Assim que o barão entrou pela porta de uma das muitas salas privativas do Royale, Elizabeth sentiu o ar deixando seus pulmões em sinal de nervosismo. Ela havia contado cada pequeno detalhe da história que seu pai havia repassado, e ela, sua irmã e os três sócios haviam decidido como lidar o barão. Eles haviam dissecado cada aspecto daquele plano, mas sempre algo dentro da mente dela sempre continuava martelando que havia algo de errado.
Ela se sentia exposta, frágil. Como se o tiro fosse escapar pela culatra a todo momento. Enquanto, tentava se acalmar e respirava fundo, ela se questionava porque havia se metido naquela confusão. Aquele cômodo tinha um aroma peculiar de charutos e conhaque. Bem similar ao cheiro de Duque, mas o perfume do cavalheiro tinha um quesito a mais que o tornava muito mais atraente.
Elizabeth olhou para o objeto de seus pensamentos. Duque estava do outro lado da sala, encarando Thompson com um olhar extremamente ameaçador. O moreno parecia algum tipo de vingador, pronto para fazer justiça. Um tipo de justiça bem dolorida e torturante. Nenhum traço daquele olhar doce que ele dirigia para a moça em alguns momentos específicos.
Para falar a verdade, o humor todo da sala estava um pouco alterado. Todos pareciam tensos, esperando outra manobra do barão. Até June, com seus inocentes olhos cinzentos, tinha suas feições determinadas. Bem, nem todos daquele recinto estavam apreensivos, o chantagista parecia extremamente relaxado. Chegou tirando a cartola, pendurando o casaco com um sorriso no rosto. Na percepção dele, aquele seria um ótimo dia:
-Bem, meus queridos. Finalmente os senhores perceberam que a melhor alternativa é realmente entregar-me o dinheiro e deixar que esse assunto se aquiete. Fico feliz que não foram idiotas de tentar alguma besteira como me desafiar a soltar as informações que eu possuo.
Os olhos do barão estavam agitados, passando por todas as pessoas daquela sala. A postura, antes confiante, começou a parecer preocupada com a falta de resposta dos cinco. Houve um pequeno momento suspenso na sala. Todos ficaram exatamente na mesma posição, sem mover um centímetro que fosse.
-O que aconteceu com os senhores? O gato comeu a língua dos cinco?- Thompson ainda tentava manter o bom humor, ele parecia ainda acreditar que conseguiria o dinheiro. O clima na sala era extremamente hostil, mas o senhor recusava-se a entender as pistas deixadas no ar, logo ele que havia percebido tão pequenas sutilezas dentro do Royale e as havia usado a seu favor.
O silêncio foi quebrado pela risada melódica de Ethan. É claro que o loiro tinha que tratar um momento como aqueles com uma postura carregada de ironia. Elizabeth não o conhecia tão bem assim, mas já sabia que cabia perfeitamente ao jeito dele. O cavalheiro estava sentado no sofá, com uma postura totalmente tranquila. Os olhos cinzentos olhavam diretamente para Thompson e Elizabeth agradeceu aos céus que não era o alvo da ira daqueles olhos de um azul quase cruel. Mas mesmo os olhos demonstrando uma cólera incontrolável, a fala do loiro era tranquila e mansa.
-Meu caro senhor Thompson, mas hoje não será possível que o senhor receba aquela quantia que há um tempo anda querendo. Tente outro dia. Talvez... não sei... quando o inferno esfriar- Ethan endureceu a voz na última frase. O barão arregalou os olhos, surpreso com aquele recusa violenta. Afinal, na mente dele, os cinco ainda estavam à mercê de suas vontades.
-Acho melhor o senhor calcular o tom que usa comigo. São vocês que estão sendo chantageados, não o contrário- o senhor Thompson apontou um dedo para Ethan e ergueu as sobrancelhas. Aquele gesto fez Elizabeth, por algum motivo, lembrar-se de Phillip. Pensou que a maneira como ele falou se assemelhava muito a um pai dando um sermão.
-É aí que o senhor se engana- James entrou na conversa, com um leve sorriso arrogante no rosto- Parece que o senhor anda apontando os erros dos outros e esqueceu de esconder os próprios. Tsc, tsc, tsc. Que feio! Essa é a primeira regra a ser seguida quando se chantageia alguém. Pensei que o senhor sabia muito bem disso. Porque afinal...
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Exílio do Amor (Livro I da Série "Família Clark") [COMPLETO]
Historical FictionInglaterra, século XIX Elizabeth Clark não era nem um pouco parecida com outras damas da alta sociedade. Estava já em sua sexta temporada, o que automaticamente a fazia uma solteirona. Mas ao contrário da maioria das damas, ela não se incomodava nem...