Elizabeth Clark sentiu como se sua alma tivesse saído do seu corpo e ela não era aquela pessoa caminhando sorrateiramente em direção à biblioteca da mansão Clark para encontrar Duque. O que ela estava pensando quando disse para ele que a encontrasse lá em 15 minutos? Que tipo de ideia louca havia passado pela sua cabeça? Primeiramente ela havia negado o pedido dele. Dito que era sua festa de noivado e não poderia se ausentar nem por um segundo. Porém, quando ele insistiu, Elizabeth olhou em volta, não viu Gregory à vista e acabou cedendo.
Duque não sabia exatamente o que esperar quando se encaminhou para o andar de cima da mansão Clark. Sua mente estava tão fixa em simplesmente conseguir ficar a sós com Elizabeth, que não havia pensado quais seriam as palavras que contariam aquela notícia. Não tinha certeza alguma de que ela já sabia sobre Gregory. Precisava ser delicado. Começou a andar nervosamente de um lado para o outro. Sentia a energia passando pelo seu corpo inteiro, começando no seu dedo do pé e chegando até sua cabeça.
O que ele tinha a dizer de tão importante para ela que não poderia esperar sua festa de noivado terminar? A cabeça dela começava a tomar rumos perigosos, imaginando cenas em que Duque dizia o quanto a amava e que ela não deveria casar-se com Gregory, já que ele a poderia fazer feliz. Elizabeth tinha que admitir para si mesma que adoraria ver aquela cena, nutria aquela pequena esperança no fundo do seu coração, porém conhecendo o histórico dos dois, nunca era tão simples assim.
Droga! Não conseguia pensar em nada que fosse remotamente bom para dizer a Elizabeth. Parecia que sua mente havia simplesmente congelado. Parecia que qualquer coisa que dissesse seria idiota. Apoiou as duas mãos numa das estantes da biblioteca, deixou sua cabeça pender e soltou um suspiro profundo. Olhou para os milhares de volumes que estavam meticulosamente organizados nas estantes. Tantas palavras reunidas em um lugar só e ainda quando se tratava dela, parecia que nunca conseguia organizar seus pensamentos.
Era possível ouvir somente a música tocando no salão bem baixinho e som dos seus sapatos caminhando sobre o chão de madeira. A cada passo, uma batida do seu coração pulsando forte. Ela já conseguia ver a porta da biblioteca e sabia que Duque já a estava esperando no recinto. Um pensamento ainda passava pela sua cabeça. O que ela estava fazendo? Sentiu como se sua vida estivesse completamente fora de controle, como se não tivesse poder de comandar a si mesma quando o assunto era Duque. A prova era aquele momento.
Ele correu os dedos pelos fios soltos de seu cabelo. O que ele estava fazendo na festa de noivado de Elizabeth, tentando estragar o noivado da moça? Sabia que havia dito para si mesmo que iria reconquistá-la, mas e se ela estivesse feliz com Gregory? E se ele pudesse realmente amá-la? No entanto, agora era tarde demais para voltar atrás. Teria que dizer alguma coisa. Havia feito uma cena e insistido para ter um momento particular com Elizabeth. Como gostaria de estar no Royale! Aquele seria o momento para servir um copo generoso de conhaque.
Ela parou em frente à porta, encarou-a por um segundo. Como queria que naquele momento pudesse ver exatamente como aquela conversa iria se desenrolar. O que seria dito e ainda mais importante, o que não seria dito. Sentiu-se vulnerável. Ergueu a mão levemente trêmula e abriu a porta da biblioteca.
O moreno endireitou a postura quando viu a porta abrindo e Elizabeth entrando na biblioteca. Ela parecia curiosa e ao mesmo tempo assustada. Duque não poderia culpá-la por sentir-se assim. Quase nunca se sai boa coisas de uma frase como "Preciso falar com a senhorita urgentemente". Ela olhou em volta e quando focou nele, o cavalheiro perdeu ligeiramente o ar. Não sabia que seria tão difícil tê-la tão perto, sem poder tocá-la.
Um segundo constrangedor se seguiu antes que Elizabeth quebrasse o silêncio perguntando:
- Você queria falar comigo?
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Exílio do Amor (Livro I da Série "Família Clark") [COMPLETO]
Historical FictionInglaterra, século XIX Elizabeth Clark não era nem um pouco parecida com outras damas da alta sociedade. Estava já em sua sexta temporada, o que automaticamente a fazia uma solteirona. Mas ao contrário da maioria das damas, ela não se incomodava nem...