Primeiro beijo

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Quem aquele idiota pensa que é? Will Solace não pode ir achando que eu vou suportar todo esse papinho de simpatia e vontade de ajudar!, Nico caminhava a passas duros para o chalé 13 depois de ver Will socorrer um filho de Deméter e conversar com ele. Era ciúmes, mas o filho de Hades jamais admitiria aquilo.

Os dois namoravam há um mês e Nico ainda sentia-se muito inseguro afinal o que um filho de Apolo poderia ver num filho de Hades quando se tinha tantas outras opções no acampamento? A mente de Nico trabalhava em mil possibilidades e nenhuma deles era boa.

Nico bateu a porta do chalé com tudo e se jogou na sua cama bufando de raiva, ele quase podia sentir seu poder querendo jorrar dele como uma cachoeira inesgotável. Will tinha que ser tão atencioso com todos?, ralhou o menor em sua própria mente e cobriu os olhos com os braços numa tentativa ínfima de se esconder ou sumir dali.

Naquele momento Nico se deu conta de que poderia sumir, simplesmente. Ele tinha a viagem nas sombras a seu favor, mas sabia que Will tinha o proibido de usar seus poderes até que ele fosse diagnosticado forte o bastante para fazer isso sem virar uma poça de escuridão, no entanto o garoto estava irritado demais para querer dar ouvidos as "ordens médicas" do namorado.

Nico ergueu-se da cama e foi até o canto do quarto procurando a primeira sombra que encontrasse, no momento em que sentiu-se na penumbra fechou os olhos e desejou ir par algum lugar, mas antes que pudesse sequer sentir a mudança de temperatura alguém o puxou das sombras.

– Mas... O que... Pai? – Nico disse incrédulo ao ver o pai parado ao seu lado.

Hades andou até a cama arrumada de Hazel e sentou-se encarando o filho.

– Por acaso eu estava observando você e o impedi de fazer essa tolice. – Explicou o deus. – Acho que seu namorado deixou claro que você não poderia usar seus poderes por um tempo, Nico. O que é? Tá querendo se matar? – Perguntou o deus fazendo uma carranca.

Nico engoliu em seco, mas não se deixou abater, ele trincou o maxilar e cerrou os punhos com raiva.

– O que acha que está fazendo pai? Essa viagem não ia me matar e Will é muito exagerado! – Justificou-se o filho.

Hades desenhou um pequeno sorriso nos lábios e encarou o filho como se ele fosse um bichinho de estimação fofinho que desejava atenção.

– Sabe Nico, eu não costumo me intrometer na vida dos meus filhos, não me evolvo nos problemas deles e nem tento ditar as regras. Na verdade isso tudo é contra as leis antigas, mas com você, meu filho, é diferente. Eu quero te ajudar e te proteger de tudo, mesmo sabendo que não posso. – O deus desviou o olhar para um canto qualquer do quarto e continuou. – Eu fiquei feliz quando você decidiu ficar no acampamento e quando conseguiu por pra fora tudo que sentia... Bem, eu só estou tentando dizer que eu gosto desse garoto, o Solace. Na verdade eu gosto do fato dele amar você e cuidar de você. Você foi tudo que me restou de Maria e eu só tenho você e Hazel... Converse com ele.

– Pai...

– Nunca haja com raiva, filho. Não se precipite e não tome decisões quando estiver triste ou com raiva. Lembre-se, é da nossa natureza sentir raiva, mas não deixe que ela o domine. – Concluiu o deus ficando de pé.

Nico deixou as palavras do pai assentarem em seu coração e antes que o deus desse as costas ele disse,

– Estou com ciúmes. – As palavras pareciam doer. – Inseguro também e com medo. Não quero perder Will, não quero vê-lo com outros caras, mesmo que seja o trabalho dele e... Obrigado por vir aqui e por me salvar – Os olhos de Nico estavam marejados e vermelhos.

Coletânea Nico di AngeloOnde histórias criam vida. Descubra agora