Roubo

Capítulo XXXIV

"Primo Thorin!" exclamou Dain, parecendo nada menos que satisfeito com a interrupção. "Gandalf, Dwalin" acrescentou ele, com uma leve reverência ao mago e um aceno informal para o anão.

Bilbo olhou de Thorin para Gandalf e Dwalin, e ele viu algo mudando no olhar do último assim que seus olhos se encontraram: o hobbit ficou imaginando o que poderia ter causado tal reação. Ele e Dwalin nunca tinham sido muito próximos, e Bilbo sabia que o anão havia apoiado a decisão de Thorin de prendê-lo; mas isso era diferente - Dwalin parecia zangado com ele agora.

Bilbo não teve tempo de pensar sobre isso, porque Gandalf escorregou para o lado e deu um tapinha no ombro.

"Eu pensei que você já tinha ido para a cama, meu amigo", disse o bruxo. As palavras eram comuns, mas não seu tom - eu me importo com ele e vou protegê-lo foi a declaração por trás dessas palavras.

"Eu precisava de um pouco de ar fresco", respondeu Bilbo com um sorriso hesitante.

Ele ainda sentia o olhar de Dwalin cravando nele, como se o anão estivesse tentando perfurar seu crânio e ver o que poderia armazenar: mais uma vez Bilbo queria estar em seus aposentos, em sua cama e na companhia de Thorin. Mas o rei não estava olhando para ele e parecia bastante desconcertado com essa reunião.

"O que vocês estavam discutindo?" Thorin perguntou.

A pergunta foi brusca, a voz de Thorin aguda como o ar da noite; no entanto, Dain não pareceu se importar.

"Eu estava dizendo ao hobbit que eu preciso de duas coisas agora", respondeu Dain bem-humorado.

"Que coisas?", Perguntou Dwalin, e seu tom não era melhor que o de Thorin.

O que está acontecendo? Bilbo se perguntou, tremendo. Ele ergueu os olhos para Gandalf, esperando algum tipo de sinal ou explicação; mas a expressão do mago era ilegível.

"Bem, antes de voltar para as Colinas de Ferro, eu gostaria de ficar bem bêbado em seu casamento com alguma dwarrow", explicou Dain, sorrindo.

Dwalin desdenhou as palavras de Dain e, quando Bilbo olhou de novo para ele, de repente ficou impressionado com a idéia de que talvez Dwalin soubesse - e certamente Gandalf também sabia. Bilbo poderia ter sucumbido ao pânico com a enormidade da revelação que surgia em sua mente, mas o bruxo deu um leve aperto em seu ombro. Acalme-se, Gandalf pareceu sugerir.

"Segundo", continuou Dain, "Gostaria de saber a data do julgamento".

O tom de Dain havia mudado um pouco. Ele ainda era quieto e educado comparado a Thorin e Dwalin, mas havia uma sugestão de firmeza em sua voz - o tipo de insinuação que até mesmo um anão pegaria. Bilbo se perguntou se uma briga real poderia surgir entre os dois primos: todos os medos que Bilbo já havia expressado sobre a estabilidade do trono de Thorin voltaram para ele, deixando-o tremendo sob as roupas pesadas.

"O rei deve falar disso diante do prisioneiro?" Murmurou Dwalin.

"O prisioneiro não deveria ser o primeiro a saber?" perguntou Dain em resposta, encolhendo os ombros. "Do meu ponto de vista - meu ponto de vista como juiz no julgamento que está por vir - o Master Baggins tem todos os direitos para saber quando o julgamento ocorrerá. Ele está preso em Erebor há semanas e até nossas leis não encorajam essas longas prisões sem julgamentos regulares, exceto em tempos de guerra ..."

"Conhecemos bem nossas leis", interrompeu Thorin, com os ombros tensos.

"Então você deve saber que o Mestre Bolseiro deveria ter sido julgado semanas atrás", insistiu Dain.