Nico não lembrava quando tinha começado a espiar Will Solace dormindo, o problema é que ele não conseguia parar. Viajou nas sombras mais uma vez até a enfermaria, ele sabia que era o turno de Will e se aproximou da cama mais isolada. A cama que os filhos de Apolo sempre usavam para dormir quando estavam de plantão. Era muito difícil velar o sono de Will quando ele estava em seu chalé, mas hoje, na enfermaria, seria tranquilo. Nico sempre ficava por uma hora e depois sumia.
Depois de um ano longe ele voltou e Will não falava mais com ele. Nico ficou por um mês após a guerra contra Gaia e quando sentiu que se apaixonaria facilmente por Will, ele fugiu. Foi embora por medo. Medo da rejeição, medo de amar outra vez, medo de ceder a tudo que vinha esmagando seu peito todos os dias sempre que encarava os olhos azuis celestes de Will Solace.
Ele ficou um ano no mundo inferior fazendo pequenas missões para Hades, treinando e estudando. Sempre que podia visitava os sonhos de Will, pedia informações a Quíron e Jason sempre o mantinha atualizado sobre o bem-estar do filho de Apolo.
Hazel tentou convencê-lo que era loucura fugir do amor, Frank conversou com Nico e entendeu o seu lado, sabia como era não se sentir suficiente, mas tentou fazê-lo mudar de ideia, porém sem sucesso.
Nico voltou quando Quíron o confidenciou que Will estava doente. Solace estava inexplicavelmente padecendo de alguma doença mística. Quíron desconfiava de envenenamento, mas quem faria algo assim?
O filho de Hades voltou imediatamente e pediu uma missão para ir em busca de uma cura, mas Quíron lhe pediu um tempo para consultar os deuses.
– Nico, talvez você não precise de uma missão. Talvez Will só precise de você. – Foi o que o centauro disse quando Nico chegou.
Nico amadureceu a ideia, ele tentou falar com Will diversas vezes, mas o filho de Apolo sempre se esquivava, corria e nunca respondia. Nico não sabia mais como se aproximar. Ele induziu o sono de Will para que o garoto relaxasse. Quíron tentou afastá-lo das atividades, mas Will parecia morrer mais rapidamente confinado quarto.
"Pai, não o deixe morrer, por favor. Seja o que for que os deuses decidirem, eu sofro as consequências no lugar dele. Seja o que for essa doença, mítica, humana ou maldição tire dele e ponha em mim. Se eu morrer estarei em casa, mas se ele morre eu não terei mais casa ou motivos para voltar ou existir."
Will dormia serenamente, seu corpo estava exatamente como Nico se lembrava, mas seu rosto perdeu o viso, os lábios perderam o sorriso, os olhos perderam o brilho, Will estava frio.
– Então você decidiu voltar para queimar a mortalha do seu grande amor?
Nico sentiu um calafrio ao ouvir a voz de Cupido outra vez. O garoto pensou que nunca mais veria aquele ser estranhamente bonito e miserável.
– Eu juro por todos os deuses que eu vou te matar, Cupido.
– Pobre Nico, você ainda não aprendeu que não se pode matar o amor? Mas amor pode matar, veja o menino Will. O filho de Apolo está definhando a cada dia e a culpa é toda sua por não assumir o que sente, por sempre se esconder e por nunca ter coragem de lutar pelo seu coração.
Nico ficou de pé enfurecido, ele exalava uma aura preta de puro poder. O clima esfriou alguns graus, o corpo de Will se encolheu na cama e Cupido riu.
– Vai matá-lo de hipotermia? Não precisa, ele já está morrendo de coração partido por mar alguém que nunca teve coragem de assumi-lo. Quando alguém que você ama vai embora parte de você também se vai. Quando você luta para matar o amor este luta de volta para sobreviver e nesse duelo o coração sempre acaba partido.
– Deixe-o em paz! – Nico pediu em lágrimas. – ME mate, por favor. – O filho de Hades ficou de joelhos.
Em meios as lágrimas todo o poder se foi, a temperatura voltou ao normal, os esqueletos se desmancharam e tudo que se podia ouvir era o choro inconsolável de Nico.
– Eu não posso matar você, filho de Hades. Esse não é o propósito.
– Você não pode deixar Will morrer ele é a minha pessoa favorita, é o amor da minha vida. Will era doce, sorridente, quente, brilhante, iluminado! Ele canta tão lindamente, sua voz é afável. Ele é a pessoa mais incrível que eu conheço. Eu o amo tanto que dói. Deixá-lo foi de longe a decisão mais difícil que tomei, eu voltaria ao Tártaro para vê-lo saudável outra vez, se fosse preciso. Então, por favor... – Nico ergueu a cabeça para encarar Cupido, mas deu de cara com Will Solace contendo as lágrimas e os soluços.
Seu corpo sofreu um choque só de encarar o filho de Apolo. Não existia mais nada, só o amor da sua vida finalmente olhando em seus olhos outra vez.
– Nico, é melhor a repreensão aberta do que o amor encoberto. Não fuja do amor, corra para o seus braços. – O deus disse e, antes de sumir na luz avermelhada que surgiu, Nico o segurou pelo braço.
– Você não vai embora sem curá-lo! – Disse sacando a sua espada de ferro estigiano.
Cupido riu e suspirou de forma tediosa, como se explicasse algo para uma criança birrenta e burra.
– Não preciso curá-lo, você já o fez. – E assim ele brilhou até desaparecer em tons de vermelho.
Will Solace estava de pé e, pela primeira vez, em semanas, parecia novamente com ele mesmo. Nico não desviou o olhar, diminuiu a distância entre os dois e ficou frente a frente com o amor da sua vida. Examinou o rosto do garoto minuciosamente e criou coragem para falar.
– Como você se sente?
– Como se você nunca tivesse partido.
– Will... Me perdoa? Eu fui um covarde com você e com os meus sentimentos.
– O que você sente por mim, Nico di Angelo? – Nico nunca tinha visto Will tão determinado e seguro.
– Eu amo você. Amo o jeito que você sorrir quando está comendo morango, amo o cheiro cítrico do seu perfume, amo todas as sardas que imitam constelações no seu rosto, amo seus cachinhos macios e dourados e ficam irritantemente brilhantes ao sol. – Ele segurou uma mão de Will e beijou. – Eu amo o jeito que você cuida de todo mundo, amo o fato de estar sempre com essas roupas coloridas e nunca cumprir o protocolo de fardamento hospitalar. William Solace, eu amo tudo e cada detalhe de você.
Will sorriu de verdade, desde a partida de Nico e isso fez o coração do outro sobressaltar. O filho de Apolo segurou Nico pela cintura e num impulso o sentou na maca e o beijou. Nico correspondeu de imediato e circulou a cintura de Will com suas pernas. As mãos de Will deslizavam pelas costas de Nico e pressionavam sua bunda fazendo-o se chocar com Will. Nico arranhava a nuca e as costas de Will o puxando para mais perto de si, tentando aprofundar o contato. Will afastou-se minimamente.
– Eu te perdoo, seu idiota. Nunca mais me deixe, Nico. Eu te amo e ainda te odeio tanto! Argh!! – Disse Will fazendo Nico sorrir.
O filho de Hades segurou o rosto do garoto e olhou em seus olhos com carinho, sentindo o coração bater louco em seu peito por ter Will de volta em seus braços. E agora saudável.
– Eu prometo que nunca mais ficaremos separados, nunca mais, Will. Que as parcas me permitam viver o resto da minha vida com você. Você quer namorar comigo, oficialmente?
Will nem sequer hesitou.
– Eu esperei um ano por esse momento, é claro que sim!
Nico fechou os olhos e estendeu a mão para o lado, o chão se abriu e uma mão esquelética surgiu lhe entregando um par de alianças de pedras tão brilhantes que Will nunca saberia dizer quais são elas.
– Agora é oficial. Eu te amo, Raio de sol.
– Eu também te amo, meu anjo. E para de invocar esqueletos, ainda preciso ver como você está depois de ficar todo esse tempo no fundo inferior.
Nico riu abertamente e logo beijou o namorado, estava com muita saudade de ouvir os resmungos e advertências do seu médico particular.
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Coletânea Nico di Angelo
Fiksi PenggemarUma série de acontecimentos aleatórios que envolvem Nico di Angelo. Dentro e fora do universo PJO/HDO CHEGAMOS AO TOP #1 TANTAS VEZES QUE PERDI A CONTA