cabelos coloridos uni as sobrancelhas e tomba a cabeça levemente pro lado. Mordo meu lábio inferior e junto minhas mãos sobre a mesa, ainda relutante sobre falar ou não tudo o que havia acontecido. Mas eu confiava em Toni, mais até do que em Fangs ou Sweet Pea, então, decido falar.

- Foi ela. Ela e ela aquela maldita advogada do diabo que ela chama de mãe. - quase explodo.

- Você está me dizendo que a Veronica e a Hermione armaram pra colocar o FP atrás das grades? - ela arregala os olhos, de maneira que os mesmos parecem que vão saltar de sua face a qualquer momento. Apenas assinto com a cabeça. - Mas por que? O que elas ganhariam com isso, afinal?

- Absolutamente nada. E sinceramente, isso me mantém acordado a noite.

Solto um riso amargurado e enfio os dedos em meus cabelos. Por alguns segundos ficamos em completo silêncio, mas logo respiro fundo e volto ao meu desabafo.

- As vezes eu acho que a Veronica é completamente maluca. Num segundo, eu estava terminando com ela por não dar mais certo e não ter mais sentimentos, e no outro, meu pai estava sendo preso por que plantaram uma quantidade absurda de drogas no nosso trailer. - mordo meu lábio inferior com força, e fecho minha mão da mesma maneira. - Ela fez questão de jogar na minha cara que aquilo havia sido obra dela, e que meu pai só seria solto se eu voltasse pra ela, e então eu o fiz. Mas pra minha sorte, ela saiu da cidade para as férias, e eu continuei vivendo minha vida, como se ela nunca tivesse existido. - tomo um gole do meu refrigerante e observo as reações de Toni por alguns segundos, antes de voltar a falar. - Se ela sonhar que eu me interessei por outra garota e a "traí", eu nem sei o que pode acontecer, Toni.

- Isso precisa acabar, Jughead. Sua vida não pode ficar dependendo dos caprichos de uma garota mimada. - Toni explode irritada.

- Eu sei que precisa acabar, e é o que eu mais quero. Mas o que eu supostamente tenho que fazer? - jogo as mãos pra cima em frustração e nego com a cabeça. - A mãe dela parece estar de acordo com tudo isso. E, além disso, o maldito prefeito que sempre quis todos da nossa gangue atrás das grades está de casamento marcado com a mãe dela, Toni. E pra ele, é muito válido ter o líder da gangue atrás das grades, assim, sabe que todos nós ficaremos quase invisíveis na cidade.

- Então você pretende lidar com isso até quando? - questiona preocupada.

- Até a Veronica enjoar. Eu a conheço bem, logo ela enjoa, confia em mim. Ela acabou de entrar numa escola nova, logo ela acha carne fresca pra atormentar e larga do meu pé.

- Ela saiu de uma escola particular pra te seguir até a Riverdale High, Jug, eu acho difícil de acreditar.

- Bom, se ela não enjoar, eu vou precisar pensar em outra coisa. Mas por agora, tudo o que eu preciso fazer é dar um jeito de cuidar para que ela não apronte mais nada pro meu pai.

Toni e eu conversamos por horas, e nem percebemos quando a noite já começava a chegar, acompanhada de um vento gelado. Deixei minha fiel escudeira em casa, e por fim, segui até o trailer, que estava vazio e silencioso, já que meu pai estava no trabalho.

Encaro o teto enquanto mantenho meu corpo largado sobre o sofá da minúscula sala. Lembranças da noite em que conheci aquela garota - que hoje descobri se chamar Betty - invadiam minha cabeça.

Na verdade, não eram lembranças da noite em que nos conhecemos, e sim, da manhã seguinte.

Flashback:

Abro os olhos com certa dificuldade por conta da claridade que invadia meu quarto através da janela e me remexo na cama. Arqueio a sobrancelha em confusão ao notar a ausência da garota que eu jurava estar ao meu lado quando fui dormir.

Me sento na cama e olho ao redor, vendo o quarto todo bagunçado, observando os rastros da noite intensa que eu havia vivido há algumas horas.

Mas ela não estava ali. Nem um bilhete com seu número havia ficado para trás, e aquilo havia me incomodado profundamente.

Saio do quarto, vestindo apenas uma calça de moletom. Atravesso o pequeno trailer, o deixando pra trás e caminhando em direção ao trailer de Fangs, encontrando o mesmo do lado de fora conversando com Joaquin e Sweet Pea ao redor de uma pequena fogueira.

- Algum de vocês. - murmuro alto, chamando a atenção dos três garotos. - Sabem o nome da loira que estava comigo ontem a noite?

Tomo o saco de biscoito da mão de Fangs, e me sento ao lado do mesmo, em uma das cadeiras. Os três se entreolham por alguns segundos e negam com a cabeça em conjunto.

- Se você que estava fodendo com ela não sabe, como quer que a gente tenha ideia. - Sweet Pea debocha e eu o encaro com um olhar mortal.

- Só sei que ela não é daqui, deve ser alguma amiga do Kevin. - Joaquin se pronuncia e dá de ombros.

- Afinal, pra que quer saber? Sua namorada chega hoje de viagem de todo jeito. - Fangs arqueia a sobrancelha e eu sinto uma onda de frustração tomar conta de meu corpo.

- Isso não pode sair daqui. Veronica não pode nunca nem sonhar que eu a traí, me entenderam?

Antes que eles pudessem me responder, me levanto num ato brusco e praticamente corro de volta para o meu trailer.

O resto do dia eu fiquei com imagens daquela maldita garota na cabeça. Os cabelos dourados, os olhos verdes grandes, a boca bem desenhada, as curvas do seu corpo que pareciam ter sido feitas para que ela se encaixasse perfeitamente em mim.

Demoraram dias para que eu conseguisse tirar a loira da cabeça. Mesmo com a chegada de Veronica, parecia impossível afastar minha cabeça daquela noite.

Eu ansiava por saber o nome dela, por vê-la de novo.

E agora eu sabia o nome dela, e a veria todos os dias, mas não poderia me aproximar, ou tocá-la. Tudo isso, graças a louca da Veronica.

Eu não me sentia daquele jeito por causa de uma garota fazia muito tempo, ainda mais sobre uma garota que eu havia visto apenas duas vezes. Mas, ou eu parava com aquilo antes que se tornasse algo mais intenso - como tudo era comigo -, ou eu acabaria me ferrando. Ou pior, ferrando alguém importante pra mim.