Maju
Entramos no cômodo que Michael ficava e vi que era tudo muito simples, tudo bem, ele morava sozinho, não precisava de muito.
— Você mesmo cozinha ou vamos comer macarrão instantâneo? — Digo e ele me dá uma risada sarcástica.
— Olha senhorita Maria Julia. — Ele diz e eu reviro os olhos. — Vamos comer macarrão sim, mas não é instantâneo, relaxa. — Ele diz me fazendo rir e volta sua atenção para o fogão.
— Michael? — O chamo, ele me olha por um segundo para sinalizar que estava me ouvindo e depois voltou a atenção ao fogão — Não sente falta da sua antiga casa?
— Não, eu sinto saudades da minha mãe, se ela ainda estivesse viva eu jamais teria fugido de casa, mas não tem como viver com meu pai. — Ele diz.
— Posso saber o porquê? — Pergunto, ele coloca algo pra esquentar no forno e se senta ao meu lado.
— Maju, eu nunca tive uma condição boa igual a sua, não estou dizendo que sua vida foi um conto de fadas, mas você obviamente tinha amigos em Dallas, sei que seu pais por mais que tenham se separado te amam, e eu nunca tive isso sabe, não dá parte do meu pai... — Ele para de falar assim que me olha e vê que estou a um ponto de chorar. — Oque houve?
— Michael, minha vida não foi boa como você pensa. — Ele me olha atentamente. — Eu nunca tive amigos em Dallas, se tinha era por conta do dinheiro, mas eles sempre me colocavam pra baixo, falavam que eu tinha dinheiro e podia ficar bonita porque eu não era, e em questão aos meus pais, desde que meu pai foi embora ele não ligou uma só vez, minha vida não é perfeita Michael, não mesmo. — Digo ja chorando e ele me abraça de lado.
— Eu te entendo Maju — Ele diz e eu olho pra ele confusa. — Meu pai sempre me colocou pra baixo por conta da minha aparência, por conta do meu rosto, nariz, e minha ex terminou comigo quando descobriu que eu tenho... é...
— Vitiligo. — Digo calma e ele me olha assustado.
— Como sabia? — ele pergunta surpreso e dou risada.
— Eu vi quando a gente estava na loja, a manga da sua blusa levantou e eu vi as manchas e acho infantilidade da sua ex terminar com você por isso. — Eu digo e ele dá um sorriso de canto.
— Segundo ela não queria namorar alguém doente. — Ele diz e eu o olho preocupada, ele estava aparentemente triste.
— Michael você não é doente, você é um menino lindo e que tem um sorriso lindo também, eu ia guardar isso pra mim, mas acho que você já sabe porque deve ouvir isso o tempo todo. — Eu digo fazendo ele rir.
— Vamos para com esse assunto ruim e comer que já deve estar tudo pronto. — Ele diz se levantando e pegando o macarrão.
— Eu nunca comi macarrão ao forno. —Digo enquanto arrumo a mesa.
— Bom, hoje você vai comer e tenho certeza que vai adorar e se não gostar finge. — Ele diz rindo e eu faço o mesmo e sentamos pra comer.
— Nossa, isso aqui tá muito bom mesmo! — Digo ele me olha desconfiado.
— Tá falando sério ou está fingindo? — Ele pergunta e começamos a rir.
— Estou falando sério. — Acabo de comer e começo a olhar pelo quarto, e vejo um piano — Você toca?
— Ah sim... toco e canto. — Ele diz e eu o olho surpresa.
— Que Demais. — Digo e ele sorri tímido, Michael era uma pessoa tão incrível.
— Meus amigos me chamaram pra ir no Shopping, e pediram pra te chamar, você quer ir? — Ele pergunta.
— Ah hoje não, tenho que arrumar algumas coisas do meu quarto ainda, mas na próxima eu vou ok? — Eu digo e ele revira os olhos mais concorda. — Preciso ir agora. — Eu digo e ele se levanta para nos despedimos e nos abraçamos, e que abraço, Jesus amado. Me retiro dali e vou indo pra casa, vejo meu avô cuidando de Alladin e decido montar um pouco nele, se não ele ia pensar que esqueci dele, não queremos ver um cavalo triste não é.
Michael
— Até que enfim chegou Cinderela - Sérgio diz e todos olham pra ele confusos de novo. — Ó não vem não que quem volta a meia noite é a Cinderela.
— Esquece ele gente. — Sara diz, e entramos no Shopping indo comer.
— Arg, acho que o Shopping tinha que ter um aviso de "Não se entra qualquer coisa" — Viramos e vemos Carmem acompanhada de Heric e um grupinho metido da escola.
— Não tem mais oque fazer Carmem? Você nao vive em filme adolescente pra ficar enchendo o saco das pessoas — Sara diz olhando pra ela com cara de tédio.
— É que vocês são sem graça, é legal encher vocês, principalmente meu querido ex namorado. — Ela diz sorrindo cínica pra mim. — Tá cuidando bem da sua doença? Ah digo Vitiligo.
— Mas espera Carmem. — Heric diz a olhando – Isso é doença — Diz com voz de nojo, fazendo todos rirem.
— Da o fora daqui, antes que a gente pegue vocês de uma forma não educada. — Pedro diz indo pra cima deles junto com Pamela.
— Aí meu Deus, o gueto ficou bravo — Carmem diz debochada. — Vamos embora.
— Michael, você tá bem? — Sérgio pergunta.
— Eu vou embora. — Digo saindo do shopping, eles tentam me impedir, mas estava andando muito rápido, e não conseguiram me alcançar, eu estava chorando muito.
— Michael!! — Escuto alguém me chamando, vejo Maju vindo em minha direção. — Oque foi? — Eu não digo nada e só a abraço, ela retribui o mais forte possível, como se quisesse pegar toda a minha dor e tirar de mim.
— Obrigado. — Digo e ela me olha confusa.
— Pelo oque? — Ela pergunta e eu sorrio
— Deixa pra lá. — Digo e lhe dou um beijo na bochecha. Entro em casa e fico olhando para o nada, quando decido tocar e cantar uma música que eu fiz quando eu e Carmem terminamos, sofri muito naquele tempo, e não desejo pra ninguém.
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Smile
RandomCONCLUÍDA!! SINOPSE Após a separação de seus pais Maria Júlia - mais conhecida como Maju - Deixou de acreditar no amor, viveu em um ambiente de amizades falsas e interesseiras, quando saiu de Dallas para morar em Gary na casa de seu avô não achou qu...