Jack25 de agosto
— Jack? Eu preciso de você... — escutei Jaeden quase chorando assim que atendi a ligação.— Jae, o que aconteceu? Conversa comigo, eu estou aqui, calma.
— Meu pai... m-meu pai descobriu sobre mim. D-descobriu sobre a gente.
— Caralho! Tá bom, fique calmo. Quer que eu vá aí?
— Acho melhor n-não. Ele ficou muito puto, Jack. Eu estou com medo, ele está conversando com a minha mãe agora, mas eu não sei o que fazer.
— Tá bom, mantenha a calma. Vai ficar tudo bem, você conhece o seu pai e sabe que ele nunca faria mal a você. Tenta respirar, eu não vou sair do seu lado, não importa o que aconteça.
— Obrigado, Jack — consegui ouvir sua respiração voltando ao normal. — Droga! Acho que meu pai esta subindo. Eu te ligo depois.
— Ok, me conta tudo que acontecer. E Jae... eu te amo.
— Eu tam...
Ouvi a ligação ser encerrada antes mesmo de Jae poder terminar sua frase.
Porra. Aquilo era péssimo, era horrível. Eu tentei me manter calmo, mas se os pais de Jae contassem para os meus pais, minha vida estaria fodida, eu nunca mais poderia ver meu melhor amigo e nem mostrar que eu estou do lado dele para tudo que der e vier. Porra.
Eu não conseguia pensar direito. Os minutos iam passando e nada de Jaeden me ligar. Comecei a sentir meus olhos pesados e resolvi dormir um pouco enquanto esperava sua ligação.
Menos de cinco minutos se passaram e eu consegui pegar no sono. Normalmente eu sonhava com coisas estranhas e impossíveis de acontecer; por exemplo: bebes gigantes, cemitérios cheios de zumbis, vários policiais pelados dançando na minha frente, séries de TV, etc.
Mas dessa vez, era como se um flashback de todos os meus momentos com o Jae viessem na minha cabeça. Desde o primeiro dia que nos conhecemos na escola, até o dia que me assumi gay para ele e ele me apoiou, depois o dia que eu o ajudei a se descobrir pansexual, até o momento em que ele me ligou com lágrimas nos olhos dizendo que seu pai descobriu sobre ele gostar de garotos.
Os pais de Jae eram muito religiosos e homofóbicos. Aposto que ficaram decepcionados quando souberam. Mas o que Jaeden poderia fazer? Aquilo não era culpa dele, era quem ele era. Por um lado... Eu até me sentia culpado. Se não fosse por mim, ele nunca teria descoberto que era pansexual.
Estávamos jogando verdade ou desafio na festa de Lilia. Me desafiaram a rebolar no colo de Jae, estávamos apenas brincando, então eu fiz.
Quando chegamos na minha casa, Jae começou a chorar e admitiu que tinha ficado excitado na hora. O acalmei e disse que não precisava chorar. Ele me disse que já havia reparado em outras pessoas que não eram meninas de uma maneira diferente e não entendia o que estava acontecendo. O ajudei a se descobrir e alguns dias depois eu acabei o beijando.
Ambos gostamos do beijo. Queríamos fazer de novo, mas não queríamos nada a mais do que isso, éramos melhores amigos. Então resolvemos ter uma amizade colorida. Podíamos ficar com outras pessoas e caso algum começasse um relacionamento sério, a amizade colorida acabaria.
Fizemos esse acordo com apenas 14 anos. Agora já tínhamos 16. Fomos tão cuidadosos por dois anos. E agora tudo poderia acabar por conta da droga de pais homofóbicos. Caralho.
Acordei com o barulho do meu celular tocando. Olhei pela janela e percebi que estava chovendo. Me levantei pegando o celular e escutando a voz de Jaeden do outro lado. Parecia que ele chorava ainda mais.
— JACK, ELES PIRARAM DE VEZ, EU VOU TE PERDER PARA SEMPRE.
— O quê? O que aconteceu, Jaeden? O que seus pais falaram?
— E-eles... eles f-falaram que...
— Pelo amor de deus, Jaeden. Eu entendo a situação, mas se você não se acalmar e não parar de gaguejar eu nunca vou te entender. Toma um copo de água com açúcar, um remédio para acalmar, lava o rosto e volta aqui, se não, não vai dar.
— Está bem, seu insensível. Espera aí.
Esperei por três minutos até ouvir a voz de Jaeden de novo.
— Ok e aí? Como ele descobriu, para começar?
— Ele disse que me viu beijando um garoto na praça hoje de manhã. Era você obviamente, mas ele não conseguiu te reconhecer.
— Que tapado.
— JACK!
— Tá bom, desculpa. Continua.
— Assim que eu cheguei em casa ele me perguntou o que eu estava fazendo. Eu menti. Então ele ficou extremamente puto e começou a gritar comigo dizendo que sabia o que eu era. Ele disse que eu era uma vergonha. Disse coisas horríveis, Jack — consegui ouvir ele quase chorando de novo.
— Não precisa me falar se não quiser, Jae.
— Ele me mandou vir pro meu quarto enquanto ele tomava uma providência com a minha mãe. Foi quando te liguei. Bom... você lembra da Lilia, não lembra?
— O que a vaca da sua ex-namorada tem a ver com a história?
— Bom, você lembra que nós terminamos por que ela estava ficando com outra pessoa?
— Aham.
— Era uma garota. O pai dela descobriu e bem... mandou ela para um lugar não muito legal. Ele conversou com o meu pai sobre isso já que ambos são amigos ainda. Meu pai falou com a minha mãe sobre esse lugar. Eles concordaram que eu tenho que ir para lá também. Vai ser o lugar certo para eu me “curar”. Eu odeio tanto os meus pais! Se eles não aceitam um filho que gosta de meninos, tudo bem, que me expulsem de casa! Mas como eles não sabem que NÃO EXISTE CURA GAY?!
— Jae, cala boca. Quer que eles te escutem? — ouvi sua respiração acelerada pelo telefone — Mas... Que lugar tão horrível é esse, Jae?
— Um internato para pessoas gays, Jack.
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Gays fantásticos e onde habitam
Fiksi PenggemarJaeden e Jack são mandados para um internato para cura gay, mas acabam conhecendo pessoas novas que não facilitam as coisas para eles saírem dali.