Capítulo Seis

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Nos vemos lá em baixo!

*

Depois da festa na sexta, Kihyun havia tido uma discussão muito feia com a mãe, na qual o pai teve que interferir e Sewoon se trancou no quarto com ele até que parasse de chorar. Ele odiava discutir com ela, se sentia incapaz de respondê-la de uma forma que não gerasse uma mágoa que repercutiria para os dois lados.

Por isso ficou em silêncio enquanto ela gritava.

Ela o chamou de irresponsável por ter ficado na casa do pai de Jeongyeon em Mulbang-ul, de ingrato por tê-la "respondido mal" ao telefone e, por fim, de mentiroso por não ter falado que Jeonghan havia ido junto. Ela o perguntou se eles haviam saído sozinhos, mas não acreditou quando Kihyun negou. Ela ligou para a mãe da amiga para tirar tudo à limpo, e mesmo quando a mulher lhe confirmou que a filha esteve com Kihyun, a mulher tendeu a desacreditar.

Seu pai, por outro lado, havia se animado com a ideia de Kihyun ter passado a noite sozinho com Jeongyeon. No Domingo ele lhe deu um tapinha nas costas e o parabenizou em voz baixa, como se torcesse para que a esposa não o ouvisse.

Kihyun não sabia qual das atitudes lhe doía mais.

Naquela noite de Domingo, Kihyun ficou na igreja mesmo depois da família ter ido embora. Ele se ajoelhou perante a imagem de nossa senhora, juntou as mãos entrelaçadas em frente ao rosto e chorou.

Chorou porque se sentia tão sufocado quanto culpado. Chorou porque não conseguia mudar seus desejos, mesmo que se abstivesse de quase tudo. Ele chorou porque se sentia preso em casa, mas, principalmente, se sentia preso pela própria consciência, pois possuía a absoluta certeza de que se jogasse tudo para o ar, cairia e queimaria.

Por que, desde criança, ele ouvia que o inferno era o único caminho para pessoas como ele e tinha medo, mas simplesmente não conseguia se desligar do fato de que era gay.

E sabia disso desde muito novo.

Yoo Kihyun era um garoto puro e sensível, e sua forma gentil de demonstrar amor aos coleguinhas irritava o pai. Eles o colocaram como coroinha muito cedo porque sabiam que o filho era diferente, mesmo que fosse apenas uma criança de seis anos sem maldade nenhuma quando abraçava os colegas em vez de cumprimentá-los com um toque de mãos sem profundidade. Ele sempre gostou de azul, muito, mas ainda assim preferia brincar de cozinhar que de correr com seus carrinhos.

Os anos se passaram e aos nove anos de idade Kihyun se apaixonou pela primeira vez, só que ele não sabia disso. Mas ainda assim gostava muito de Yoongi.

Os pais do garoto trabalhavam para uma empresa de turismo e nunca ficavam muito tempo no mesmo lugar; os garotos estudaram juntos durante um ano na escola integral de Susaseum, e eram apenas inseparáveis.

Kihyun gostava de abraçar Yoongi e o garoto nunca lhe negava nenhum contato, o retribuindo todas as vezes. Ele não se importava em gritar aos quatro cantos que o garoto era seu melhor amigo e seus pais puderam lidar muito bem com isso durante algum tempo, até que em uma viagem rápida até Mulbang-ul para visitar a avó no hospital, ele viu dois estudantes trocando um beijo através do vidro do carro.

Ninguém além dele mesmo viu e nada teria acontecido se a pessoa que tivesse visto não fosse Kihyun, por que, até aquele momento, ele não sabia que garotos podiam se beijar. Em sua cidade, ele apenas via garotos beijando garotas e alguns de seus não-melhores-amigos viviam falando sobre as garotas com quem queriam dar o primeiro beijo.

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