Capítulo 06

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Jack

28 de agosto

Eu tinha acabado de chegar na escola e CARALHO, era muito foda. Olhando de perto, eu tenho certeza de que era um refugio para os gays. Tipo: “Sua vida está ruim? Se junte ao refugio homossexual. Aqui você encontra uma área gigante para relaxar e gente gostosa que quer te comer. Garanta já a sua vaga”.

Comecei a rir com meus pensamentos e me lembrei de Jae, ele provavelmente iria falar que sou muito infantil se soubesse o que passa na minha mente.
Será que eu morri e fui para o vale? Aqui parecia o vale...

Entrei na escola me deparando com uma freira baixinha e simpática que me explicou onde tudo ficava e como tudo funcionava. Eu realmente gostei dela, mas as outras freiras que passavam me olhavam com uma cara estranha. Vai ver estavam incomodadas com o meu brilho.

Brincadeira, provavelmente era porque eu estava com uma calça jeans colada e rasgada no joelho, uma blusa preta que deixava minha cintura à mostra, várias pulseiras coloridas e um óculos de sol em formato de coração. Ué, o que foi, monas? Acharam que eu fosse parar de divar só por que estava em um lugar cheio de tias homofóbicas? Me poupe, aqui é brilho próprio, o resto é só pisca-pisca.

Mas a tal da irmã Bev parecia ser legal de verdade e o meu gaydar apitou MUITO. Não é por nada não, mas aquela lá ADORA uma buceta. Anotem minhas palavras.

Enfim, ela me levou até meu quarto e disse que o meu colega provavelmente já estaria lá dentro e que ele não gostava muito de falar.

Abri a porta do quarto e me deparei com a cena mais linda que já vi em toda minha vida. O menino de cachos negros e pele branca estava sentado em frente a janela, no chão, com as pernas abertas. A luz do sol batia nele e seus lábios rosados pareciam que gritavam “VEM, JACK, VEM”, seus olhos estavam fechados e ele parecia estar concentrado na melodia que saía da guitarra em seu colo. Suas mãos brincavam com as cordas da guitarra e aquilo me deixou louco. Eu queria que aquelas mãos estivessem em outro lugar.

A porta atrás de mim bateu com força me assustando e me tirando do meu transe. O garoto abriu os olhos e lentamente se virou na minha direção.

— Me d-desculpe, foi sem querer... Hum... E-eu sou seu novo colega de quarto... Adorei a guitarra.

Eu não sei por que disse aquilo, mas disse. Tinha certeza que nesse momento eu estava corando violentamente e senti minhas pernas tremerem quando seu olhar queimou no meu pescoço. Ele não me respondeu somente me olhou de cima a baixo e voltou a tocar sua guitarra, dessa vez ele pegou um pedaço de pizza que estava do seu lado e deu uma mordida.

Alguém me explica como eu consigo maliciar tudo que eu vejo? Eu não queria que aquela boca estivesse mordendo a pizza.

Quando finalmente percebi que eu ainda estava parado na frente da porta olhando para o garoto mais lindo que já vi na minha vida, balancei minha cabeça e deixei minha mala em cima da minha cama. Comecei a colocar minhas roupas na gaveta e senti que o garoto me observava.

Ele queria olhar? Bem, eu ia mostrar para ele o que olhar. Comecei a rebolar conforme a musica que ele tocava. Ás vezes eu abaixava empinando a minha bunda para “guardar algo na gaveta de baixo”.

Fui para o armário para guardar meus sapatos e percebi que a prateleira era muito alta, eu pulei, mas não consegui alcançar. Então a música parou e eu senti mãos geladas na minha cintura, o que me fez arrepiar.

Olhei para trás, me virando e senti sua respiração calma se juntando com a minha respiração acelerada. Consegui sentir o cheiro de morango que vinha de seu cabelo. Ele olhava meus olhos e somente uma vez vi seu olhar desviar para minha boca. Desviei o olhar para sua boca também, a diferença é que os olhos dele voltaram para os meus e os meus continuaram a olhar aqueles lábios e a imaginar qual o sabor deles.

Ele pegou o sapato em minha mão e o guardou no armário sem tirar os olhos de mim. Naquele momento percebi que ele era pelo menos dez centímetros mais alto do que eu.

— Obrigado — falei, desviando meu o olhar do seu. — A propósito, você toca muito bem.

Pude ver que ele sorriu de uma forma maliciosa para mim. Quando eu percebi o que eu tinha dito, coloquei a mão na boca e senti minhas bochechas pegarem fogo.

— Meu deus, eu não quis dizer isso, desculpa, eu...

Ele começou a rir quando percebeu o meu desespero e se afastou de mim. Aquela risada era perfeita. Eu poderia colocar de despertador e acordar escutando essa risada todos os dias.

Comecei a rir também, já que essa era a melhor forma de descontrair o climão que ficou depois do que acabou de acontecer. Resolvi me apresentar.

— Meu nome é Jack.

— O meu é...

O garoto de cachos ia falar o seu nome quando um outro garoto entrou no quarto gritando.

— Mano, você não vai acreditar no que a irmã Judite acabou de fazer!

O mais alto olhou para o amigo como se quisesse matar o garoto por ter intereompido aquele momento. Não posso negar, eu também queria.

— Eu não me importo com o que ela fez — ele se virou e voltou a se sentar no chão, comendo sua pizza.

O menino alto e forte que ainda estava no quarto fechou a porta e percebeu a minha presença.

— Uou, oi bebê — ele disse sorrindo, o que me fez sorrir também. — Meu nome é Chosen, e o seu?

Olhei para o de cachos que nos fitava com raiva enquanto comia a pizza, será que ele era bipolar? AH MEU DEUS, ELE ESTAVA COM CIÚMES! Mas nem fodendo que eu ia perder a chance de provocar ele.

— Oii, meu nome é Jack, mas pode me chamar de como você quiser, neném.

Ele sorriu ainda mais do que antes, revelando dentes perfeitos em um rosto perfeito que ficava em um corpo deliciosoooo.

— Então, eu estava indo tomar um café, você não quer ir comigo? — Chosen perguntou abrindo a porta.

Olhei novamente para o menino no chão, ele estava com os punhos fechados e eu conseguia ver as veias em seu braço.

Eu não sei por que eu gostava de ver o garoto com cheiro de morango daquele jeito. Eu gostei de irritar aquele menino que parecia ser tão calmo. Me senti mal por estar fazendo isso, ciúmes não é um bom sentimento, mas eu nem sabia se era ciúmes mesmo. E Jack Dylan Grazer nunca perderia a oportunidade de dar uns beijos em um menino gato.

— Claro que sim! Já que sou novo, você poderia me apresentar a escola né? — ele concordou com a cabeça. — Só vou me trocar e então vamos.

Peguei um shorts vermelho e um moletom branco com um arco íris no canto, me troquei e coloquei um all-star vermelho. Saí do banheiro e os dois garotos me olhavam.

Chosen parecia estar louco para me comer. O outro menino parecia me apreciar como uma obra de arte.

Chosen pegou minha mão e me levou para o lado de fora, antes que eu saísse do quarto perguntei:

— Você vai ficar aí, menino que eu ainda não sei o nome? — ele sorriu.

— Vou sim. E meu nome é Finn.

Eu sorri e sai do quarto fechando a porta. Ah, Finn...

Gays fantásticos e onde habitam Onde histórias criam vida. Descubra agora