Capítulo Dezenove

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Nos vemos lá em baixo!

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Assim como todo jovem que vive em um lar religioso, foi natural que a mãe o levasse para a catequese - um caminho comum às crianças como Kihyun, afinal era uma cerimônia importante e um degrau à ser caminhado. Lá ele havia aprendido muito sobre as escrituras sagradas e ouvido inúmeras histórias que mais tarde foram esquecidas em meio à tantas memórias infantis.

Mas existia uma em especial que ele jamais esqueceria.

A queda de Sodoma e Gomorra era uma passagem costumeiramente utilizada para criticar a homossexualidade dentro do padrão religioso - muito mais que o texto de Levíticos deixado por Moisés ou o que fora citado por Paulo no Novo Testamento, a história dos anjos que visitaram Ló e posteriormente cegaram os moradores da cidade quando estes pediram que os visitantes lhes fossem dados para o prazer sexual, sempre era um fator apontado como crítica à orientação homossexual.

Toda a culpa da destruição das cidades pelo fogo enviado por Deus sempre fora dada à homossexualidade existente no trecho, e não ao fato de Ló oferecer as duas filhas virgens para serem abusadas no lugar dos hóspedes (que, por acaso, eram anjos). O título de pecado era dado à "imoralidade sexual dos homens" e não à violência propriamente dita, ainda que a Bíblia originalmente acusasse a destruição como sendo ocasionada pela maldade e ganância daquele povo.

Anteriormente, Kihyun não entendia por que Deus destruiria duas cidades por uma característica inata e não pela natureza má dos habitantes, mas quando se é cercado por religiosos, você aprende que abaixar a cabeça é extremamente mais simples e até mesmo louvável que se rebelar contra.

Por que se rebelar contra a palavra de Deus é rebeldia, e rebeldia também é pecado.

A ele então coube o silêncio e a servidão que não lhe eram naturais, por que ser rebelde o levaria ao inferno da mesma forma que ser gay o levaria, pois para Deus não existia distinção entre grandes ou pequenos pecados, mas sim o ato como um todo.

Porém em uma sociedade cristã essa distinção existe e Kihyun se encontrava no topo da pirâmide; não precisava subir ainda mais.

Mas aquele momento estava existindo.

O coração estava batendo forte e o corpo quente parecia nunca se acalmar, ainda que os toques ficassem cada vez mais constantes e fortes. Changkyun moveu o quadril para frente, roçando as intimidades juntas outra vez e Kihyun gemeu baixo com o aperto gostoso que fazia as pernas ficarem dormentes.

A língua experiente guiava o beijo tão bem, os dedos longos pareciam conhecer cada pedaço seu como se já os tivessem explorado antes, a pele reagia à cada segundo, se arrepiando parte por parte, encontrando nas digitais alheias o acalento para o tesão recorrente e guardado durante tempo demais...

Por que Im Changkyun o desestruturava e ainda que Kihyun fosse esforçado, sabia que não era uma novidade. Aquela sensação era natural pois a ansiedade antecedente era óbvia... e o mais novo estava certo.

Yoo Kihyun também o desejava.

Entretanto, mesmo que o corpo todo o correspondesse, ainda que seu estômago se revirasse em concordância à atitude e seu coração se agitasse com a novidade, algo dentro do mais velho tinha a certeza absoluta de que aquilo era fruto do mais puro pecado.

Por que ele se lembrava de Sodoma e Gomorra e não queria ser também destruído pelo fogo.

Por isso ele respirou fundo e empurrou fracamente o corpo de Changkyun para trás até que ele conseguisse por os pés no chão novamente. Os olhos se encontraram durante poucos segundos e o mais novo compreendeu tudo, deixando que seus dedos se agarrassem à jaqueta quente que cobria o corpo alheio para puxá-lo até tê-lo perto outra vez.

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