Thirteen.

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Fiquei ali encarando a mão de Zabdiel por alguns segundos até tomar coragem e pegar sua mão. Assim que me levantei, pude ver que Christopher conversava com dois rapazes animadamente, na sacada.

Zabdiel me conduziu pelo apartamento até chegarmos em um cômodo distante do aglomerado de gente que ali havia. Ele olhou em volta e abriu a porta, entrando e me esperando passar, antes de fechar a porta.

Aquele cômodo era um dos quartos do apartamento. Provavelmente um quarto onde as visitas dormiam ou coisa do tipo. Não vi nenhum pertence de Richard por ali, então foi fácil deduzir.

Parei perto da porta, tentando ficar o mais longe possível de Zabdiel. O mesmo havia dado alguns passos, parando próximo a cama. Meu corpo se arrepiava só de lembrar de suas mãos me tocando.

—Pensei que não iria atras dele.

—E não fui. -Fixei meu olhar em seu rosto, ele não podia estar falando sério.

Ele riu abafado, fazendo com que eu ficasse mais nervosa do que já estava.

—É só isso ? -Perguntei.

Ele ficou mudo, sem dizer uma palavra. Aquela situação pra mim era complicada demais, eu queria sair dali o mais rápido possível e fingir que nada aquilo havia acontecido, mas ao mesmo tempo queria que o corpo dele estivesse colado ao meu.

Virei minhas costas e ao tocar a maçaneta, senti o corpo dele se aproximar do meu.

—É realmente isso que você quer ? -Ele perguntou e posso jurar que sua respiração estava grudada em meu pescoço.

—É isso o que você quer ? -Retruquei sem nem ao menos me virar para ele.

—Quem está indo embora é você...

Ele só podia estar brincando. Meu coração já estava acelerado demais, mas não podia deixar que ele brincasse desse jeito comigo. Se ele quer jogar, então vamos jogar.

—Sabe, Zabdiel... -Me virei para ele, que imediatamente deu um passo à frente.- Na noite passada você preferiu me levar embora...

A essa altura, a minha boca já estava bem perto da sua. Uma de minhas mãos subia lentamente pelo seu braço, fazendo com que ele seguisse o caminho com os olhos.

—Então eu acho que quem não sabe o que quer, é você.

Eu havia dito as palavras com toda calma do mundo, mas a expressão que tomou conta de seu rosto foi diferente.

Zabdiel estava de cara fechada e seu maxilar estava trancado.

Ele não dizia nada e nem ao menos se moveu ao ouvir o que eu havia dito. Sorri satisfeita e me virei para a porta novamente, girando a maçaneta e saindo dali.

Ao voltar para o canto da sala, Richard estava sentado em um dos pufs e Amber se aproximava com dois copos de bebida em mãos.

Olhei ao redor e encontrei Christopher preparando um copo para si. Ele provavelmente teria notado minha ausência e também a de Zabdiel.

Enquanto me aproximava, tentava pensar em alguma desculpa.

—Whisky e gelo, por favor ! -Disparei assim que me sentei no banco alto que ali havia.

Ele me olhou com uma expressão confusa, mas preparou o copo e em seguida me entregou. Sorri e dei um longo gole.

E minutos depois me arrependi. A bebida desceu feito fogo em minha garganta e acredito que a minha cara não foi uma das melhores, já que o mesmo riu olhando para mim.

—É a primeira vez que toma whisky ? -Ele perguntou ainda rindo e logo em seguida deu um gole da bebida.

—Estou acostumada com os baratos...-Respondi tentando contornar a situação.-São bem mais fracos que esse.

Ele riu abafado e pegou minha mão, nos direcionando para onde estávamos sentados à alguns minutos atrás.

Ele se sentou e fez menção para que eu me sentasse entre suas pernas e assim o fiz, jogando todo meu corpo para trás e sentindo seu corpo se encaixando ao meu.

Ficamos ali conversando por mais alguns minutos até que Zabdiel apareceu com uma loira e se sentou à nossa frente. Por mais que a moça fizesse de tudo, a atenção de Zabdiel não estava nela. Vez ou outra ele a olhava e sorria forçado.

Christopher e eu continuamos ali, conversando sobre algo completamente engraçado, já que eu não conseguia parar de rir.

—Vamos embora ? -Christopher perguntou, dando um último gole em sua bebida.- Já cansei de ficar aqui.

Assenti e já me levantei, o ajudando a levantar por conta da bebida e vendo que a moça agora estava se sentando sob o colo de Zabdiel.

Christopher se despediu de Richard e Zabdiel, que estavam por ali e nem fez questão de procurar pelo resto dos meninos, já que eles haviam sumido desde a metade da festa.

[...]

Já dentro do carro, Christopher tagarelava como de costume. Eu estava virada para ele e prestava atenção no que ele dizia e vez ou outra ria, já que ele mal conseguia falar.

Eu não estava prestando atenção no caminho e só olhei ao redor quando ele estacionou o carro, o que eu estranhei, já que aquele não era o estacionamento do seu prédio.

—O que estamos fazendo aqui ? -Perguntei meio sem jeito, vendo a fachada do bar onde eu trabalhava.

—Vim te trazer de volta...-Ele respondeu, já me entregando o dinheiro que acabara de tirar de sua carteira. -Enquanto você não me disser a verdade sobre o que aconteceu entre você e Zabdiel, é aqui que a noite termina.

Eu não sabia o que responder e muito menos tive alguma reação. Meu corpo havia congelado e todas as palavras que existem haviam sumido da minha mente.

—Eu já te disse que não aconteceu nada. -Respondi de cara fechada.

—Essa não é a verdade...-Ele disse tranquilo e me olhava.-Não precisa esconder nada de mim, Vicky.

—Não estou escondendo, Christopher...-Respondi, sem saber como agir.-Mas enfim, boa noite.

Abri a porta do carro e sai, guardando o dinheiro em um dos bolsos que havia na calça.

Fiquei ali observando o carro sumir pela rua, sem saber o que pensar. Isso realmente havia acontecido?

Assim que entrei, caminhei em direção ao quarto de Eve para pegar minhas coisas. Me troquei e coloquei a roupa que eu havia usado no cesto de roupas sujas e então sai, pegando o primeiro táxi que encontrei pela rua. 

Por sorte, o taxista era um senhor de idade e muito educado por sinal. Conversávamos sobre como a noite estava se passando rápido, quando o visor do meu celular se acendeu. Assim que o peguei, vi que havia uma mensagem de um número desconhecido.

"Depois de muito insistir, Amber me passou seu número. A gente ainda precisa conversar. -Zabdiel"

Olhei aquelas mensagens algumas vezes, na tentativa de entender o que estava acontecendo.

"O que tanto quer conversar ? Já 'conversamos' hoje."

Respondi. E assim percebi que o táxi já estava parado em frente à minha casa. Paguei o senhor e desejei boa noite, recebendo um sorriso e um "Boa noite linda menina". 

Entrei em casa no maior silêncio possível. Ao passar pelo quarto de minha mãe, pude ver que Thomas estava em sua cama e lembrei de quantas vezes troquei minha cama pela dela. Eu sentia falta dos dois.

Coloquei meu pijama e escovei meus dentes. Eu estava exausta e mal podia acreditar que amanha seria meu dia de folga.  Me joguei na cama, me atrapalhando com o cobertor, fazendo com que eu risse sozinha. Eu realmente não estava acostumada a beber.

Antes mesmo que eu pudesse fechar os olhos, o visor do meu celular se acende mais uma vez.

"Precisamos conversar, de verdade. Que tal um almoço? Passo na sua casa as 11h, pode ser ?"

Eu pensava em não responder, mas algo em mim gritava para que eu respondesse. E foi exatamente o que eu fiz.

"Combinado."

E assim fechei os olhos, pensando no que Zabdiel tanto quer dizer. 

Close Your Eyes.Where stories live. Discover now