Reforma

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Nico havia desistido de encontrar o que queria naquela bagunça que estava o chalé de Hades. Desde que decidiu ficar o filho de Júpiter aceitou o desafio de redecorar o chalé 13 e agora havia um romano e vários zumbis trabalhando nessa tal reforma. O moreno suspirou derrotado e se jogou na pilha de travesseiros que estava em cima de uma poltrona de couro marrom.

– O que você tem? – Jason perguntou entrando no campo de visão de Nico e, por todos os deuses, o filho de Júpiter estava sem camisa, de bermuda, suado e com os óculos tortos.

Nico engoliu em seco e clareou a garganta desviando o olhar do amigo a sua frente.

– Está tudo uma enorme bagunça! Você sabe que tenho TOC com organização, isso tudo está me deixando frustrado. Ainda mais porque não consigo encontrar a estatueta de Hades, eu lembro que deixei n altar, mas agora nem o altar eu consigo localizar! – Bufou novamente, passando a mão pelo cabelo crescido e desregular. Jason se perdeu um pouco naquele movimento de Nico e o encarou bobamente por tempo demais. – Quê?

– An… Eu sei onde está, pequeno. Era só ter perguntado, senhor estressadinho. – Jason deu as costas e não viu a careta que Nico lhe lançou pelo apelido que o irritava.

Depois de alguns segundos encarando a parede negra e os móveis fora do lugar, Nico pisca com força obrigando seus olhos a focarem no loiro a sua frente.

– Você achou! – Nico saltou da poltrona e agarrou a estatueta com carinho, sorrindo para Jason. Aliás, Jason era uma das únicas pessoas que já o vira sorrindo.

Nico tem mudado bastante, mas é tudo bem lentamente. Quando Percy o viu sorrir pela primeira vez ficou em choque, e isso por ter sido com uma piada idiota do Valdez.

– Eu guardei, pequeno. Sei o quanto é importante para você. – Jason sabia.

Nico trocou olhares com o romano e sorriu minimamente abrindo os braços para ele. Jason nem sequer hesitou, ele deu um passo a frente e abraçou Nico fazendo seus corpos grudarem. Era tão gostoso ficar assim com ele. Jason já havia notado que estava sentindo-se diferente em relação ao filho de Hades, mas não queria tentar e ser rejeitado. Era tudo tão recente que ele sentia medo, de perder Nico e de o afastar da segurança do Acampamento.

Assim, abraçados, Nico sorriu contra o peito do maior sentindo o cheiro de ozônio sempre presente em Jason. Algo no loiro, talvez seu jeito altruísta, ou seu jeito herói, ou quem sabe seu lábio cortado que sempre o hipnotizava nas pioras horas, deixava Nico feliz e nervoso ao mesmo tempo. Os dois se afastaram constrangidos.

– Obrigado, Jay. – Nico usando um apelido era uma enorme evolução e Jason sabia disso. – Obrigado por tudo, na verdade. Você tem sido a melhor pessoa do mundo. – Ele não usou a palavra amigo para a felicidade total do romano.

– Não tem o que agradecer, pequeno. E vem, já está na hora de relaxar um pouco, os zumbis podem cuidar do resto. – Jason disse puxando Nico para fora do chalé. – Falta pouco, os móveis chegam amanhã e a reforma terminou, os zumbis vão limpar tudo e amanhã redecoramos.

O loiro explicava enquanto os dois se dirigiam ao chalé 1. Nico estava temporariamente hospedado com Jason, afinal seu chalé estava interditado. O filho de Hades não saberia dizer quando Jason se tornou tão próximo e tão confiável, mas Nico gostava. Jason era a prova de que Nico podia ter amigos, conversar, sorrir de novo e seguir em frente.

A guerra acabou há três meses e durante esses noventa dias Jason cumpriu o que disse, esteve sempre ao lado de Nico, em todas as atividades do acampamento, nas refeições, nas noites antes solitárias, nos momentos que Nico achou que nunca fosse viver.

Coletânea Nico di AngeloOnde histórias criam vida. Descubra agora