Nico vagava pela floresta escura e nada vazia do acampamento meio-sangue, era o aniversário de morte da Bianca e ele não se sentia nada forte, mesmo de depois de três anos.A escuridão da floresta nem se comparava ao que estava emanando do garoto, Nico brilhava com uma névoa negra e densa a sua volta. E brilhava porque em meio a toda aquela bagunça e caos uma áurea prateada o seguia.
Aquele dia ficaria para sempre cravado no seu coração, foram precisos longos anos para amenizar a dor e saber lidar com ela, mas infelizmente ela nunca acabava. Nico já não sentia ódio do pai por deixar a sua irmã morrer, ou ódio de Percy por deixá-la se arriscar, mas sentia-se profundamente triste e magoado por não ter tido a chance de dizer adeus a única irmã. Bianca se foi e ponto final.
As conversas que eles tiveram ao longo da Batalha do Labirinto não significaram um adeus para Nico, Bianca apenas o aconselhou e cuidou dele como sempre fez, mas Nico não teve a chance de sequer dizer que amava a irmã.
O filho de Hades caminhou para o mais fundo da floresta, ele não temia a escuridão porque nas sombras é onde ele é mais forte. Também não temia os monstros, já tinha enfrentados muitos perigos. Só havia algo que o amedrontava: o medo de sucumbir aos seus próprios demônios e dores.
Nico encontrou um pequeno lago e sentou-se as margens dele, não havia nada ali, nenhuma luz sequer, mas ele se sentiu seguro. Algo o fez ficar. O garoto suspirou pesado e limpou as lágrimas que ainda caíam de seus olhos e encarou as águas escuras vendo um pequeno brilho prateado a sua volta, como pequenos vaga-lumes.
Ele pensou em Will e se sentiu mal por sair assim, no meio da noite, sem dar nenhuma explicação ao namorado que provavelmente estaria muito preocupado agora, mas não conseguia evitar essa dor se intensificava nesse dia e tudo que ele desejava era ficar sozinho e não precisar falar com ninguém.
– Você não deveria estar aqui sozinho a essa hora...
Se fosse há alguns anos atrás ele teria morrido de susto ao ouvir a voz do pai em meio a toda aquela escuridão, mas naquele momento ele apenas fechou os olhos e os apertou com força.
– Péssimo dia para visitas, pai. – Murmurou por sobre o ombro.
– Nico, eu sei que dia é hoje e sei o que você está sentindo. O ódio...
– Eu sei, ok? O ódio é mortal para nós. Não se preocupe – disse o mais novo irritado – eu não o odeio, nem a Percy, nem a Bianca... Eu só sinto muita dor e prefiro ficar sozinho nessa data.
O garoto deu as costas para a figura nevoada do homem e ficou em silêncio.
– Vocês não tiveram a chance de se despedir, eu sei. – Hades comentou atraindo a atenção ou a raiva do filho, ele ainda não tinha certeza. – Eu sei que sou o senhor da morte, eu controlo as almas e...
– E nunca me deixou falar livremente com ela. – Nico completou de punhos cerrados. Era raiva, Hades descobriu.
– Eu, dentre todos, devo respeitar as leis antigas, Nico. – O deus disse paciente e continuou. – E foi Bianca quem quis assim, ela achou que você sofreria menos, mas agora, vendo você assim, eu pensei que...
– O que? – Nico encarou os olhos profundos do pai e o deus sentiu seu coração pesar ao ver na face do filho o reflexo da dor, do medo, da solidão e da saudade.
– Que eu pudesse dar uma chance de vocês conversarem. Eu posso protegê-los por alguns minutos para que ninguém os ouça ou os veja. Você aceita?
Nico encarou o homem perplexo, algumas lágrimas solitárias ainda caíam em seu rosto o que tornavam o momento ainda mais doloroso e intenso. O próprio Hades parecia tocado pelos sentimentos do filho.
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Coletânea Nico di Angelo
FanfictionUma série de acontecimentos aleatórios que envolvem Nico di Angelo. Dentro e fora do universo PJO/HDO CHEGAMOS AO TOP #1 TANTAS VEZES QUE PERDI A CONTA