Nojo, tiro e dor.

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- Heloísa, calma. Eu posso explicar. - ele disse se aproximando de mim.

- Não.. - eu disse entre os soluços do meu choro.

Virei-me e sai correndo dali. Esqueci que estávamos em um restaurante e o que eu estava fazendo antes de vir para cá, esqueci-me de tudo. Sai correndo do restaurante enquanto ouvi ambos gritarem meu nome, escondi-me em um beco atrás do lixo enorme que tinha lá. Limpei meu rosto, mas a lágrimas insistiam em cair. Como ele pode fazer isso comigo? O que ele queria de mim agora? São muitas lembranças pra poucas respostas de seu sumiço. Funguei, mas logo me calei quando ouvi passos.

- Nós sabemos que está aqui, queridinha. - engoli o choro e tateei alguma coisa para usar contra o dono da voz desconhecida. Achei um pedaço de madeira podre.

Sai de trás do lixão e golpeei a cabeça dele, quando eu fui ver quem era.. O barbudo do restaurante. Olhei ao redor e na entrada do beco vinha os outros três que estavam com eles. O choro voltou, eu estava cercada, estava entre eles e a parede. Fui me afastando a medida que eles se aproximavam.

- O que vocês querem de mim? Levem tudo, mas me deixem em paz. - eu pedia em voz baixa e chorando.

- Nós vamos explicar tudo assim que pudermos. - disse o cara dos olhos de cor diferentes.

Sentia falta de ar. Parei de andar assim que me encostei-me à parede, e eles continuaram se aproximando. As lágrimas já se tornaram algo involuntário em meu corpo. Gritei quando o careca me puxou pelo cabelo e começou a me guiar assim até a saída do beco, um dos irmãos via as ruas da saída do beco enquanto o outro arrastava o barbudo. O careca puxava o meu cabelo cada vez mais forte, o que me fazia gritar e arranhar seu braço a fim de fazê-lo me soltar. Quando saímos do beco percebi que a rua estava deserta, me empurram contra um carro e um deles me encoixo enquanto pegava minhas mãos que eu não deixava pegar com muita facilidade. Eu estava com nojo e raiva deles, eu precisava arranjar um jeito de sair dali.

- Para de birra, menina. - o cara disse atrás de mim, ele seguro no meu antebraço bem ando tem o músculo o que me fez reclamar de dor. Ele conseguiu pegar minhas mãos nesse momento de fraqueza e amarra-las. Viraram-me de frente.

- Muito bem, garotinha. Entra no carro. - abriram a porta do carro que eu estava encostada. Encarei o careca que estava na minha frente e cuspi na sua cara, o empurrei com o ombro e comecei a correr, mas fui barrada pelo irmão dos olhos diferentes com uma faca na mão. Reprimi as lágrimas em meus olhos quando ele deslizou a faca em meu pescoço.

- Vamos voltar, sim? - ele disse pegando em meu antebraço.

- Solta ela! - escutei a voz dele e fechei os olhos. Vai embora, vai embora, pensei comigo mesmo.

Mesmo com tudo que aconteceu, a última coisa que eu quero e vê-lo machucado.

- Ele disse para soltar ela. - escutei a voz de Douglas, abri meus olhos e vi-o a alguns metros de distancia de mim, o que me fez pensar que eu não queria que nenhum dos dois se machucasse.

- E quem vai nos obrigar a isso? - o irmão que estava me segurando disse.

- Você quer mesmo descobrir? - escutei a voz dele novamente e podia apostar o que eu quisesse que essa pergunta tinha terminando com aquele sorriso torto dele que só usava quando necessário. Não conseguia vê-lo para tirar a certeza, ele estava atrás de mim.

- Seria um prazer. - o careca disse enquanto o barbudo despertava. Dois contra quatro, isso não vai rolar.

- Não, não nada disso. - eu disse me soltando dos braços do irmão que me segurava, e pude olhar para ele que já estava com cara feia para mim. - Eu não vou permitir isso. - eu disse para ambos.

- Que pena que não preciso da sua permissão, princesa. - ele disse e piscou.

Eu sabia o que isso significava então apenas balancei a cabeça positivamente para ele, pulei e empurrei o irmão que estava na minha frente com um pé. Dois tiros foram disparados no mesmo e depois foi apenas uma confusão de tiros. Eu cai de costas quando pulei, lutei para me levantar com os braços amarrados, o barbudo já estava no bando do motorista gritando pros outros dois entrarem mas só o careca obedeceu pois o outro irmão foi abatido na perna e Douglas já tinha pego seus braços e imobilizado. Foi então que aconteceu em um disparo de arma o Douglas caiu para trás, segui a linha de tiro e vi o careca na janela com uma arma, ele riu vitoriosamente.

- Não! - gritei e me ajoelhei.

Logan me desamarrou e corri em direção ao Douglas, coloquei-o no meu colo. Segurei seu rosto e ele estava com os olhos abertos.

- Ei, ei. Fica comigo, Dougue. - eu disse enquanto percorri os olhos para ver onde tinha pego o tiro. Seu ombro estava sangrando. - Eu preciso estancar!? - mais perguntei do que afirmei.

- Sim, está sangrando muito. - Logan disse tirando o seu cinto e estancou. - Tira essa blusinha de cima. - eu o olhei, assustada. Ele queria que eu tirasse minha roupa? - Eu preciso fazer compreensão e eu não tenho nada leve no meu corpo, Heloísa. - ele disse em um tom autoritário e eu logo tirei meu agasalho leve. Ele colocou meu agasalho por cima e comprimiu. - Já liguei pra ambulância. - ele disse e logo a escutei.

- Percebi. - disse e olhei pro Dougue que só nos olhava. - Dói? - perguntei.

- Um pouco mas isso ajuda. - ele apontou para Logan com os olhos, acariciei seus cabelos.

Os paramédicos já saíram de prontidão. Afastei-me enquanto eles arrumavam Dougue na maca e logo colocaram na ambulância.

- Vai com ele. Eu levo seu carro pro hospital e vou ter que levar esse traste para a delegacia. - Logan disse tocando em meu ombro. Senti um leve formigamento no local. Apenas assenti e entrei na mesma, dei uma última olhada para os olhos azuis que ele tinha antes de fecharem as portas traseiras.

Os olhos azuis. (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora