Emily
04 de Outubro
Meus pés batiam incessantemente no chão. Meus dedos já estavam vermelhos de tanto que eu os apertava. Meus olhos cravados em algum lugar que eu nem sabia identificar, pois meus pensamentos me levavam para outro cenário.
A porta se abriu. Levantei rapidamente como se meu coração fosse sair pela boca. Lilia e um homem alto saíram pela porta, conversando algo baixinho.
O homem era jovem, apesar da barba e da musculatura. Seus olhos verdes e um cabelo castanho bem curto. Era agradável de se olhar, mas ao mesmo tempo passava uma postura séria e rígida.
— Irmã, será que eu poderia falar com você um minutinho? — o homem desviou o olhar de Lilia e se dirigiu à mulher que estava sentada ao meu lado alguns minutos atrás.
Ela concordou e se levantou.
— Eu posso ir junto? — perguntei em um ato de coragem. Os dois me olharam, depois olharam para Lilia, que estava apoiada na parede, alheia a situação. Então concordaram e eu os segui até a sala.
Já havia entrado ali antes. Nada mudara. Os certificados espalhados pela parede branca. Os mais diversos livros enfileirados nas prateleiras de madeira e o cheiro de lavanda. Era confortável.
Me sentei na cadeira ao lado da Irmã Bevanda e esperei o homem começar a falar.
— Ela está tendo muitas recaídas, eu tive que aumentar a dose. Creio que ela melhorará em breve, mas não tenho certeza. Já comentei isso, mas o caso dela é bem sensível.
— O caso dela é grotesco — protestei —, ela não tem noção nenhuma do que faz aos outros, já está fora de si!
— Emily, se acalme, por Deus! — a Irmã pediu.
— Você tem razão, ela está... fora de si. Por isso estou mudando a dose. Estou escrevendo uma carta para a Irmã Judite informando o caso completo, gostaria que você a entregasse, por favor.
— Claro, doutor.
— É importante ela ter alguém do seu lado, sua cabeça está muito confusa e ela precisa de apoio.
— Eu estou do lado dela. Estou do lado dela há meses! Ela me assusta as vezes.
O médico me ignorou e voltou a falar com a Irmã Bevanda.
Não demorou muito para levantarmos. Não prestei atenção no resto da conversa, não pude, meus pensamentos me levavam para a loira lá fora.
Quando saímos da sala e nos despedimos do homem, encontramos Lilia tomando água perto da porta de entrada.
Não ousamos falar uma palavra. Somente nos dirigimos até o metrô, de volta para o internato.
— Ele aumentou minha dose, mas certamente você já sabe disso — Lilia soltou após alguns minutos sentadas no banco azul.
Balancei a cabeça concordando e olhei para ela, seus olhos enchendo de lágrimas.
— Eu não aguento mais me sentir assim. Estou estragando a vida de todos ao meu redor e não quero mais fazer isso. Não quero mais afastar as pessoas, me sentir como um monstro.
Segurei sua mão e olhei fundo em seus olhos.
— Eu estou aqui.
Ela deitou em meu ombro e comecei um leve cafuné em seu cabelo. Irmã Bev nos encarava com um semblante de pena. Olhei para ela de volta, com os olhos implorando por ajuda, mas ela desviou e voltou a ler seu jornal.
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Gays fantásticos e onde habitam
FanfictionJaeden e Jack são mandados para um internato para cura gay, mas acabam conhecendo pessoas novas que não facilitam as coisas para eles saírem dali.