Cam Boy - XiuHan

Capítulo 40

Uma vez ouvi uma conto mitológico grego sobre o amor, não uma fabula onde uma moça se perde de paixão por um outro cara e ganham um final feliz, muito menos um conto de fadas onde os beijos de amor verdadeiro acontecem, era algo bem mais profundo e racional do que todas essas ficções.

Zeus havia criado nós humanos, completos e únicos, plenos, fisicamente e espiritualmente, possuíamos duas cabeças, quatro braços e quatro pernas, mas como a ganância e o exagero atingiu o coração corruptível humano, esse, por sua vez tentou tomar o lugar de Zeus e dos outros deuses no monte Olimpo, então o ser criador, impedindo os humanos de usurpar seu lugar em momento de grande ira castigou sua criação, com uma espada separou ao meio cada ser criando duas partes.

Os humanos desesperados com o castigo dado por Zeus foram a procura de sua outra metade pois sem ela eles não viveriam, com o tempo desenvolveram sentimentos e emoções como a falta da outra metade e não a encontrando se afogavam em saudade e tristeza, passando assim a vida toda sentindo que algo havia sido perdido, onde morriam numa incansável busca de sua outra metade.

Esse conto pode parecer triste mas aos meus olhos eu consigo enxergar a beleza e a glória escondidas atrás das palavras, se não nos decepcionássemos com quem pensamos ser a nossa outra metade, se não chorássemos a cada vez que nosso coração é quebrado nós não ganharíamos mais força para ir em busca da parte que nos falta, é verdade que muitos se sentem melhores em sua individualidade ou desistem de procurar sua outra parte, mas a verdade é que é natural que caiamos por amor, que nossas batidas aumentem, que tenhamos desejos ao ver outro corpo, que sintamos carência, ou seja, a falta de algo que nos preencha por dentro, então logo posso dizer, que temos sim uma outra metade para nos complementar e nos proporcionar um sentimento pleno de totalidade.

Um exemplo disso somos eu e Minseok, pois parecemos nos completar mesmo que as vezes nós mesmos nos transbordemos e falte espaço vazio, um sentimento de pertencimento nos une, algo invisível nos atraí como dois imãs, uma fome referente ao outro parece nos consumir por dentro, nos faz desejar um pelo outro, nos faz ficar ansiosos um pelo outro.

Assim como naquele dia em que cheguei em casa e encontrei o garoto em um estado deplorável por causa da minha falta, assim, eu também fico quando não posso vê-lo, existe um cordão imaginário que nos liga, algo diferente que eu não sei definir em um único significado, pois remeter isso a um significado é matar a imensidão de emoções, sentimentos e sensações dentro de nós, não nos enquadramos em coisas existentes, por mais que precisamos delas para tentar explicar o que acontecem no nosso interior.

Nós dois somos o novo e o indefinido.

Mas podemos nos chamar de amantes, de amadores do amor, de apaixonados, de loucos por amor e reféns da alma alheia.

E mas do que o bendito e maldito amor, eu e Seok somos desejo, fogo, pele, língua, carbono, toque, oxigênio, voz, gás, movimento, som, choque, velocidade e explosão. 

Esse é o maior presente nos dado, a condição de atrair outro ser, de ser olhado, a condição do desejo, nos torna humanos e suscetíveis uns aos outros, quebra o nosso ego, remodela as estratégias, exerce poder, exige força e competência.

Diante das mil e uma declarações que já fiz sobre o corpo inigualável do garoto habitante da minha casa devo lembrar que nada é e nunca será igual à aquilo. É inebriante a forma que ele possui, é voluptuosa e me chama atenção, me faz querer ser rude, duro e rápido, mas digo que também me faz querer ser suave, calmo e quente. É incrível como ultimamente eu descrevo folhas e mais folhas de poesia mental sobre ele, há dias em que meu coração até pesa de tanta coisa em que penso.

Voltando ao que eu gostaria mesmo de dizer, é inevitável não pensar no Kim e não sentir um aperto nas calças, não tenho vergonha alguma em dizer que eu o queria na minha boca, e nem de dizer que gostaria muito que a língua dele viesse me causar arrepios internos.