Paris, França
Quando Elizabeth aceitou a oferta de ir trabalhar em Paris, não sabia exatamente no que estava se metendo. Nunca havia pisado o pé para fora da Inglaterra, então cada pequeno detalhe da cidade luz fazia a moça ficar ainda mais maravilhada. A modernidade da metrópole se demonstrava em cada rua, cada canto da cidade havia um pequeno café repleto de artistas de todos os tipos. Até o ar parisiense carregava uma certa poesia.
Inesperadamente, o idioma havia sido um pequeno obstáculo para a dama. Havia aprendido francês à perfeição com um dos seus muito tutores durante sua infância, mas o sotaque dos franceses era um pouco diferente do que esperava. Havia uma cadência muito específica que ela não conseguia acompanhar com a mesma rapidez que a fala deles. Estava tão acostumada a ouvir ingleses falando a língua, que por um segundo havia esquecido que cada pequeno lugar da França traria suas particularidades. Isso a deixava encantada!
Além disso, ela mal conseguia falar sobre a moda francesa. As damas inglesas adoravam se gabar de acompanhar os últimos lançamentos de Paris, mas descobriu que tudo chegava na Inglaterra com um certo atraso. No momento em que todas as moças tivessem um modelo de vestido, os modistas franceses já haviam inventado algo completamente diferente. Nunca conseguia-se alcançar. Elizabeth havia visitado um ateliê há alguns dias e a costureira a olhou de cima a baixo desprezando suas vestimentas de duas temporadas atrás, até ouvir a quantia que ela estava disposta a pagar por um modelito de baile novo.
Quando Elizabeth chegou à França, começou seu trabalho buscando os vários contatos que seu pai havia indicado para conseguir as melhores informações dentro do parlamento francês e dos últimos acontecimentos. Mas o que ela não esperava era que essas pessoas de grande influência a recebessem com um sorriso no rosto e dispostas a incluí-la em seu círculo social. Parecia que a influência do seu pai era realmente grande fora de seu país natal.
Por isso, a visita a costureira fora necessária. Não esperava frequentar bailes durante sua estadia na França, então deixou todos seus melhores vestidos na sua casa em Mayfair. Não se arrependeu nem um pouco, porque os modelos franceses eram belíssimos, com cores magníficas e decotes inventivos. Elizabeth sentia-se entrando verdadeiramente em um novo universo.
Além disso, a moça percebeu como aquele povo conseguia ser mais receptivo e simpático, comparado com os ingleses. A postura mais aberta e disposta a conversar facilitava e muito seu trabalho de conseguir algumas informações para alguma matéria em especial.
O trabalho no jornal, por enquanto, era tranquilo e prazeroso. O espaço dedicado no The Globe para os acontecimentos internacionais era considerável, mas não o suficiente para que a equipe alocada para a França fosse muito grande, com algumas pessoas que trabalhavam na parte da impressão e somente mais um jornalista, pronto para alguma situação de emergência, caso a correspondente oficial não estivesse em condições de ir ao trabalho. A convivência era pacífica, ninguém parecia se importar com o fato dela ser mulher, somente seu substituto, o qual tentava a todo custo deixar claro que sabia mais que Elizabeth. O que nunca acontecia...
Aquele tanto de trabalho deixava a cabeça de Elizabeth ocupada na maioria do tempo, mas sempre sobrava um momento para lembrar das pessoas que havia deixado na Inglaterra. Seu pai, seus irmãos, sua melhor amiga Natalia, a qual havia ficado um misto de alegria, pesar e irritação, quando Elizabeth havia lhe contado que estava partindo e não sabia exatamente quando voltaria.
E é claro que se lembrava de Duque. Ele orbitava constantemente em seus pensamentos. Aquele beijo na sacada, seus lábios famintos e seu olhar desolado. Sempre havia uma certa dor no peito, toda vez que a última imagem que tinha dele vinha à cabeça.
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Exílio do Amor (Livro I da Série "Família Clark") [COMPLETO]
Fiksi SejarahInglaterra, século XIX Elizabeth Clark não era nem um pouco parecida com outras damas da alta sociedade. Estava já em sua sexta temporada, o que automaticamente a fazia uma solteirona. Mas ao contrário da maioria das damas, ela não se incomodava nem...