ZABDIEL
Sete dias se passaram desde o incidente em casa. Sete dias que Lauren não se preocupa mais com ela, somente comigo. Sete dias que a raiva dentro de mim só aumenta. Sete dias que fomos obrigados a mudar de apartamento, ter seguranças vinte e quatro horas na nossa porta. E sete dias que nossa privacidade e nossa vida se transformaram completamente.
Se quiséssemos comer, pedíamos a Clara ou ligávamos para algum delivery. Ir ao mercado? De jeito nenhum. Nós estávamos realmente presos dentro da nossa própria casa.
Ouvi Lauren chorar no banheiro todos os dias da semana. Ela não sabe disso, mas enquanto ela chora lá, eu fico do lado de fora, grudado na porta e sentindo meu peito se apertar mais e mais por saber o quanto ela está sofrendo.
Um médico veio me examinar há três dias atrás, por conta dos ferimentos em meu rosto e nas minhas mãos. Mas ele se preocupou mais com a nossa saúde mental, pois tínhamos perdido peso por conta do estresse, nossos rostos entregavam o que estávamos passando. Ele prescreveu um remédio para tomarmos antes de dormir. Não fomos comprar o remédio também, mas horas depois ele estava em nossa mesa.
O remédio realmente têm nos ajudado. Dormíamos três, quatro horas no máximo por noite. Agora já dormíamos mais que o dobro delas.
Tomávamos um comprimido inteiro, um para cada. Mas hoje resolvi tomar apenas meio. Para mim não adiantava dormir bem e acordar pior. Mas para Lauren está sendo bom.
Deitamos na cama e como todas as noites ela adormeceu com um dos braços em volta de mim, como se me prendesse ali para não ir a lugar algum. Mesmo depois de quatro anos os hábitos não mudaram.
Adormecemos no meio de um filme de comédia que ela tinha escolhido. Acho que não chegamos nem na metade dele. Acordei quatro horas depois, por volta das cinco da manhã.
Eu não iria sair na rua as cinco da manhã, não sou um louco qualquer. Mas eu estava sentindo falta até do trânsito que costumava me irritar.
Apenas me levantei com cuidado para não acorda-la e fui para a cozinha.Preparei um café forte para me acordar por completo. Enquanto isso, tomei uma ducha rápida no banheiro social, fazendo o mínimo de barulho possível. Nossas malas ainda estavam no corredor, então peguei uma calça de moletom escura, uma camiseta branca e o moletom preto que estava por cima de toda essa bagunça. Sequei o cabelo apenas com a toalha. Tomei café da manhã e reparei em um livro de Lauren em cima do balcão da cozinha.
O peguei apenas para folhear, mas acabei lendo quase a metade do livro. Só parei quando a personagem principal começou a me lembrar Lauren. No livro, a personagem sofria por causa de problemas familiares também. Liguei uma coisa a outra e a única coisa que consegui pensar depois disso foi em Steven e o quanto eu odiava aquele homem.
Eu jamais fui de entrar em brigas. Dos cinco, eu sou o mais pacífico. Sempre separava as brigas, dizia para deixarem para lá e só entrei em algumas quando tive que defender meus amigos. Mas agora a história era muito diferente. Lauren é minha namorada há quase quatro anos completos. Sua vida é a minha vida. Seu sofrimento é o meu também.
Deixei o livro no mesmo lugar que estava e me levantei. Desbloqueei o celular somente para ver o horário. A tela se iluminou, mostrando que já passavam das seis da manhã.
O sol estava começando a nascer. Sei que deveria ficar dentro do apartamento, não sair de jeito nenhum, ainda mais apenas uma semana depois, mas eu tenho vinte e cinco anos e acho que tenho esse controle da minha vida.
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Close Your Eyes.
RomanceLauren, uma jovem do subúrbio de Miami, se vê sem saída ao precisar de dinheiro e começa a trabalhar em um bar da região. O que ela não sabia é que o seu lugar de trabalho iria servir como ponte para algo maior, algo que a faria ganhar muito mais d...