Elizabeth sentiu uma leve pressão no estômago ao adentrar a mansão Smith. Sabia que o momento de conhecer seu sogro chegaria em algum dado momento, mas evitava o pensamento o máximo possível. Mas não havia escapatória, Gregory e Elizabeth já haviam regressado a França há uma semana e não havia como justificar mais tempo em Londres sem fazer uma visitar ao senhor e senhora Smith.
A viagem dentro da carruagem pareceu uma eternidade, mesmo sendo um trajeto de no máximo vinte minutos. Gregory permaneceu em silêncio o tempo inteiro, batendo o pé nervosamente e não parando de mexer as mãos. Em situações normais, Elizabeth tentaria acalmar o amigo a todo custo, mas ela própria estava imersa em seus próprios pensamentos.
Fazia dois dias que havia encontrado Duque no Royale e ainda não conseguia tirar aquele beijo da sua cabeça. Como ela poderia ter sido tola o suficiente para cair nos encantos dele novamente? Simplesmente ignorar todos aqueles sentimentos ruins que surgiram desde a maldita carta de June. Meia dúzia de palavras doces e ela se atirava nos braços do moreno, completamente vulnerável. Logo ela, que normalmente era sempre racional e deixava a lógica falar mais alto, deixava de lado todas as ressalvas por um cavalheiro.
Não conseguia forçar-se a esquecer todas as palavras doces, todos os sorrisos e olhares trocados repletos de significados ocultos. Quando se tratava dele, sempre voltava a ser uma tonta, pronta para receber todo o seu afeto. Mas não poderia permitir que aquela situação se alongasse. Ela estava noiva de Gregory e mesmo que os dois concordaram que a fidelidade não era necessária num matrimônio de fachada, envolver-se com Duque era muito perigoso para seu coração. Caso deixasse sua guarda baixar para o dono do Royale, não saberia onde toda aquela situação pararia.
Seus pensamentos foram interrompidos quando entrou no saguão de entrada da mansão Smith. Naquele momento, percebeu que estava entrando em uma realidade bem diferente da sua. Apesar de seu pai ter uma boa renda, capaz de sustentar os filhos, Phillip nunca fez questão de ostentar uma mansão repleta de luxos ou com roupas extravagantes. Mas a alta nobreza tinha o pensamento oposto ao da família Clark, e os pais de Gregory não seriam exceção.
O piso do saguão era feito do mais puro mármore e o corrimão da escada tão bem polido que chegava a brilhar. Elizabeth e Gregory trocaram um olhar de entendimento. O jovem sabia que a moça estava completamente desconfortável, fora de seu ambiente. Estendeu o braço e apertou a mão de Elizabeth, tentando passar alguma tranquilidade para a jovem. Eles foram levados pelo mordomo da casa até a sala de visitas, onde duas pessoas estavam esperando, sentadas ao sofá. Ao verem Gregory e Elizabeth entrar, o senhor e senhora Smith levantaram-se e cumprimentaram-nos.
— Você não sabe o quão ansiosos eu e o senhor Smith estávamos para recebê-la em nossa casa, Elizabeth. Gregory nunca teve uma pretendente séria até esse momento. Já estávamos ficando preocupados que nosso querido menino não nos daria a felicidade de vê-lo casado tão cedo- a senhora Smith era uma mulher de maneiras doces e sorrisos francos. Falava com uma tamanha intensidade, Elizabeth se sentia muito acolhida por ela.
Uma coisa não deixava a sua cabeça, no entanto. A senhora Smith parecia genuinamente sincera naquela fala. Então provavelmente não fazia a menor ideia de que seu filho tinha preferência pelos homens. Toda a confusão que Gregory havia comentado, passou somente entre ele e o pai, sem a mãe saber em momento algum o motivo da partida do filho para Paris. Ela olhou para Gregory, tentando pensar em alguma resposta para aquela observação, mas o jovem estava olhando diretamente para o pai. Os dois se encaravam, numa espécie de disputa silenciosa que somente a sra Smith não sabia.
— Bem, eu realmente não sei como Gregory ainda não foi laçado por alguma moça em Paris. Ele é realmente o jovem mais gentil e atencioso que conheci em toda minha vida - nisso ela estava sendo sincera. Sempre se sentia especial quando estava perto de Gregory, mesmo que não fosse no sentido romântico.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Exílio do Amor (Livro I da Série "Família Clark") [COMPLETO]
Historical FictionInglaterra, século XIX Elizabeth Clark não era nem um pouco parecida com outras damas da alta sociedade. Estava já em sua sexta temporada, o que automaticamente a fazia uma solteirona. Mas ao contrário da maioria das damas, ela não se incomodava nem...