Wyatt
28 de agosto
Um dia eu estava fodendo um garoto muito alto em meu quarto.
Minha irmã tinha tirado umas férias da escola em que trabalhava por isso estava nos visitando. Achei que ela tinha saído de casa. Mas acho que ela voltou mais cedo do que eu esperava.
— Foi a pior imagem que já vi em minha vida! Foi aterrorizante, terrível, nojento, estou tão enjoada agora que poderia vomitar em cima desse pecador! — Judite falava para os meus pais que me olhavam com lágrimas nos olhos.
— Ninguém mandou entrar no quarto — falei seco.
Meus pais e ela me olhavam indignados, desapontados e enojados. Que se foda esse bando de homofóbicos, eles acham que sou um péssimo exemplo para família? Eles iriam ter um péssimo exemplo.
— Filho, talvez fosse melhor você passar um tempo com a sua irmã no internato... — escutei minha mãe falar sem nem conseguir olhar em meus olhos.
— Ele não faz mais parte da minha família depois do que eu presenciei. Para mim ele é só uma aberração — minha irmã completou e então os três saíram da sala me deixando sozinho no sofá com minhas lágrimas.
E foi assim que fui parar na droga daquele internato, há quatro anos atrás. Agora tenho dezenove. Queria poder sair desse inferno, fazer uma faculdade e me tornar alguém. Mas Judite me prende aqui, ela diz que eu ainda não estou hétero o suficiente para voltar para a família dela, no fundo, ela sabe que eu nunca vou ser.
Nos primeiros dois anos eu taquei o foda-se. Peguei todos os meninos desse colégio, fiquei bêbado para caralho em quase todos os fins de semana e nem se quer lembrava da minha família.
Quando completei dezoito percebi que não queria passar o resto da minha vida em um internato. Estava farto daquilo. Queria conseguir me formar, ter uma casa e um trabalho, me casar e quem sabe até ter filhos.
Comecei a me afastar de todas as pessoas que falavam comigo naquela época. Parei de ir para as festas que as freiras permitiam durante os finais de semana. Parei de beber. Voltei a focar em meus estudos e comecei a ser super grosso com qualquer pessoa que falasse comigo. Meus amigos, os professores e até meu namorado se afastaram de mim. Não os culpo. Eu estava em uma fase difícil.
Mas o mais difícil era chegar no café da manhã e perceber vários olhares de reprovação. Todos com o mesmo olhar que minha mãe estava quando descobriu que seu querido filho era gay.
Me sentia horrível e me culpava todos os dias por ter me afastado daquele jeito e deixado a minha vida tomar o rumo que tomou.
Quando vi Finn entrar em meu quarto me avisando que era meu novo colega, meu coração quase parou. Não sei explicar, mas senti que poderia confiar nele para sempre. E cá estamos, até hoje melhores amigos.
O único problema era Chosen. Finn era amigo de Chosen. Chosen... Era meu ex.
Um ano depois que entrei aqui, conheci Chosen. Ele era lindo, romântico e tudo que eu precisava naquele momento. Era uma diversão para esquecer os meus pais. Eu amava Chosen. Mas infelizmente, ele era somente uma diversão.
Quando meu mundo começou a cair, quando eu percebi que estava sozinho, fui até ele e me desculpei por ter tratado todos como merda. Desejei nunca ter feito aquilo.
Ele me xingou e falou que eu não estava sendo justo com ele. Que eu não deveria descontar minha raiva em todos só porque meus problemas estavam me deixando mal. Ele foi um namorado de merda quando eu mais precisava dele. Mas eu também fui. Eu sabia que ele estava magoado, sabia que ele nunca quis realmente dizer aquelas palavras, mas mesmo assim elas me quebraram. Naquele dia, eu vi o mesmo olhar. O olhar de reprovação, nojo, e desespero que eu vi no rosto de minha mãe.
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Gays fantásticos e onde habitam
أدب الهواةJaeden e Jack são mandados para um internato para cura gay, mas acabam conhecendo pessoas novas que não facilitam as coisas para eles saírem dali.