Já era tarde da noite quando escuto a voz de meu irmão aos gritos e só então percebi que minha mãe também gritava.
O que infernos está acontecendo ?
Levantei e corri para a cozinha e me deparei com uma das piores cenas da minha vida. Meu padrasto estava bêbado com uma faca em mãos segurando minha mãe pelo pescoço.
Meu irmão, desesperado, gritava ao tentar fazer com que o bêbado parasse com toda aquela loucura.
Policia. Eu preciso ligar para a policia.
Corri para meu quarto, peguei o celular que estava sob o criado mudo e tremendo, digitei o número da emergência.
Não sei como as palavras saíram de minha boca, mas tentei respirar assim que ouvi a moça do outro lado da linha.
*-Uma viatura está à caminho, mantenha a calma !*
E assim taquei o celular sob a cama e corri, sem nem ao menos me preocupar se ainda estava na ligação.
Meu irmão chorava em meio aos gritos e o desespero no rosto de minha mãe era nítido. Ao lado de meu irmão, tentei fazer o mesmo que ele, acalmar aquele bêbado que insistíamos em chamar de padrasto, falhando miseravelmente.
Meu desespero só passou quando sem dar vestígios nenhum de que já estavam ali, dois policiais entraram armados pela porta, fazendo com que o homem soltasse minha mãe, assustado.
Corri em direção a ela e a puxei para perto de onde eu e meu irmão estávamos. Nos abraçando os três e chorando.
Não era a primeira vez que aquele infeliz dava seu show, mas garanto que seria a última.
-Tirem ele daqui ! – minha mãe gritava desesperada- Eu não quero esse homem na minha casa nunca mais.
E ele realmente nunca mais iria voltar. Quietos, mas ainda em prantos, eu, minha mãe e meu irmão assistimos os dois policiais saírem com o bêbado algemado, sem nem ao menos ter condições de dizermos algo.
3 meses depois...
A vida nunca foi muito fácil pra mim, mas de alguns meses pra cá estava realmente pior ainda.
Minha mãe e eu conseguimos expulsar meu padrasto de casa depois de ameaçar denuncia-lo para a policia, mas suas últimas palavras não saiam da minha cabeça.
"Isso não acaba aqui."
Resolvo finalmente me levantar da cama e começar o meu dia, que estava longe de acabar. O sonho da vida universitária foi deixado para trás depois que nos vimos sozinhas e com meu irmão pequeno precisando constantemente de mantimentos.
Eu e minha mãe conseguimos nos virar com qualquer alimento que seja, mas ele não. Foi por ele que comecei a distribuir alguns currículos e, finalmente, fui chamada para trabalhar em um bar que abriu há poucas semanas, em um bairro vizinho.
Depois de fazer a minha higiene matinal, percebo que o único barulho que ouço são os que eu estou fazendo. Olho no relógio e ainda não são nem sete da manhã, então começo a estranhar a ausência de minha mãe e Thomas, mas logo me dou conta de que eles provavelmente saíram mais cedo para tomar café no abrigo do nosso bairro.
Abro uma das portas do armário e não encontro nada além de um pacote de arroz pela metade e algumas formigas em cima do pouco açúcar que ainda nos restava. Abro a geladeira e encontro só uma garrafa de água. Bom, esse seria meu café da manhã.
Já dentro do ônibus, pensava o quanto teria que fazer o possível e o impossível para permanecer nesse emprego, visto que toda a minha família dependia disso. Minha mãe foi demitida há cinco meses atrás, quando toda a confusão se iniciou, e desde então vivíamos com o mínimo sempre.
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Close Your Eyes.
RomanceLauren, uma jovem do subúrbio de Miami, se vê sem saída ao precisar de dinheiro e começa a trabalhar em um bar da região. O que ela não sabia é que o seu lugar de trabalho iria servir como ponte para algo maior, algo que a faria ganhar muito mais d...