Três dias se passaram e eu ainda estava no apartamento de Zabdiel. Ele insistiu para que eu ficasse o terceiro dia, mesmo eu não tendo mais roupa para vestir. Como eu não precisaria sair para trabalhar, fiquei o dia todo com um conjunto de moletom dele, que cabia praticamente duas de mim. De um jeito estranho, mesmo com ele distante sentia que estava perto de mim. Zabdiel estava trabalhando muito por esses dias, chegava depois das nove da noite praticamente todos os dias.
Tínhamos criado uma rotina involuntariamente. Ele chegava, eu estava na sala ou no quarto, lendo algum livro ou simplesmente passando meu tempo. Zabdiel vinha até mim, me dava um selinho, ia direto para o banho. Enquanto isso eu preparava algo para comermos ou pedia em algum restaurante. Quando ele saía, o cheiro de comida sempre exalava. Ele dizia que desse jeito iria ficar mal acostumado, mas ao meu ver era o mínimo que eu poderia fazer ficando em sua casa, mesmo sendo um pedido dele. Depois de jantarmos, assistíamos algum filme ou série e dormíamos sempre antes de terminar.
Minha mente vagava sempre que eu pensava no que tínhamos. Era para ser um contrato, sem intimidade nenhuma, mas o que está acontecendo na verdade é que desenvolvi um carinho enorme por ele, a intimidade cresce a cada dia. Não sei o que está acontecendo entre nós, mas sempre que penso em questiona-lo, uma luz vermelha apita dentro de mim me alertando de que talvez a resposta não vá ser como eu espero.
— Vou para casa hoje, tudo bem? — pergunto enquanto estou lavando a louça do café da manhã. Zabdiel estava fazendo a mala, viajaria por dois dias para San Diego, a banda participaria de um festival.
— Você sabe que não precisa ir.
— É, eu sei, mas preciso. O bairro não é muito bom, não duvido nada que quando eu chegar lá não encontrar metade dos móveis de casa. — falei rindo, mas ele não achou graça — O que?
— E você quer ficar sozinha lá?
Sequei as mãos depois de terminar de colocar as louças no lava louça e caminhei até seu lado, ajudando-o a pegar alguns tênis que ainda faltavam colocar na mala.
— É minha casa. O que tinha que acontecer, já aconteceu. Não se preocupe.
Zabdiel me olhou e eu pude ver que ele não concordava com isso, que se pudesse insistia ainda mais para que eu ficasse, mas ele apenas assentiu. Continuei o ajudando com a mala, terminando minutos depois.
— Vou para o aeroporto às três, te deixo em casa no caminho. — disse deixando um beijo no topo da minha cabeça.
São esses pequenos gestos que me deixam confusa, mas antes mesmo de começar a mergulhar nesses pensamentos, trato de expulsa-los da minha cabeça.
Ainda era uma hora da tarde, então nas duas horas que faltavam eu arrumei minhas coisas, já que eu não sabia quando voltaria ali. Aproveitei para arrumar o apartamento, já que tínhamos feito uma pequena bagunça. Zabdiel disse mais de cinco vezes que eu não precisava fazer isso. Depois que eu joguei um travesseiro nele, ele parou.
Estávamos no carro quando Zabdiel começou a contar o que faria em San Diego e quando voltaria.
— Volto na quinta... — disse sem tirar os olhos da avenida — Posso passar te pegar para terminarmos o filme de ontem?
Olhei para ele, que tentava segurar o sorriso. Eu e ele sabíamos que isso era um pretexto, mas me sinto bem demais perto dele para dizer que não quero.
— Se a gente não dormir antes disso... — provoquei.
— Você quem dorme sempre. — rebateu.
Dei um tapa de leve no seu braço e ele me olhou fingindo uma cara surpresa. Em resposta, apertou minha cintura, me fazendo cosquinhas.
Ao entrarmos na rua da minha casa, percebi uma movimentação estranha, porém conhecida.
YOU ARE READING
Close Your Eyes.
RomanceLauren, uma jovem do subúrbio de Miami, se vê sem saída ao precisar de dinheiro e começa a trabalhar em um bar da região. O que ela não sabia é que o seu lugar de trabalho iria servir como ponte para algo maior, algo que a faria ganhar muito mais d...