Capítulo 27

1.7K 223 336
                                    

Millie

22 de setembro

Minha cabeça parecia que ia estourar, minha barriga dava voltas e mais voltas e eu sentia o olhar de medo e decepção de Lilia queimar sobre mim.

— Porra, Millie. Por favor, me diz que isso não é o que eu estou pensando.

— Lils... — minha voz vacilou — me ajuda, por favor.

Senti as lágrimas quentes caindo pelo meu rosto e Lilia recuar para mais perto da porta.

— Você não pode me deixar aqui, Lilia. Eu preciso de ajuda, preciso de alguém. Lilia, eu preciso de você.

— Ah, Mills... Como isso foi acontecer?

Olhei para o rosto pálido da loira e percebi que seus olhos também estavam molhados. Ela se abaixou e me ajudou a levantar, me levando até o quarto.

— Você tem certeza de que é isso? Não pode ser outra coisa? — perguntou enquanto sentavamos na cama.

Nessa hora meu coração acelerou e foi como se a realidade batesse na minha cara, meu choro só aumentou e com dificuldade tentei responder Lilia.

— Eu estou atrasada... Já faz uma semana, mas achei que não era nada demais. E agora? O que eu vou fazer? O que meus pais vão falar?

— Você não usou proteção, Mills?

Soltei um soluço alto e voltei a chorar, meu corpo inteiro tremia e eu sentia que poderia vomitar de novo a qualquer segundo. Aquilo não poderia estar acontecendo. Como fui tão desastrada assim? Burra. Burra. Burra.

Senti os braços de Lilia me envolverem e sua mão fazer carinho no meu cabelo. Me ajeitei em seu peito e apertei seu braço. Minha cabeça girava, eu me sentia tonta. Queria que tudo parasse por um segundo, somente um segundo ou dois. Lilia murmurou algo parecido com "vamos dar um jeito nisso" "vai ficar tudo bem", mas eu já não conseguia mais ouvir. Sua voz abafada pelos meus cabelos parecia estar tão distante quanto as chances de eu ter uma vida normal de novo. Senti que ia me desligando de tudo e no próximo minuto, eu já estava adormecida.

Acordei e me deparei com o céu escuro lá fora. O quarto estava vazio e eu estava deitada normalmente em minha cama como se tivesse acabado de ter um cochilo calmo.

Me levantei com cuidado. Minha cabeça latejava e meu corpo inteiro doía. A porta do banheiro abriu e Lilia saiu escovando os dentes e com um pijama de ursinhos.

Nos olhamos por alguns segundos até ela voltar para o banheiro, lavar a boca e entrar no quarto novamente se sentando ao meu lado.

— Tive uma idéia brilhante para descobrirmos se você está ou não está.

— Pode falar a palavra grávida, sabe? Não é um palavrão — falei me ajeitando na cama.

— Desculpe. Enfim, você quer ouvir ou não?

— Lilia, já não é óbvio que eu estou? Eu devo realmente ser a pessoa mais burra daqui.

— Não, não é óbvio. Foi sua primeira vez, muitas pessoas tentam por anos e não conseguem. Você não tem que necessariamente estar.

— Não quero falar mais disso. Quero piscar os olhos e descobrir que isso não passou de um pesadelo.

— Isso é a vida real, Mills. E eu estou aqui, como você pediu. Tive uma idéia, tem uma pessoa que pode nos ajudar. Mas veremos isso amanhã, agora você precisa descansar e eu também.

Resmunguei e ela se levantou indo até a própria cama.

— Hm... Millie? — ela perguntou de costas para mim.

Gays fantásticos e onde habitam Onde histórias criam vida. Descubra agora