Capítulo 04

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Jaeden

28 de agosto


Meu pai colocava as malas no carro e eu me despedia de Jeremy, Caleb e Gaten.

Os três eram meus melhores amigos depois de Jack e com certeza nós sentiríamos muita falta deles, mas explicamos toda a situação e eles super entenderam.
Eles são incríveis.

Gaten e Caleb queriam negar, mas algumas lagrimas escorriam de seus rostos. Eles já haviam dito tchau para Jack, que foi embora faz umas duas horas. Eu não me despedi dele já que nos veríamos em breve.

— Já se despediu de todos, querido? E Jack? — minha mãe perguntou.

— Falei com ele ontem, mãe...

— Você não vai mesmo falar para ela que Jack também está indo? — Jeremy perguntou quase cochichando para que minha mãe não ouvisse.

— Nem fodendo. Se eu falar, ela vai se tocar de que eu fiquei com ele ou que alguma coisa tá rolando... Eu não quero me afastar dele para sempre.

— Mas e se seus pais falarem com o pai de Jack e descobrirem tudo? — Caleb perguntou.

— O pai de Jack me adora, mas odeia meus pais. Ninguém sabe o porquê, mas nossos pais nunca se deram bem... Acho que até teve uma época, mas faz muito tempo.

Todos concordaram com a cabeça e ouvimos meu pai falar que tínhamos só mais cinco minutos.

— Então é isso... — Gaten falou.

— Nunca mais vamos te ver... — Caleb completou.

— Foi bom te conhecer, amigo — e por fim, Jeremy.

— Credo, gente! Eu vou voltar! — todos riram debochando da minha cara. — Qual a graça?

— Jaeden, até parece que você não conhece o Jack... — Gaten começou de novo.

— Ele é o cara mais gay que já existiu na face da terra — e Caleb continuou.

— Jack vai demorar um bom tempo para sair de lá... E você não vai deixá-lo sozinho — Jeremy terminou a frase.

Se a aparência desses três não fosse tão diferente, eu poderia jurar que eles eram gêmeos. Estavam sempre juntos, sempre terminavam as frases um do outro e sabiam o que o outro estava sentindo antes mesmo do outro realmente sentir.

— Saibam que eu e Jack já temos um plano, ok? Vai dar tudo certo...

— Está na hora, filhão — ouvi meu pai gritar já de dentro do carro.

Fiquei meio inseguro com o que os meninos falaram, mas me despedi dos meus três melhores amigos que agora deixavam as lágrimas caírem livremente. Abracei minha mãe e deixei que ela me desse um beijo molhado na testa e entrei no carro.

Coloquei meu fone e fui escutando meus indies durante a viagem inteira. Foi bem tranquilo, graças à Deus meu pai não teve vontade de conversar e até que a paisagem era bonita.

Jack foi para o internato mais cedo, pois foi de ônibus, seu pai não tinha tempo para levá-lo por conta do trabalho. É claro que assim que o Jack chegou na escola o pai dele ligou lá para confirmar, afinal ninguém confia no Jack. Até agora não tive noticias dele, mas combinamos de nos encontrar no quarto dele assim que eu chegasse.

Finalmente meu pai parou o carro no grande estacionamento que tinha ao lado do internato. Eu vi as fotos na internet, mas olhando de perto, parecia totalmente diferente do que eu imaginei...

Não existia muro e nem cercas que pudessem  nos prender ali. Existiam três prédios gigantes que mais pareciam castelos. Consegui ver uma pequena igreja mais afastada. Todos os prédios eram cercados de uma grama bem verde e muitas árvores.

Vi algumas pessoas andando do lado de fora do colégio, mas não reconheci nenhuma. Olhei no relógio e eram três e trinta da tarde, eu tinha dito para Jack que chegaria às quatro horas, então ainda tinha um bom tempo para deixar minhas coisas no quarto e me despedir de meu pai.

Assim que entramos no prédio que parecia ser o dos meninos, uma freira baixinha veio falar com meu pai. Ele deu meu nome para ela e pegou todas as informações que eu precisava enquanto eu ainda olhava pelas janelas que tinham no primeiro andar do prédio.

Ouvi alguma parte do que a mulher falava, mas não prestei muita atenção.

— Tem três prédios, o dos garotos, que é este. O das garotas, que é idêntico ao dos meninos porem é onde as meninas ficam, e a escola. Os dormitórios são em dupla, um banheiro em cada quarto pois não somos a favor de todos dividirem o mesmo banheiro. Tem um refeitório no segundo andar e aqui no térreo é uma área para que eles possam descansar. Também tem uma biblioteca na escola e um laboratório. Pode ficar tranquilo, senhor Lieberher, seu filho esta em ótimas mãos. Ele vai voltar para casa como outro garoto.

Aquilo não parecia NADA com um internato. Eu poderia jurar que estava sonhando sobre o castelo da Cinderela ao em vez de estar em um internato. Não me contive e virei para freira:

— Por que vocês não tem portões e nem muros? Não tem medo de ser assaltada? E se algum dos alunos fugir?

— Existem guardas bem treinados de olho em tudo. Fique tranquilo, querido. Aqui nos confiamos em todos os alunos e fazemos o melhor para que eles se sintam confortáveis — ela sorriu.

Até parece que ela é assim tão amigável quando os pais não estão por perto. Falsa. E "fazemos o melhor para que eles se sintam confortáveis"?! Ela tá ligada que estão tentando fazer os alunos serem o que não são de verdade, né?

Meu pai se despediu de mim e eu consegui vê-lo entrando em seu carro. Eu peguei os papéis de aula e tudo que eu precisava saber como: regras, horários, etc. Obviamente eu iria ler tudo aquilo com bastante calma e concentração mais tarde e explicar pra Jack enquanto ele finge que escuta.

A freira que eu ainda não sabia o nome,  me ajudou a levar minhas coisas para o meu quarto enquanto me falava um pouco sobre tudo.

— O seu colega de quarto é um anjo, você vai adorar conversar com ele. Suas aulas começam na segunda feira, ou seja, você ainda tem quatro dias para se sentir a vontade. Alguns alunos são novos esse ano, como você. Outros, já estão aqui faz um tempo, mas tenho certeza que logo ficará amigo de todos.

Eu sou uma pessoa muito paciente, mas eu não estava nada feliz de estar ali e aquela mulher não parava de falar um segundo, eu queria poder gritar alguns palavrões para ela.

Finalmente chegamos ao meu quarto e então ela parou de falar me entregando uma pequena chave.

— Desculpa, o dia hoje esta muito agitado. Muitos garotos estão chegando. Eu sou a Irmã Bevanda, mas pode me chamar de irmã Bev. Esse é o seu quarto.

Jesus, por que toda freira tem nome feio ou de prostituta?

— Obrigado... Mais uma coisa, você poderia me dizer em que quarto está Jack Grazer? Ele chegou hoje também...

— Ah claro! Bom, você deu sorte. Está no mesmo corredor que ele. Se não me engano, o número de seu quarto é 24 — ela sorriu e eu retribui o sorriso. — Tenho que ir agora, qualquer coisa é só pedir para o seu colega de quarto, eu não tenho tempo para responder mais nada! Tchauzinho.

Ela saiu me deixando parado no corredor. Suspirei e entrei no quarto dando de cara com um menino muito bonito rindo muito alto enquanto falava com alguém no celular.

Eu coloquei minha mala do meu lado e fechei a porta fazendo com que o menino olhasse para mim.

— Eu tenho que ir, depois falo com você — ele disse desligando telefone e caminhando na minha direção.

Ele esticou a mão para me comprimentar e sorriu revelando um sorriso tão encantador quanto o resto do corpo, então eu peguei sua mão e ele se apresentou:

— Oi, meu nome é Noah. Acho que somos colegas de quarto esse ano!

Gays fantásticos e onde habitam Onde histórias criam vida. Descubra agora