Fourteen.

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Acordei em um susto. Estava tendo pesadelo e só quando abri os olhos pude relaxar o corpo. A figura daquele homem fazendo mal para minha mãe me enojava. Levantei e fui direto para o banheiro lavar o rosto. A casa estava silenciosa porque minha mãe estava no trabalho e Thomas na escola. Joguei água no rosto e me olhei no espelho. Minhas olheiras estavam gigantes, mas pelo menos meu cabelo estava sedoso. De repente, lembrei da mensagem de Zabdiel.

Almoço as onze da manhã.

Que horas eram?

Abri a porta do banheiro e voltei para o quarto procurando meu celular. Desbloqueei o aparelho e uma mensagem de Zabdiel apareceu na tela.

"Bom dia. Estou quase aí."

Ele tinha enviado a mensagem quinze minutos atrás. Reparei no horário e já eram dez e meia. Comecei a correr pela casa igual uma doida. Não sabia onde ele iria me levar, mas esperava que não fosse nada chique porque eu não tinha roupa para isso.

Escolhi colocar uma calça jeans escura, uma blusa preta de alcinha e um blazer aberto. No pés, um salto fino e não tão alto. Fiquei aliviada por ter comprado algumas roupas novas com o dinheiro que havia ganho. Estava penteando o cabelo quando ouvi o som da notificação do meu celular.

"Cheguei. Posso entrar ou você já está pronta?"

Respondi tão rápido que nem percebi o que tinha respondido.

"Dois minutos. Já vou."

Os dois minutos acabaram se transformando em vinte. Passei maquiagem para ficar mais apresentável. Foi nesse momento que o frio na barriga apareceu. Comecei a pensar no que ele queria tanto conversar. Zabdiel pediu meu número para Amber, isso queria dizer que ele realmente queria me ver. Só esperava que não fosse aquele papo de porque eu era acompanhante. Por um segundo pensei em desistir, mas respirei fundo e terminei de me maquiar. Peguei uma bolsa pequena, coloquei meus documentos e o dinheiro que Christopher me pagou na noite passada e fechei a porta.

Logo ao descer as escadas, vi o carro preto de Zabdiel parado a frente. Percebi meus passos diminuírem para atrasar o que iria acontecer.

Onde eu estava com a cabeça quando aceitei?

Caminhei até ficar parada do lado do carro. Devo ter ficado tempo demais parada ali, porque a porta abriu e eu percebi que foi Zabdiel que a abriu. Me sentei no banco e fiquei olhando para frente.

— Desculpa a demora. — Falei depois de um tempo em silêncio— Esqueci de ligar o despertador.

— Não tem problema... — Respondeu ligando o carro — A propósito, você está linda.

Estremeci, mas continuei olhando para frente. Sabia que se olhasse para ele iria esquecer até do meu próprio nome. Zabdiel ligou o rádio e deixou na primeira estação. A música era agradável, mas eu não prestava atenção nela. Estava nervosa demais sobre o que ele queria conversar.

Ele estacionou em frente a um restaurante que eu não conhecia. Ficava distante da minha casa e do bar também. Entramos no local e um maître veio a nosso encontro. Zabdiel disse que tinha feito reserva e ele nos guiou até a mesa. Depois, nos entregou o cardápio. Passava o olho por ele e só reparava nos preços altos dos pratos, mas acho que eu merecia depois de trabalhar tanto. Escolhi um risoto de camarão. Zabdiel pediu uma pizza de quatro queijos. Assumo que achei engraçado porque pensei que ele era todo fresco, mas pelo visto não. Pedimos também água com gás para acompanhar.

Percebia o olhar de Zabdiel em mim, mas eu sempre dava um jeito de disfarçar. Olhava para o lado, para baixo, para trás, mas nunca para ele.

— Me olhar não paga nada, sabia? — Provocou e foi impossível não erguer o olhar até ele.

Close Your Eyes.Where stories live. Discover now