Elizabeth Clark sentiu um ligeiro frio na barriga enquanto descia as escadas no salão de baile. Conseguia ver que os convidados estavam chegando aos poucos, então o recinto ainda não estava cheio e as pessoas que haviam chegado estavam num canto distante, perdidas em conversas particulares. Todas menos uma pessoa em específico. Duque. Como Thomas havia comentado, ele e Ethan haviam confirmado presença ao baile e lá estavam os dois, impecáveis dos pés a cabeça.
Enquanto a moça descia as escadas, ela se perguntava como um homem conseguia ser tão perfeito. Aquelas madeixas castanhas caindo sobre os ombros de Duque, o terno perfeitamente alinhado e o olhar focado completamente nela. Como se nada nem ninguém no mundo existisse além de Elizabeth. Isso não ajudava nem um pouco a encarar seu baile de noivado. Que tipo de peça travessa o universo estava pregando nela?
Além disso, uma memória no fundo da mente dela continuava martelando na cabeça dela, a discussão que os dois tiveram no Royale. A mente dela tentava lembrá-la o tempo dos motivos dos dois estarem exatamente onde estão. Os desentendimentos, os desencontros durante esses dois anos, o fato de nunca estarem no lugar certo na hora certa. Sempre haver alguma coisa que entrava no caminho dos dois.
Afinal, Elizabeth voltou a Inglaterra para cuidar da sua irmã grávida, mas e quando o bebê nascesse, ela ainda tinha um trabalho a fazer em Paris se quisesse. Poderia voltar com Gregory no momento que desejasse. Mas era isso que ela realmente desejava? Seu coração batendo mais forte parecia dizer outra coisa. O que ela realmente almejava daqui para frente? Não saberia dizer. Só sabia dizer que Duque estava lindo de morrer naquela noite e ela não conseguia parar de encará-lo.
Chegou a base da escada e como mágica ele se aproximou dela. Como se soubesse exatamente o que fazer. Ele olhou diretamente para ela e exclamou em um tom de voz tão doce que fez as pernas de Elizabeth derreterem:
- Você está linda, Beth.
A dama suspirou profundamente. Somente de olhar para o cavalheiro, já estava se sentindo como o ar estava sendo sugado de seus pulmões, agora com esse comentário realmente ela não estava conseguindo pensar direito. A ligação entre seu cérebro e sua boca havia sido cortada e ela disse a primeira coisa mais boba que pensou. Só conseguia lembrar de June comentando ironicamente que:
- Eu definitivamente notaria caso você devorado por um cão de três cabeças.
No momento em que disse aquela frase, Elizabeth se arrependeu imediatamente. Duque inclinou a cabeça ligeiramente para o lado e deu um sorriso que denotava um certo estranhamento, mas também um carinho pelo que ela havia expressado. Ele parecia pensar com um certo cuidado nas próximas palavras que diria. Talvez a convidasse para dançar, a qual a resposta seria não, porque era regra de etiqueta que a primeira dança fosse com o noivo e não com uma paixão da noiva do passado. Mesmo que não fosse uma regra de etiqueta, era ainda razoável dar preferência ao noivo naquela situação.
No entanto, antes que essa cena se desenrolasse. Elizabeth viu pelo canto do olho, duas pessoas se aproximarem, uma de cada lado do Duque. Uma era Gregory, com um olhar inquisidor, analisando atentamente as expressões dela e do moreno, a dama não conseguia decifrar exatamente o que significava aquela expressão. Do outro lado, era uma pessoa que não via havia séculos, desde o momento em que saíra da Inglaterra às pressas e deixara um bilhete para despedir-se: sua amiga Natália. Ela parecia um borrão laranja, vindo em sua direção, completamente enfurecida, bradando em direção a Elizabeth:
- Então, é isso que eu recebo depois de anos de amizade? A senhorita chega na Inglaterra noiva, organiza um baile de noivado e eu fico sabendo por uma carta e um convite? Eu estou mais do que indignada, eu estou completamente perplexa.
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Exílio do Amor (Livro I da Série "Família Clark") [COMPLETO]
Historical FictionInglaterra, século XIX Elizabeth Clark não era nem um pouco parecida com outras damas da alta sociedade. Estava já em sua sexta temporada, o que automaticamente a fazia uma solteirona. Mas ao contrário da maioria das damas, ela não se incomodava nem...