Gays fantásticos e onde habitam

Capítulo 17

Chosen

01 de setembro

A sala tinha retornado ao silêncio e ninguém ousava quebra-lo. Até que não era tão ruim, se não fosse por Jack batendo os dedos na mesa sem parar por conta do nervosismo.

— Jack, para — ouvi Finn pedir segurando sua mão.

— Aí não da! Eu vou atrás do Noah, isso está me matando — ele falou se levantando rapidamente, mas Finn o segurou.

— Jack, depois você vai. Se você sair agora, sua detenção vai aumentar.

— Eu não ligo, Finn.

E então Jack se soltou do mais alto saindo da sala. Finn olhou para nós como se perguntasse o que fazer, e logo saiu da sala atrás de Jack bufando.

— Eu vou ao banheiro — Sadie falou se levantando. — Sophia?

As ruivas se levantaram e saíram da sala de mãos dadas fazendo Lilia revirar os olhos pois sabia exatamente o que elas iriam fazer.

Sobrando somente eu, Wyatt e Jaeden na sala, Lilia se levantou e cochichou algo no ouvido de Jaeden que se assustou. Ele virou para Wyatt falando que voltava logo e saiu da sala junto com Lilia que sorria de uma forma estranha.

Wyatt bufou alto e olhou para os lados, levando um susto quando me viu.

— Achei que a sala estivesse vazia — ele revirou os olhos.

— Não me surpreende que você tenha esquecido de mim tão rápido — falei mais para mim do que para ele, mas ele ouviu e deu uma risada sarcástica.

E o silêncio voltou a tona, com Wyatt a apenas algumas cadeiras de distância. Sozinhos em uma sala fechada e quieta. Em outras situações, isso não daria certo, mas acho que ambos já estávamos muito cansados de brigar. Exaustos.

Não sei como Wyatt se sentia naquele momento, mas tudo que eu conseguia pensar era no passado. Eu quase podia sentir lágrimas nos olhos ao lembrar dos segredos, da gritaria e do coração partido. Apesar de tudo, eu também conseguia lembrar dos momentos bons antes da tempestade chegar. Dos abraços, beijos e carícia e esses momentos eram muito mais dolorosos do que os momentos ruins, pois eu sei que se eu não tivesse estragado tudo, talvez aqueles momentos ainda existissem.

— Me desculpa! — falei sem pensar direito e Wyatt me olhou com as sobrancelhas arqueadas sem entender nada e acho que nem eu entendia direito o por quê de estar fazendo isso.

— O que? — ele perguntou um pouco baixo e com a voz falhada.

— Eu sinto muito, ok? Por tudo, não só pelo que aconteceu na festa, mas por tudo. Por ter sido uma péssima pessoa, a pior de todas.

— Chosen...

Antes que ele falasse qualquer coisa, eu neguei com a cabeça e continuei a falar, sem saber direito o que sairia de mim, eu só precisava falar e precisava que ele escutasse.

— Sinto muito por não ter te ajudado quando você precisava do seu namorado. Eu fui um completo babaca que só estava irritado por não receber a atenção que queria, eu era bem mais novo e imaturo. E sinto muito pela festa... Eu não sei o que deu em mim. Acho que toda a raiva e tristeza que guardei de você durante esses anos acabou explodindo lá. Eu não queria dizer aquelas coisas. Nenhuma delas. Você não é um garoto, mimado nem idiota, nem escroto nem egoísta. Por Deus, você não chega perto de nenhuma dessas coisas — eu senti as lágrimas que eu nem sabia que segurava caindo livremente, Wyatt soltou os braços que estavam cruzados e se aproximou de mim um pouco hesitante. Ele se sentou na cadeira ao meu lado e repousou na mão no meu braço. Quando finalmente criei coragem de olhar para ele, ele também chorava, então continuei. — Você é incrível, Wy. E ainda não posso acreditar que estraguei tudo falando aquelas merdas. Eu quero mudar, de verdade, mas sinto que só posso fazer isso se você me perdoar. Eu vou entender caso não queira me olhar nunca mais, as vezes eu também não quero, mas por favor me perdoa? Eu não... — respirei fundo, falar sobre aquilo ainda era difícil. — Eu não quero que você morra, Wyatt, nunca. Por favor não morra.