Capítulo Dez

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Nos vemos lá em baixo!

*

Kihyun havia perdido as contas de quantas vezes havia ido até a biblioteca apenas nos últimos dias, mas havia voltado ali apenas para tentar aprender um cálculo específico antes da prova no segundo período. Ele sempre soube que a faculdade de arquitetura seria difícil, mas a quantidade de livros que ele vinha lendo para conseguir compreender tudo o que precisava aprender vinham destruindo seu ânimo.

Mas se estressar com cálculos ainda era uma ideia melhor que ficar em regime interno dentro de uma igreja, e nas últimas semanas a senhora Yoo parecia determinada em encher o saco com aquele assunto.

Ter ficado preso naquele elevador com Changkyun havia desencadeado uma série de reações que o calouro não tinha desde que havia terminado o ensino fundamental, há três anos. Suas visitas à igreja se tornaram mais frequentes e suas orações mais fervorosas.

E é claro que tudo isso acompanhou um alto número de vezes que ele se trancou no banheiro, fingindo um banho falso para chorar copiosamente por não conseguir tirar aquele cheiro da cabeça. Ainda que tenha devolvido a camiseta de Changkyun lavada e dobrada no dia seguinte, toda a movimentação havia atraído a atenção de Chung-he, que não tardou à reiniciar todo o assunto sobre o sacerdócio e o quanto aquilo a faria feliz e orgulhosa, sempre jogando o assunto como quem não queria nada.

E tudo aquilo o vinha esgotando tanto quanto os cálculos incompreendidos.

Kihyun não demorou até encontrar a sessão desejada (uma vez que vinha fazendo aquele caminho com absurda frequência), mas odiou quando viu a altura na qual o livro se encontrava; existiam poucas coisas que odiava, mas uma delas, sem sombra de dúvidas, era ser baixinho.

Ele apoiou uma das mãos na prateleira de ferro que guardava todos os livros extremamente grossos de Cálculo I e subiu na ponta dos pés para alcançar o volume que desejava. Puxou o objeto pela beirada, mas seu corpo se desequilibrou e o puxão forte e desproposital fez com que um segundo livro viesse junto do primeiro.

Tudo aconteceu muito rápido e Kihyun não saberia explicar de onde ele surgiu ainda que tentasse com muito afinco. Changkyun não era muito mais alto que si e também teve que se colocar nas pontas dos pés para segurar o segundo livro antes que ele caísse diretamente na testa no calouro, mas o último ainda pôde sentir o corpo se arrepiar e a garganta secar quando o olfato captou aquele cheiro e ele pôde ouvir a voz debochada que não demorou meio segundo para chegar depois daquilo.

As escadinhas de auxílio perguntaram o que você tem contra elas.

O Yoo levantou os olhos assustados até que pudesse ver o sorriso tão debochado quanto a voz, se afastando com pressa e fechando a cara quando seu corpo permitiu que ele associasse a implicância.

— Diga a elas que me perguntem diretamente da próxima vez.

— Wow, você é cruel. — Changkyun brincou e ajeitou o livro na prateleira. — Eu acho que nunca vou me acostumar com o fato de ser odiado.

Kihyun franziu as sobrancelhas.

Eu não odeio você. — O mais novo cruzou os braços e sorriu de canto, encarando-o como se esperasse uma resposta sincera. Ainda que se importasse muito pouco com a opinião alheia, Kihyun e sua rispidez o intrigavam, ainda que tentasse convencer-se de que era apenas a curiosidade usual e o tesão.

O mais velho suspirou e até mesmo seus ombros relaxaram. Ele negou com a cabeça algumas vezes e Changkyun chegou a estranhar o tom de voz calmo.

— Certo, me desculpe. — Kihyun mantinha o rosto baixo, pois sabia que coraria. — Sua personalidade me intimida e eu fico na defensiva, mas eu não odeio você. Você foi muito legal comigo naquele dia do elevador, então me desculpe.

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